Mangá de Dragon Ball Super chega ao Brasil com uma história rasa, porém, divertida e muitas informações omitidas do leitor.
É inegável a fama e importância da saga Dragon Ball. Desde a sua infância, passando pela fase Z, onde seus poderes sempre ultrapassavam os limites já estabelecidos, Goku é, inegavelmente, uma das figuras mais carismáticas dos mangás e animes da história. Com essa importância toda, a história criada por Akira Toroyama sempre teve continuações a pedidos dos fãs (e por pressões dos editores, pois Dragon Ball vende muito). E é assim que o mangá de Dragon Ball Super, baseado no anime de 2015, chegou às bancas do país.
Na trama, que ignorou completamente a fase GT do anime (que nunca foi bem aceita pelos fãs e pela crítica), acompanhamos Goku logo após ter derrotado Majin Boo. Mesmo no período de calmaria, o Sayajin ainda treina diariamente para sempre ser o mais forte (o mote principal do personagem). Essa calmaria é quebrada quando o deus da destruição Bills vai a procura do lendário Deus Super Sayajin.
O leitor mais atento já percebeu que o mangá de Dragon Ball Super começa adaptando o longa de animação da série Dragon Ball A Batalha dos Deuses, lançado no Japão em 2013, e que faz parte do cânone da saga. Para quem assistiu o longa, pode perceber que no mangá a história é mais rápida e com algumas cenas cortadas, em especial, as de humor.
Mas não se engane pensando que no mangá a história é séria e sombria. Não, Dragon Ball Super é recheada de humor, lembrando muito quando Goku era criança, já que Toroyama é um mangaká que escrevia diversas histórias voltadas para a comédia (vide Dr. Slump) antes de embarcar na sua maior criação, Dragon Ball.
O clima de Dragon Ball Super é leve e descompromissado, brincando com tudo e trazendo piadas infames. O autor tira sarro desde o fato que Goku é um péssimo pai até o com o caso dos nomes das evolução dos Sayajins já estarem se tornando absurdas (ver Vegeta mordendo a língua ao tentar falar Super Sayajin do Deus Super Sayajin é impagável). Para os fãs da série, a leitura do número 01 é excelente, em especial, devido às cenas de luta e ao humor que consagrou a saga.
Porém, há muitos defeitos nessa primeira edição de Dragon Ball Super. E muitos mesmo, em especial, o trabalho editorial da Panini nesse mangá.
Em primeiro lugar, cabe destacar há uma quebra narrativa na história. Ao adaptar o filme Batalha dos Deuses para o mangá, a história se compromete a mostrar diretamente o que ocorreu com Goku até o inicio da fase Super (que foi um anime de enorme sucesso lançado em 2015 e finalizado em 2018). Porém, do nada, a história dá um pulo e ignora o filme, que também faz parte da cronologia oficial, A Ressurreição de Freeza. O pior é que esse acontecimento é contado no mangá através de um simplório balão. Um erro grave que compromete a narrativa com uma lacuna gigantesca.
Mas o pior está mesmo na parte editorial. Os mangás da Panini e das outras editoras brasileiras sempre fizeram um ótimo trabalho em contextualizar a trama, os nomes em japonês de golpes, personagens e outras informações. Porém, tudo isso é ignorado na edição brasileira de Super, que só contém uma entrevista com os autores. É dessa forma que informações como a ressurreição do Freeza são ignoradas e a presença de outro personagem criado por Toroyama, Jaco, o Patrulheiro Galáctico, passa em branco (e olha que ele tem bastante destaque em dado momento). Realmente, a edição brasileira peca muito ao não trazer informações importantes sobre a trama.
Outro ponto duvidoso é o uso de papel jornal (mesmo que com uma melhor qualidade que o normal) em um mangá como Dragon Ball Super. Mangás da Panini, como Lobo Solitário e One-Punch Man, com o mesmo preço e número de páginas de Dragon Ball Super, estão usando papel de melhor qualidade. A escolha pelo papel jornal é injustificada, mesmo se for para baratear o produto final.
Porém, se os erros se acumulam na edição brasileira, o roteiro (tirando o furo na narrativa) é leve e traz uma excelente leitura do mangá. Pode esperar diversos clichês de Dragon Ball, como inimigos mais fortes do que Goku e torneios para ver quem será o melhor lutador. Porém, o trabalho de arte não fica por conta de Toroyama, e, sim, do artista chamado Toyotoro. Mas, mesmo para o leitor fã xiita de Dragon Ball, a mudança do desenhista não vai causar nenhum problema, já que Toyotoro emula perfeitamente o traço de Toroyama e tem um domínio muito bom de fluidez do desenho entre os quadros.
Contando com um roteiro leve, que investe na comédia, mas que tem uma lacuna imensa na narrativa, e com desenhos que fazem jus a fama de Dragon Ball, o mangá de Dragon Ball Super chega ao Brasil como uma ótima pedida para os fãs da série e que já conhecem Goku e cia. Porém, devido aos diversos problemas na edição brasileira, como contextualizar personagens e situações ocorrida, o fã novato pode se ver meio perdido na leitura.
Ficha Técnica:
192 páginas;
Capa comum;
Tamanho: 20 x 13,7;
Preço de R$ 21,90;
Lançado em agosto de 2018.
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