Com 2018 em breve chegando ao fim, não há melhor momento para gente olhar para trás nestes últimos 12 meses de filmes e escolher as melhores interpretações do ano.
O OSCAR tem essa incrível vontade de não nomear ano após ano grandes performances, então não levem essa lista como algo que possa ser usado para basear os melhores dessa premiação que mais atrapalha do que ajuda o mundo do cinema. Somos livres dessa insanidade que é o Oscar, mesmo eu fazendo comentários sobre determinado papel ser nomeado pelo incrível trabalho interpretativo.
Sendo assim, aqui estão os papéis que, puramente por seus próprios méritos, são as mais marcantes e impressionantes de 2018 baseado nos filmes que assisti.
De uma atriz lendária que apresenta uma performance que provavelmente lhe renderá o tão atrasado Oscar, à atuação devastadora de desconhecidos completos, confira esta lista que demorei apenas uma semana para escrever rs
Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
Embora Bohemian Rhapsody tivesse deixando os ‘‘críticos’’ em cima do muro se o filme é bom ou ruim, houve uma aclamação quase universal pelo desempenho surpreendentemente crível de Rami Malek como o vocalista do Queen, Freddie Mercury, e os fãs deixaram a sala de cinema todos chorando.
Apesar de não ter muita semelhança natural com o homem, Malek faz um trabalho notável incorporando os maneirismos físicos de Mercury, sua voz e, graças a algumas ótimas maquiagens e fantasias, seu visual também.
É realmente uma prova do trabalho do ator que ele pode acabar sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator, mas acho que não será dessa vez.
Malek virou ícone e seu futuro no cinema é daqui para frente.
Tilda Swinton (Suspiria)
Apesar de não receber muitos elogios por seu trabalho, Tilda Swinton é a cola que une o ambicioso remake de horror de Dario Argento no remake de Luca Guadagnino.
Swinton faz aqui o triplo dever, aparecendo mais proeminentemente como a coreógrafa de dança Madame Blanc, ao mesmo tempo em que se transforma com uma maquiagem impressionante para interpretar o psicoterapeuta Josef Klemperer e, finalmente, ela se veste de corpo inteiro como a grotesca bruxa Madre Markos.
Cada um dos papéis parece distinto e imprevisível, com Swinton mais uma vez provando sua capacidade de desaparecer sem esforço em qualquer personagem que ela interprete e não chamar a atenção para si mesma.
Ela é de longe a melhor coisa no filme.
Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
É a primeira vez que Bradley Cooper merece de verdade ganhar algum prêmio interpretando um papel.
Os plots de Cooper interpretando o cantor e compositor alcoólico Jackson Maine são incríveis. Além disso, a química com a Lady Gaga é digna demais. E como diretor do filme, Cooper também tinha total controle de como seu desempenho finalmente se encaixou.
Nunca menos do que 100% convincente como um ícone pop, Cooper finalmente prova, sem sombra de dúvida, o quão longe ele pode chegar. Bravo.
John David Washington (Infiltrado na Klan)
Antes de qualquer coisa, vejam este filme.
O sangue aqui mostra o quão importante é o legado. O filho de Denzel Washington, John David, deu uma performance terrivelmente divertida como o detetive Ron Stallworth, o policial negro que, por capricho, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan.
Embora o trabalho de Washington não seja de todo vistoso e decididamente menos efervescente que o papel do Adam Driver, ele é o homem perfeito que o filme precisa para Spike Lee executar sua visão ousada.
Esse filme é um guia para explorar o racismo tanto histórico quanto atual, Stallworth é o ponto central da trama, e sem o trabalho rigorosamente controlado, embora profundamente simpático de Washington, não seria nem de longe tão eficaz.
Ryan Gosling (First Man)
Ryan Gosling certamente tem a reputação de escolher papéis estóicos e reservados que não exigem muita atenção da nossa parte – apesar disso, eu gosto desse cara bastante –, mas no caso de interpretar Neil Armstrong, isso é totalmente Ryan Gosling se é que vocês estão me entendendo.
Embora alguns tenham confundido um Gosling restrito, fazendo um retrato plano e sem vida do lendário astronauta, isso é incrivelmente fiel à falta de emoção do verdadeiro Armstrong.
Tenho certeza que esse papel foi um desafio único para Gosling, considerando alguns problemas trágicos que Armstrong sofre no início do filme, mas ele consegue contar uma grande história com esse rosto que está meio triste, meio feliz, meio chorando.
Armstrong é uma figura americana icônica, Claire Foy tomou todos os holofotes, mas Gosling merece estar aqui e não será surpresa sua nomeação ao Oscar.
Charlize Theron (Tully)
Charlize Theron é Charlize Theron. É sinceramente desconcertante que não seja a favorita para o Oscar de Melhor Atriz, porque sua performance no novo drama de Jason Reitman está entre as melhores de sua carreira.
Interpretando uma mãe sobrecarregada, Theron dá vida a uma das mulheres mais incríveis do cinema de 2018. É até emocionante.
Você pode praticamente sentir a exaustão de Theron em todas as cenas, enquanto sua química com Mackenzie Davis é espetacular. Simplesmente brilhante.
Michael B. Jordan (Pantera Negra)
Não apenas Michael B. Jordan forjou no fogo um dos melhores vilões da Marvel até hoje com Erik Killmonger como também fez uma das melhores performances do ano.
