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Especial | O maravilhoso projeto que é o 52 Films by Women

Texto Luana Mattos
O Women in Film (organização que defende e promove as carreiras das mulheres que trabalham nas indústrias de TV/CINEMA) criou o desafio #52FilmsByWomen projeto que foca em dar visibilidades para filmes dirigidos por mulheres ou mulheres que participam e cooperam para arte na TV e no Cinema. O desafio é: ver 52 filmes, um por semana durante um ano, filmes com direções femininas.
Estima-se, segundo o site, que as mulheres só eram 7% da direção dos filmes mais vistos de 2016, em 2017 essa estimativa dobrou para 11%, e em 2018 esperasse que este numero dobre novamente, mas ainda assim, são números pequenos. Sabemos o quanto mulheres ainda são minorias em Hollywood, e não por falta de talentos, mas visibilidade e oportunidades. Quantos filmes com direções femininas você já viu este ano? ou ao longo de toda sua vida? dez? cinco? menos que isso? eu também conhecia pouco sobre, alguns eu já tinha visto, embora não fazia ideia que eram filmes dirigidos por mulheres. Então resolvi entra no desafio e ver um por semana, descobri tanta coisa maravilhosa, vai aqui algumas curiosidades sobre mulheres por trás das telas.
Agnès Varda, uma das vozes mais importante do cinema francês e a única mulher a fazer parte do famoso movimento de cinema nouvelle vague. Agnès Varda iniciou a carreira primeiro como fotógrafa, nascida na belga mas radicada na França,  consolidando seu trabalho em 1955 com o longa La Pointe Courte que se diz um dos precursor do movimento Nouvelle. O longa é dividido em duas partes, e relata, primeiramente, os habitantes de um pequeno povoado. Em sequência, apresenta-se um casal em crise, em torno do protagonista que retorna ao local onde nasceu e passou sua infância. Eis algo sobre Varda que provavelmente é uma de suas características mais presente é o fato de misturar documentário com ficção, ela é muito documentarista e trás muito disso para seus filmes ficcionais.
Em “Cleo das 5 ás 7“(Cleo from 5 to 7) um dos seus mais magníficos filmes e meu favorito até aqui, conta a trajetória de uma jovem a caminho de um hospital, onde saberá o resultado de seus exames (ela pode ter câncer) só e temerosa ela perambula pelas ruas da cidade, cada vez mais angustiada, até que em um parque ela conhece o jovem Antoine e junto dele, encontra o conforto que lhe faltava. Diferente de La Pointe Courte onde seus personagens carregavam um egoísmos, em Cleo é marcado por fragilidade e sensibilidade.
Agnès Varda tem hoje 89 anos, e tem uma carreira linda e consolidada e muitos mais filmes memoráveis dos que eu citei, a cineasta tem prêmios como o César (um honorário que recebeu em 2001), O Urso de Prata que ganhou pelo filme As Duas Faces da Felicidade em 1965, o Leão de Ouro principal galardão do Festival de Cinema de Veneza, ela ganhou pelo longa Os Renegados em 1985. E em 2017 Agnès recebeu um Oscar honorário por todo seu trabalho pela sétima arte, se tornando assim a primeira mulher a conquista tal feito e agora este ano 2018 no auge dos seus 89 anos se torna a pessoa mais velha a receber uma nomeação ao Oscar e sua primeira ao longo de toda sua carreira, ela foi indicada pelo seu aclamado documentário Visages,Villages.
Agnès Varda sem duvidas é lendária.

