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Resenha | Sandman: Edição Definitiva Vol.1

Absolute Sandman Vol. 1 foi lançado pela DC, em 2006, através do selo Vertigo. A edição é luxuosa,  com capa dura imitando couro, num box e muitos extras nas mais de 600 páginas que compõem o número.

Esse volume reúne as 20 primeiras edições de Sandman, lançadas originalmente entre 1988 e 1990, mostrando três arcos de histórias: Prelúdios e NoturnosA Casa de Bonecas e Terra dos Sonhos. Nessa nova edição todas as cores foram refeitas, dando um ar mais “clean” à obra, numa espécie de “remasterização”. Além desse primeiro volume, foram lançados outros 3, reunindo todas as 75 edições de Sandman mais extras como roteiros, edições especiais, sketchs etc. Realmente, são quatro volumes “volumosos”, totalizando cerca de 2400 páginas de histórias !!

 

Em 2010 a Panini nos trouxe esse primeiro volume de Absolute Sandman, mas mais “humilde”. Denominada Sandman: Edição Definitiva Vol. 1, trás as mais de 600 páginas em papel couché, recoloridas, todos os extras da edição original, capa dura e um ótimo prefácio. Muitos reclamaram que ficou bastante “simples”, em comparação ao original. Mas mesmo sendo simples, o acabamento ficou excelente. Para um “sonhador de primeira viagem”, não tive o que reclamar. A não ser do preço, R$154,00 de capa !! Uma das edições mais caras no mercado nacional de HQs. Sorte que comprei em promoção….

Sandman é adorado por trocentas pessoas, assim como Neil Gaiman é glorificado por muitos (e com razão!). A série já foi publicada por diversas editoras no Brasil, uma das poucas que consegue o feito de ser sempre republicada. Em especial, as edições da Editora Globo, que publicou todas as 75 edições mensalmente e as da Conrad, que publicou cada arco em encadernados de luxo.

(Reprodução)

Como dito, a edição é em capa dura e com miolo em papel couché, praticamente o melhor padrão que há atualmente na Panini; todas as capas de Dave McKean foram adicionadas, em seu formato original; há índice; introdução; posfácio; biografias dos artistas; roteiro original da edição #19; entre outras coisas. Sem dúvidas, um excelente material.

Antes da primeira história temos uma introdução de Paul Levitz, explicando do mito que Sandman se tornou com o passar dos anos. Tudo bem rápido e resumido para, logo em seguida, vermos a excelente capa de McKean, em seu formato original, sem nenhum texto para prejudica-la. As capas das 20 histórias estão presentes e são verdadeiras obras de arte, abusando de colagens e fotografias. Só senti falta de capas “especiais” para abrirem os arcos.

(Reprodução)

A arte interna de Sandman foi realizada por diversos artistas, então é normal que seja melhor em alguns momentos e regular em outros, apesar de tentarem seguir o mesmo padrão de estética. Muitas pessoas não acham os desenhos da série tão bons quanto o roteiro, eu também concordo. Apesar de utilizarem ótimas montagens e sacadas narrativas, como em algumas páginas comentadas aqui no blog, no geral ela é boa e se encaixa perfeitamente na história, mas nada de outro mundo. Até porque Sandman era uma serie mensal, não tinha toda uma produção quanto um especial ou graphic novel da época tinha.

No quesito história, não há do que reclamar. É aquela famosa narrativa onde você não encontra defeitos, pelo menos não consideráveis. Por mais que alguma edição esteja mediana, sem muitas qualidades, ela continua acima da média e interessante. Foi o que reparei nessas 20 primeiras edições. Algumas são excelentes, outras nem tanto, mas todas possuem um brilho próprio. Mais abaixo eu comento cada uma dessas histórias.

As cores das edições originais foram todas “refeitas“, dando um ar mais atual à série. Nem todos curtiram, alguns preferem as cenas mais “retrô” de antigamente. De fato, algumas cenas ficam mais interessantes com as cores antigas. Conforme a imagem abaixo, a diferença entre as duas é gritante. Certas cores foram totalmente modificadas enquanto outras só foram bem alinhadas e detalhadas. É nesse momento que vemos a importância que o colorista faz numa HQ. Lembrando que toda essa mudança foi realizada com a aprovação de Gaiman e os coloristas originais, entre eles Daniel Vozzo, o mesmo dos Invisíveis. Com essa modificação, inclusive, algumas cenas foram totalmente refeitas.

Cores “atualizadas” (esquerda) e as cores originais (direita)

Agora, confira as histórias comentadas e, ao final, quais extras estão presentes em Sandman: Edição Definitiva Volume 1.