A intensidade física de Jordan fala por si mesma, mas o que realmente leva Killmonger a um nível elevadíssimo é a raiva fervilhante e justa que se origina de uma criação problemática e do estado americano moderno.
Ele é um “vilão” intrinsecamente simpático – apesar de seus métodos – e ao nos apresentar um antagonista que não tem medo de chorar lágrimas de raiva ou lamentar o que está perdido, ele acaba sendo muito mais do que apenas uma imagem espelhada de T’Challa.
Seria razoável se preocupar que Jordan fosse mais um talento desperdiçado fazendo um vilão esquecível como a Marvel costuma fazer, mas o cara aproveitou ao máximo um roteiro incomum, humanístico e pensativo.
Yalitza Aparicio (Roma)
Yalitza Aparicio nunca havia atuado antes de aparecer no novo filme do Alfonso Cuarón, mas seu desempenho brilhantemente interpretando uma empregada sobrecarregada de trabalho lutando para encontrar seu lugar na década de 1970, no México, é uma das mais evocativas e inesquecíveis do ano.
Os olhos de Aparicio têm uma qualidade assombrosa, Cuarón se concentra em todas as oportunidades que pode no olhar desta mulher, utilizando seu enquadramento digno de prêmios. Ela não fala muito no filme, mas seus olhos…
Matt Dillon (A Casa Que Jack Construiu)
A natureza divisora do novo horror psicológico de Lars von Trier impedirá Matt Dillon de receber muitas – ou nenhuma – estátua de ouro nesta temporada de premiações; mas não se engane, seu papel como um serial killer é um dos mais ousados do ano.
Apesar de o tenebroso e cômico tom do roteiro e direção de von Trier, Dillon interpreta o papel completamente reto, o que imediatamente eleva tanto a comédia inexpressiva quanto o aterrorizante terror do estudo central do personagem.
Não há muitas cenas para Dillon explodir em fúrias violentas, em vez disso ele opta pela meticulosidade do assassinato.
Emily Blunt (Um Lugar Silencioso)
Emily Blunt e seu diretor-marido John Krasinski fizeram um trabalho esplêndido neste thriller, embora seja o desempenho de Blunt que carrega toda a carga emocional de Um Lugar Silencioso nas cenas mais difíceis. Esse filme é um hino.
Como uma mãe grávida lutando para manter sua família segura durante uma invasão extraterrestre, Evelyn(Blunt) é um retrato fácil de empatia, mas ela não é uma mera vítima, e o trabalho direto de Blunt é consequentemente uma das representações mais poderosas da maternidade (não importando o gênero).
Um lugar silencioso é uma luz incomum neste gênero e Blunt brilha radiante em todas as cenas.
Natalie Portman (Aniquilação)
O delirante thriller de ficção científica de Alex Garland está repleto de ótimas interpretações, mas é Natalie Portman quem lidera como a professora e ex-soldado Lena, que se aventura no coração de uma construção alienígena conhecida como Shimmer.
Apesar da natureza desafiadora, às vezes obtusa, do filme de Garland, Portman faz um trabalho sutil, quase silencioso e ambíguo em quase todas as cenas.
O filme não foi tão aclamado, com certeza, mas Garland sabe o suficiente para permitir que o público tire as próprias conclusões.
Embora não seja realmente o tipo de performance vistosa que ganha prêmios, tem havido poucas representações melhores de força feminina na tela este ano do que Natalie Portman fez neste filme.
Josh Brolin (Vingadores: Guerra Infinita)
Personagens de captura em filmes de super-heróis são sempre um pouco arriscados: basta ver como o Steppenwolf da Liga da Justiça (Ciaran Hinds) ficou.
Mas graças a efeitos visuais expressivos de cair o queixo e um desempenho fantasticamente imponente de Josh Brolin, Thanos vive o maior antagonista do MCU até hoje.
Apesar de sua aparência fundamentalmente ridícula, Infinity War se recusa a tornar o Titã louco um destruidor de mundos como um desenho animado. É estabelecido um motivo claro e, através do desempenho inesperadamente sincero de Brolin, temos uma das interpretações mais legais do ano.
Lady Gaga (Nasce Uma Estrela)
Em dez minutos de cena, Lady Gaga destruiu qualquer dúvida que ela é também uma atriz incrível.
Não é fácil dar nova vida a um papel tão familiar, mas combinando o drama romântico palpável com alguns acenos auto-reflexivos em direção à sua carreira, Gaga impressiona.
Ganhará prêmios, muitos prêmios. Minha filha de três anos a ama então se eu não a colocasse nesta lista estaria frito.
Toni Collette (Hereditário)
Por mais magníficas que tenham sido essas interpretações que comentei acima, nenhuma delas consegue chegar perto da Toni Collette. Ela se tornou uma filha enlutada e mãe no filme de Ari Aster, Hereditário.
Collette se confirma como uma das melhores atrizes de sua geração, com uma performance cheia de angústia que atinge o intestino e se agarra aos ossos.
Há muitas cenas de destaque aqui para contar, mas o texto que ela faz na mesa de jantar certamente se encaixava profundamente na psique de quem os via. É a interpretação mais pungente e profunda de 2018. Filmes de terror não costumam ganhar prêmios, então estamos diante de um dos momentos mais injustos da história do cinema.
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