“É esse o meu projeto: filmar minha mão, com minha outra mão. Entrar no horror. Acho isso extraordinário. Tenho a impressão que sou um animal. Pior: sou um animal que eu não conheço!” Os Catadores e Eu (2000)

Kathryn Ann Bigelow, é provável que este nome seja familiar à você; Kathryn Bigelow nascida em San Carlos, Califórnia foi a primeira mulher a ser premiada com um Oscar de melhor direção por The Hurt Locker (Guerra ao Terror) filme de 2008, o longa de gênero drama conta a história de um grupo de soldados americanos no Iraque, lá o sargento William James, sargento J.T. Sanborn e o especialista Owen Eldridge são membros do esquadrão antibombas do exército norte-americano em Bagdá. Quando o fim de sua missão se aproxima, o número de situações perigosas aumenta, fazendo com que qualquer um deles perca sua vida em um piscar de olhos.
Além do premio de melhor direção o longa levou o de melhor filme, melhor roteiro original, melhor montagem, melhor mixagem de som e melhor edição de som. Kathryn Bigelow concorria em categorias disputadas, juntos de James Cameron e Quentin Tarantino.
The Hurt Locker é uma obra incrível, assim como outros filmes de Bigelow que seguem essa mesma temática, ela diz que se sente atraída por “personagens provocantes” em Zero Dark Thirty (2013) outro de seus filmes mais aclamados, ganhador do Globo de Ouro de melhor filme, baseada em fatos reais, Zero Dark Thirty conta a caçada do homem mais procurado do mundo, Osama Bin Laden, O filme segue Maya, uma agente da CIA que atua no interrogatório de prisioneiros ligados à Al Qaeda, incluindo nomeações ao Oscar por melhor filme, melhor atriz (para Jessica Chastain), melhor roteiro original e melhor montagem. Kathryn se tornou uma grande inspiração para as cineasta em debut, suas obras valem muito apena serem apreciadas.

 
Ava DuVernay nascida em Long Beach, Califórnia se graduou em estudos afros-americanos e em inglês, se interessou por jornalismo mas ficou desiludida com a profissão e montou sua própria produtora, tornou-se uma produtora de sucesso, foi ainda no final da faculdade que descobriu o cinema independente e começou a promover alguns, mas nesse meio, teve uma epifania e viu que queria criar sua própria história, seus próprios filmes, seu primeiro longa foi I Will Follow,  um drama, depois veio o bem sucedido Middle Of Newere , ganhador de melhor direção no Festival Sundance em 2012, se tornando assim a primeira mulher afro-americana a conquista o prêmio.
Em 2015 ela começou a despertar olhares dos críticos com o seu aclamadíssimo Selma, o drama baseados em fatos reais trás a trajetória de Martin Luther King Jr, na luta para garantir os direitos de votos de todos os afrodescendentes, e nos protestos que culminou na marcha de Selma à Montgomery, Alabama, Selma é um filme fascinante. O longa recebeu duas indicações ao Oscar, melhor filme e melhor canção (o qual foi o vencedor), ela não foi indicada a melhor direção, o que vejo como um erro da academia. Em uma entrevista quando foi perguntada sobre o que sentiria caso fosse indicada a melhor diretor, pois ela seria a primeira mulher negra na história a receber a nomeação, Ava disse “Isso não é importante para mim“, e completa “Mas sei que é importante para outras pessoas“. DuVernay não recebeu sua indicação, mas isso não tira o brilho de sua obra, além de Selma, Ava DuVernay dirigiu um documentário incrível para a companhia de streaming Netflix, A 13a Emenda, o documentário mostra as consequências da escravidão nos EUA, e de como o sistema penitenciário perpetua essa escravidão.
“Todo cineasta faz um filme com o próprio ponto de vista”