 

AS HISTÓRIAS

Arco Prelúdios e Noturnos
(#1 à #8)

(Reprodução)

Sandman #1 – O Sono dos Justos: nesse primeiro contado com Sandman temos uma ótima história, mostrando o aprisionamento de Morfeus e as consequências causadas ao mundo durante sua ausência. Já podemos perceber como será a narrativa daqui em diante e a arte. Detalhe para as cenas onde mostra a visão que Sonho tem de dentro do globo, totalmente distorcida, excelente. Interessante ressaltar o desenvolvimento dos fatos, pois não há nenhuma ação e mesmo assim consegue ser rápida e frenética como se tivesse, contando toda uma história no decorrer de 70 anos. Gaiman também mistura ficção com realidade ao coincidir certos fatos históricos.

Sandman #2 – Anfitriões Imperfeitos: Sonho tenta voltar para os seus domínios, tendo a surpresa de que está tudo em ruínas. Como está fraco, por ter perdido seus três tesouros, não pode tentar arrumar o local. Ele, então, evoca as três bruxas para auxilia-lo na busca de seus itens roubados. Cada uma lhe dá uma pista do que aconteceu com o objeto no decorrer dos 70 anos de prisão. É uma boa edição, com bons desenhos e narrativa. Também temos a estreia dos personagens Caim e Abel, e da gárgula Gregory. Os desenhos são bons e acima da média, se comparando com outros títulos mensais da época, pois possui um estilo próprio e se adapta muito bem à história, que se sobressai à arte, superando a mesma, algo difícil no mundo dos quadrinhos, onde a arte sempre é levada em primeiro lugar. O interessante dessa edição é que acabamos descobrindo que Sandman está dentro da cronologia normal da DC, pois ainda não existia a Vertigo na época. Temos, então, a participação especial do Asilo Arkhan, e imagens da Liga da Justiça e John Constantine.

(Reprodução)

Sandman #3 – Sonhe Um Breve Sonho Comigo: Finalmente, a estreia de John Constantine. Sandman vai até o bruxo tentar recuperar sua algibeira (saquinho com areia), mas o objeto não está com ele, que acha estar nas mãos de uma ex-namorada (que, pelo naipe da moça, deve ter cheirado toda a areia kkk). Então os dois vão em busca da mulher, enquanto nós descobrimos mais sobre Sandman. É uma edição boa, mais pelo fato do Constantine, que até comenta sobre um “monstro verde”, do que pela história em si.

Sandman #4 – Uma Esperança no Inferno: Morpheus vai até o Inferno recuperar seu elmo. Somos apresentados à Lucifer, Belzebu e Azazel, os novos “comandantes” do lugar. Por enquanto, essa foi uma das melhores edições, junto com a #2. Morpheus trava um duelo diferente com um demônio, num jogo incrível de falas. O final também é ótimo, com a excelente frase final de Morpheus.

Sandman #5 – Passageiros: Agora é hora do Sandman ir atrás de seu rubi, coletando a última de suas três relíquias. Aqui aparece o Dr. Destino e temas “polêmicos” sendo discutidos, como a AIDS, doença muito comentada durante a época do lançamento original (1989). Gaiman mescla acontecimentos do Universo DC, como a Liga da Justiça da América e sua transição para a Liga da Justiça Internacional. No geral, é uma boa edição, mas só serve como epílogo para a próxima, além de entendermos um pouco mais de como Morpheus atravessa cidades através dos sonhos das pessoas.

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Sandman #6 – 24 Horas: Essa é uma continuação direta da história anterior, mostrando o que John Dee é capaz de fazer num restaurante utilizando o rubi, alterando a mente das pessoas do local, fazendo com que elas tomem atitudes totalmente surreais, absurdas e sanguinolentas. Uma das melhores edições, com o lado mais “nonsense” do sonhos, e Neil Gaiman e os desenhistas conseguiram transportar isso para as páginas muito bem.

(Reprodução)

Sandman #7 – Som e Fúria: Conclusão da mini saga de John Dee e o rubi dos sonhos. Em comparação as outras duas últimas, não é a melhor, mas é interessante para conhecermos um pouco mais da personalidade de Morpheus, que demonstrou ser bastante compreensivo, além da aparição de figuras interessantes, como as três orientais.

