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Resenha | Mr. Mercedes: A história de detetive de Stephen King que deu certo

É uma pena que deixei esta série passar batido em 2017 e somente agora, um ano depois de de ela passar na TV americana que tive o prazer de assistir.

Audience Network/DirecTV

 

“Mr. Mercedes” começa logo com uma cena que, se não for, uma das mais legais dos últimos de uma série do gênero, chegou bem perto. A cena é uma inspiração real, quando uma mulher dirigiu seu carro para uma multidão em uma feira de empregos do McDonalds, a série da Audience Network fez o favor de recriar o crime com detalhes terríveis.

 

Embora a cena não seja em uma cadeia de fast food, ela é mais sombria e misteriosa que o evento citado, além disso, tem um homem com uma máscara de palhaço sentado no volante de um sedã Mercedes. Ele chega nessa fila de pessoas, que estão esperando para uma feira de emprego. O motorista simplesmente corre o carro para essa multidão de mulheres, homens e crianças, no final, ninguém sai vivo.

 

Como descrito, esta é uma cena profundamente perturbadora. Na era da “too much TV,” a necessidade de causar uma primeira impressão retumbante é compreensível, mas Mr. Mercedes trata o incidente em um Thriller policial incrível do começo ao fim da primeira temporada. A série é uma adaptação do romance de Stephen King.

 

King, embora seja mais conhecido por histórias de terror e um dos escritores mais ativos da existência, não adere a um gênero específico quando escreveu seu romance de 2014, “Mr. Mercedes” é muito mais que uma história de crime e estudo de caráter. O primeiro de uma trilogia que acompanha o detetive de polícia aposentado Bill Hodges e sua procura frenética por um assassino louco. O livrou também quebrou o estigma que King não sabe escrever outra coisa, se não, terror. Erraram todos.

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A série é estruturalmente similar a outras séries de TV do gênero policial. Mas ela dá mais ênfase aos personagens principais, sua perseguição de gato e rato e todo o aspecto psicológico que cada um apresenta durante a primeira temporada. Na verdade, a série dá uma aula sobre a temática e traumas do passado.

 

Audience Network/DirecTV

“Mr. Mercedes” é sobre a perseguição de Hodges (Brendan Gleeson) ao assassino de dezenas de pessoas que usou um carro e não deixou pistas de seu paradeiro. A história centra quando ele se aposenta e deixa este caso em aberto, algo sem solução que mesmo depois de anos o deixa sem dormir. Quem estava por trás da máscara de palhaço não é um mistério para o público. Harry Treadaway (“Penny Dreadful”) interpreta Brady Hartsfeld, um cara que conserta computadores a domicílio em uma franquia que vende aparelhos eletrônicos.

 

Ele é praticamente um escravo da empresa. Dando enfase aos problemas sociais que a classe que trabalha nessa linha econômica americana vem passando nos últimos anos. Seu chefe é um estereótipo corporativo: faminto por poder (e levemente louco), ele cita “o cliente tem sempre razão” como um mantra, além de pegar bastante no pé de Brady e sua colega de trabalho por serem ‘estranhos’. Brady por ser bastante anti social e sua colega por lésbica que não leva desaforo para casa.

 

Esse chefe é fácil de odiar, e, nas mãos certas, esse tipo de figura enlouquecedora combinada com tempo e uma figura estragada como Hartsfield que tem uma família para lá de destruída, transforma o personagem numa alegoria assustadora e convincente sobre o quanto muitas pessoas passam por isso. Isso tudo não é razão para Brady ser um assassino psicótico, o cara simplesmente gosta de fazer maldade.

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Audience Network/DirecTV

Mas essa motivação deve ter sido considerada complexa demais para existir por conta própria durante a série, mostrando um Hartsfield profundo, sombrio e desagradável. No entanto, um efeito colateral não intencional é a sua total alienação. Sim, os espectadores passam a entendê-lo – por meio do familiar motivação do personagem serial killer –, mas ainda, ninguém têm empatia com ele. Sua introdução e ações arruínam qualquer chance que o público tenha de se identificar com Hartsfield como um americano mediano.

 

A série pode ser focada entres esses dois personagens, mas ela ganha bastante na atuação e roteiro quando Mary-Louise Parker (finalmente) aparece.

 

O drama dá a série é uma combinação desagradável ou não dos mais terríveis momentos de terror de Stephen King transformados em uma linha dura de gênero policial. Não ganha muito com a violência, mesmo com um bom roteiro e ideias convincentes. Porém, os atores, diálogos e o processo que culmina com o final da temporada produziu uma série que vale a pena assistir.

 

 

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.