Greta Gerwig , de Sacramento, Califórnia. Começou a carreira sendo conhecida pelo público como atriz, uma extraordinária atriz, diga-se de passagem, filha de Christine Sauer, uma enfermeira e Gordon Gerwig, um consultor financeiro e programador. De origem alemã, irlandesa e inglesa foi criada em uma família liberal, mas frequentou uma escola católica, ela se descreveu como uma criança intensa e sempre interessada em artes, sempre amou a dança e tem um diploma em musica, teatro e dança que fez em uma universidade de Nova York.
É formada em Filosofia e Inglês pela universidade de Columbia, seu sonho era ser dramaturga, mas durante a faculdade conseguiu um papel pequeno no filme indie “LOL”  de Joe Swanberg foi aqui que ela se apaixonou pela atuação, Gerwig então começou uma parceria com um movimento artístico cinematográfico Nova-iorquino chamado “mumblecore“, algo bem parecido com o Nouvelle Vague, foi nesse meio que ela começou a escrever roteiros, fez uma parceria com Joe Swanberg, no longa Hanna Takes the Stairs  de 2007 , além de ter atuado, também foi a co-roteirista. Em 2008 ela estrelou vários filmes mumblecores, nos quais ela também escrevia, até recebeu um titulo por isso, começou a ser chamada de “musa do mumblecore” embora a mesma não goste tanto de ser chamada assim.
Em 2010 interpretou um de seus papeis mais elogiados o de Florence, no filme de Noah Baumbach, “Greenberg” onde protagonizou ao lado de Ben Stiller. O filme lhe rendeu sua primeira indicação ao Independent Spirit Award de melhor atriz, e o prêmio de melhor atriz no Athena Film Festival. Foi em 2012 que ela co-escreveu junto com Noah Baumbach seu então namorado, o filme indie mais aclamado e meu filme favorito da vida Frances Ha, Greta faz o papel de Frances uma jovem que se joga de cabeças em seus sonhos, mesmo que a realidade possível seja bem pobre.
Ela quer muito mais do que tem e leva a vida com uma alegria inexplicável e muita leveza (se você ainda não o viu, assista pelo amor de Meryl Streep e Viola Davis). Greta como atriz também atuou no cinema mainstream como Nancy Tuckermam no filme Jackie (2016) estrelado por Natalie Portman, e no filme 20th Century Women (2016), onde interpreta Abbie Potter, ela contracena ao lado de Annette Bening e Elle Fanning, dois filmes muito elogiados pela critica especializada e onde como atriz Gerwig exerce um trabalho magistral.
Mas em 2017 resolveu lança seu primeiro debut como diretora, seu filme Lady Bird  é sucesso em todas as criticas, é seu primeiro trabalho independente, totalmente sozinha tanto na direção como na criação do roteiro, inicialmente o roteiro de Lady Bird era de 360 paginas (WOW!!), Greta resumiu muita coisa para poder passa para as telas de cinema, o filme também é uma semi-biografia (P.S: se você viu Frances Ha, verá que tem uma semelhança nas duas protagonista, dedo de Gretinha), Lady Bird segue todo aquele esquema de coming of age, o que torna ele diferente e especial, é a maneira como Gerwig o dirigi fazendo ser único e autoral, você se sente representado, em tudo, nas músicas, nas relações de Lady Bird, com sua mãe principalmente, o que Greta faz aqui é sensacional. O filme estreia dia 15 de fevereiro nos cinemas brasileiro, e é um dos fortes candidatos a ganhar o Oscar, foi indicado em melhor atriz para Saoirse Ronan, melhor atriz coadjuvante para Laurie Metcalf, melhor filme, melhor roteiro original para Greta Gerwig, e melhor direção para Greta Gerwig, caso ganhe será a quinta mulher na história em todos os 90 anos de edições do Oscar a leva uma estatueta de melhor diretor (ISSO PRECISA MUDA ACADEMIA!).
Mesmo que Greta não ganhe nada, embora eu torço muito para que ela leve pelo menos direção, lembrem que esse é apenas seu primeiro filme como diretora, já percebemos o quanto ela é incrível não só como atriz, mas como diretora, confesso que estou empolga para ver suas próximas produções, sei que muitos prêmios ainda viram.

Greta Gerwig on Set de Lady Bird, detalhe para está cena, é uma cena de baile e Greta filma com um vestido de baile, ela disse que queria que fosse especial.

#52FilmsByWomen é um projeto vasto, tem muito mais mulheres talentosas, eu só citei as minhas favoritas deste meio, em 2018 muito mais filmes com direções femininas serão lançados, no festival Sundance, todos os filmes que ganharam nas principais categorias são filmes com produções e com mulheres na direção. Fiquem atentos e vamos compartilhar, abraçar e dar visibilidades para estas mulheres incríveis. 

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Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.