Sandman #8 – O Som de Suas Asas: uma edição “pensativa”, assim por dizer, última desse primeiro arco. Com o objetivo de recuperar seus três tesouros finalizado, Sonho fica indeciso do que fazer de agora em diante. Num momento de reflexão, ele alimenta aos pombos numa praça até que temos a triunfal (e famosa) entrada de sua irmã, a Morte. Numa bonita conversa entre os dois, onde a moça mostra um pouco de seu “trabalho”, Sonho volta a ter um sentido em sua “vida” e segue em diante. Também é nessa edição que vemos com clareza que os Perpétuos é uma família, até então composta por Sonho e Morte, mas que nas entrelinhas também descobrimos que há Desejo. É uma edição histórica por si só, ótima, o universo criado por Neil Gaiman se amplia com novas teorias e horizontes, graças a entrada de Morte.

Arco A Casa de Bonecas
(#9 à #16)

(Reprodução)

Sandman #9 – Contos na Areia: primeira edição do famoso arco, Neil Gaiman prova o quão bom é para narrar fábulas e contos. Através de metáforas, a história desta edição mostra, num tempo antigo, o amor de uma rainha pelo rei dos sonhos, narrada por um velho à seu neto, num ritual de “transição” para a idade adulta. A mulher, chamada Nada, se apaixona por um homem que viu apenas uma única vez e o procura de todas as maneiras, até descobrir que se trata de um dos perpétuos e que seu amor é proibido. Olhando além da história principal, percebemos a intenção de Gaiman em nos mostrar um pouco do funcionamento do mundo dos perpétuos, assim como alguns de seus integrantes. Também possui ótimos desenhos.

Sandman #10 – Casa de Bonecas: uma das melhores histórias (até então) iniciando, de fato, o arco Casa de Bonecas, com desenhos visualmente melhores e uma narrativa criativa, além de expandir o universo do Sonhar para novos horizontes. É uma edição super recomendada, com a aparição de novos perpétuos, como a tão esperada Desejo e sua irmã, Desespero. Também deixa diversas pontas soltas para serem resolvidas.

Sandman #11 – Mudança: Rose se muda para uma nova casa, na região onde seu irmão caçula morava. Ele está desaparecido e ela inicia uma investigação para encontra-lo. Ao mesmo tempo temos um assassino rondando a cidade e Morfeus tentando ajudar um garoto, possivelmente o irmão de Rose. Uma bela edição, com boas sacadas narrativas, como a do corvo entregando a carta à Morfeus. Vários personagens estranhos sendo apresentados e cenas que nos fazem lembrar que Sandman não é apenas um conto de fadas, e sim uma HQ de suspense e terror. Sandman #12 – Brincando de Casinha: acontece um imprevisto com Rose no meio do caminho para encontrar seu irmão e ela acaba por ficar, junto com Gilbert, num hotel, para passar a noite. Enquanto isso temos o desenrolar do mistério que envolvia os sonhos de Jed, com a descoberta de um “novo” Sandman. Coríntio também dá o ar da graça, participando das melhores cenas. A história parece confusa até o final, quando ocorre aquelas cenas reveladoras, te deixando boquiaberto. Ótima edição.

Sandman #13 – Homens de Boa Fortuna: Estamos em 1399, observando um camponês que se considera esperto demais para morrer, contando vantagem sobre os companheiros. Morte pede para Morfeus conversar com o homem. Ele senta junto à mesa e diz ao camponês que se encontrarão ali, no mesmo lugar e data, daqui a 100 anos. 100 anos se passam e eles se reencontram, o homem surpreso por não ter morrido nem envelhecido, e Morfeus repete o pedido do ultimo encontro: irão se reencontrar ali, novamente, daqui a 100 anos. A edição mostra o encontro entre este homem, Hob, e Morfeus durante centenas de anos. O final é aberto e o interessante é as referências à cada época ilustrada, tanto nas roupas e visual de Morfeus quanto personalidades famosas, como William Shakespeare que, supostamente, fez um acordo com Morfeus, para criar suas peças sobre sonhos. Destaque para a arte de Michael Zulli, o mesmo de Criaturas da Noite.

(Reprodução)

Sandman #14 – Os Colecionadores: Mudei de ideia, essa é uma das melhores histórias de Sandman até o momento. Toda a narrativa é excelente e há uma melhora gritante na arte. Continuação da edição #12, Rose e Gilbert estão no hotel onde será sediado o “Encontro Anual dos Fans de Cereais”, a dupla estão atrás do irmão caçula de Rose, desaparecido há anos e que acabaram de saber que os pais adotivos do garoto morreram e que ele era tratado em cativeiro. Na realidade, o evento que ocorre no hotel é uma farsa e, em vez de fans de cereais, é um encontro de serial killers, para dividirem suas experiências. O Coríntio, que está com o irmão de Rose, está indo para este evento. Toda a trama está muito bem amarrada, com destaque para várias cenas, como os diálogos dos assassinos e a forma de matar de cada um, mas o grande trunfo está na arte. Há diversas cenas com colagens e fotografias, outras com alto contrastes, retratando lembranças ou histórias narradas pelos personagens.

Sandman #15 – Noite Adentro: Rose Walker descobre que é um vórtice, algo que mistura os sonhos dos outros ao seu redor, prejudicando o Sonhar. Na casa/ hotel onde está, ela confunde os sonhos de Barbie e Ken, Hal, Chantal e Zelda, numa das melhores sequencias até agora. Visualmente, é uma belíssima história, com muitas cenas no Sonhar, como quando Morfeus captura Rose, e com Neil Gaiman expondo os desejos mais íntimos dos sonhadores. A narrativa, como sempre, é ótima, com alguns desenhos mistos de colagens e fotografias. Lembrando que é a penúltima história desse arco, preparando o leitor para o surpreendente final. Tudo está tão bem construído que foi impossível fazer uma pausa para ler a edição seguinte.

Sandman #16 – Corações Perdidos: e chagamos ao fim deste arco. Uma história branda que fecha praticamente todas as pontas das edições anteriores e cria novas expectativas. Temos a resolução dos problemas da família de Rose Walker, com a finalização surpreendente do vórtice, além de vermos o final dos outros moradores da casa de Hal, que surgem mais pra frente em Sandman. Interessante a visão sobre o sonhar que Rose tem, 6 meses após o ocorrido, tentando assimilar com outras coisas do mundo real. Em suas falas, percebemos sua ligação com a edição #6, onde John Dee meche com a mente de algumas pessoas num restaurante. Ao final, temos a presença de Desejo, num diálogo ameaçador com Sonho, o que nos faz, também, voltar à edição #10, onde Desejo e Desespero tramam contra Sonho. Realmente, foi um final e tanto, e deve ficar bem melhor numa releitura.

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Arco Terra dos Sonhos

(#17 à #20)

(Reprodução)

Sandman #17 – Calíope: o arco Terra dos Sonhos traz quatro histórias independentes e fechadas, podendo ser lidas a qualquer momento sem prejudicar a “cronologia” da série. Nesse primeiro conto temos a história “Calíope”, uma das Musas gregas, divindades responsáveis pelas inspirações artísticas. Calíope representa a poesia épica e, por conta disso, foi aprisionada por um escritor a fim de escrever livros de sucesso, já em nossa era. Presa e humilhada, ela é repassada a outro escritor que não está tendo muitas ideias e, logo que a conhece, começa a escrever livros e sua carreira é alavancada. Para se livrar da situação, pede ajuda à Sonho que, no passado, já teve uma relação que originou um filho (provavelmente Orfeu). No geral, é uma boa história e agrega bastante aos conhecimentos de Sandman, como seus relacionamentos amorosos e a interação entre mortais e deuses, assim como a imortalidade e imponência dos Perpétuos. Particularmente, não gostei muito da arte, principalmente por mostrar um Sonho tão diferente de como estamos acostumados a ver.

(Reprodução)

Sandman #18 – Um Sonho de Mil Gatos: um conto inusitado. Vários gatos se reúnem para ouvirem o que uma gata tem a dizer. É interessante o ponto de vista do gatos para alguns aspectos da vida, mas o mais interessante é o poder de Neil Gaiman em estender a mitologia de Sandman aos animais, pois eles também sonham! O modo que Morfeu se apresenta também é curioso. Os destaques ficam na arte, onde o artista soube desenhar muito bem as expressões felinas, e nas cenas mais “fortes”, mostrando os maus tratos aos animais ou como seria se a situação fosse invertida, com os humanos subordinados aos gatos. Gaiman adora os bichanos, já tendo escrito outros contos com eles, como na HQ Criaturas da Noite.

(Reprodução)

Sandman #19 – Sonho de Uma Noite de Verão: a edição que deu à Gaiman o World Fantasy Award, sendo a primeira e única HQ a receber o prêmio. Particularmente, não a considero a melhor história de Sandman até o momento, mas é indiscutível sua qualidade, principalmente por unir a vida de Shakespeare aos devaneios dos sonhos, como se o poeta só teve reconhecimento graças às “dicas” de Morfeus. A troca entre os atores da peça com suas reais personagens é incrível, chega um momento que não se sabe diferenciar o real do imaginário.

Sandman #20 – Fachada: última história deste arco também dessa edição definitiva. Assim como as anteriores, não possui envolvimento direto com a “cronologia” da série, sendo bastante independente. Morfeus não aparece e quem dá as caras é sua irmã, a Morte. O destaque fica para as metáforas utilizadas, tanto do desapego à antigos costumes e “máscaras” como a forma de se dirigir à divindades. A protagonista é a Garota Elemental, metamorfa do Universo DC.

OS EXTRAS/ MISCELÂNEA SANDMAN VOL. UM

Primeiras imagens do Sandman

Os extras nesse primeiro volume são generosos, quase 100 páginas de esboços, comentários do autor, um roteiro original entre outros. É um excelente material para os fans e, também, para quem quer se aventurar na criação de HQs.

A Proposta Para Sandman: nessa parte dos Extras, Neil Gaiman conta como foi produzir a série Sandman, como ele a apresentou à DC. É interessante ver como “nasceu” o personagem, as primeiras idéias que Gaiman tinha dele, como seriam as primeiras edições, quais os personagens secundários, a ordem de acontecimentos, os lugares do Sonhar, os poderes de Morfeus, e vários esboços criados por Dave McKean, Leigh Baulch e pelo próprio Gaiman. Além de relembrar as primeiras edições, o leitor se aprofunda mais no universo criado pelo autor.

A História Até Aqui: em seguida temos um resumão do primeiro arco, Prelúdios e Noturnos, em narrativa, apresentando os principais pontos das edições e os personagens que foram surgindo, além de fatos não mostrados. É uma espécie de “bastidores”, interessante.

Passo a Passo de Sandman #19: esse é o roteiro original da história “Sonho de Uma Noite de Verão”, publicada em Sandman #19. Temos todas as descrições de Gaiman para cenários e personagens, todos os diálogos e como deveria ser os quadros, ao lado da arte original de Charles Vess. Ótima fonte para desenhistas e roteiristas.
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Posfácios de Neil Gaiman: são os comentários do autor sobre os três primeiros arcos, a intenção que tinha com eles, sua repercussão, agradecimentos especiais e um pouco sobre Absolute Sandman.
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Biografias: resumo dos principais artistas que passaram pela série, com comentários sobre a vida pessoal de cada um e seus trabalhos mais notáveis.
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Concluindo, é uma ótima obra para quem quer ler Sandman, principalmente pela dificuldade em encontrar algumas edições mais antigas. Claro que há defeitos, principalmente por se tratar de uma edição definitiva bastante cara, mas no geral é agradável. Para quem não conhece o personagem, é uma boa porta de entrada. No momento esse volume encontra-se esgotado, mas a Panini já prometeu republicar este ano, junto com o lançamento do volume 3 e a republicação de V de Vingança (que tá dando o que falar).

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O destaque fica para o arco A Casa de Bonecas, que achei incrível, para as capas de McKean e as cenas que abusam de montagens. O que poderia ser melhor é a tradução e a falta de “notas”, além de um acabamento mais luxuoso. Nem precisava ser em capa de couro, mas poderia vir num box, ter marcador de página, uma capa exclusiva. Algo que o diferenciasse dos outros encadernados da editora.

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Nome Original: The Absolute Sandman Vol. 1 (The Sandman #1 ao #20)

Editora/Ano: Panini, 2010 (DC, 2006)

Gênero: Fantasia/ Terror
Preço/ Páginas: R$154,00/ 618 páginas

Roteiro: Neil Gaiman

Arte: Sam Kieth (#1 à #5), Mike Dringenberg (#6 à #11, #14 à #16), Chris Bachalo (#12), Michael Zulli (#13), Kelley Jones (#17 e #18), Charles Vess (#19), Colleen Doran (#20) e outros.

Sinopse: A série conta a história de Morfeus, um dos Perpétuos – criaturas análogas aos deuses, mas ainda maiores – responsável pelo Mundo dos Sonhos. Basicamente ele controla e tem acesso a todos os sonhos da humanidade e de todas as criaturas capazes de sonhar, sendo o senhor do Mundo dos Sonhos, a terra aonde vamos em nossas horas de sono. Quando uma ordem mística tentou capturar a irmã de Sonho, a Morte, em seu lugar eles capturaram Morfeus. Assustados com o que conseguiram, os membros da ordem o mantiveram cativo. E assim teve início um período de diversas décadas em que esse Perpétuo ficou trancafiado à mercê de seus captores, deixando o Mundo dos Sonhos abandonado e os sonhadores desamparados. A série nos revela como ele se libertou e como foi capaz de se adaptar no mundo após tantos anos de ausência, e também nos mostra um vislumbre de sua história e da mitologia dos Perpétuos.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.