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Como o estranho fenômeno do ectoplasma enganou multidões por séculos

A história de uma das maiores falácias da humanidade: o Ectoplasma. 

Stanislawa P. during séance of 25 January 1913. Photo Albert von Schrenk-Notzing.
Stanislawa P. during séance of 25 January 1913. Photo Albert von Schrenk-Notzing.

A história de uma das maiores falácias da humanidade: o Ectoplasma. 

Para muitas pessoas mundo afora que ama cultura pop, o termo “ectoplasma” provavelmente evoca imagens dos filmes e animações dos “Caça-Fantasmas” como algo parecido com um lodo ou slime verde. Porém, na Era Vitoriana, multidões acreditavam piamente que essa gosma viscosa eram manifestações do mundo espiritual por intermédio dos médiuns.

Esse texto é baseado no artigo escrito no The Guardian, segundo os escritos dos pesquisadores do artigo – escrito há quase 200 anos – eles tiraram muitas, muitas fotos de médiuns “manifestando” essas gosmas ectoplasmática pela boca e nariz. Naquela época e hoje, as fotos não evidenciam qualquer certeza que esses “ectoplasmas” sejam reais. 

Todavia, celebridades e cientistas respeitados da época, acreditavam nisso com toda suas forças e crenças.

Todo esse frenesi social explodiu graças ao movimento espiritualista (uma religião baseada em fantasmas que ficou famosa do final de 1800 até início de 1900 e cuja influência ainda pode ser vista na espiritualidade moderna da Nova Era) e a teosofia. Por causa disso, surgiram diversos médiuns com seus “shows” espirituais que enganaram famílias inteiras, roubando todas suas economias, além de um elevado número de líderes religiosos. Todos eles usavam sempre o mesmo argumento: evocavam os espíritos do mundo sobrenatural pelo “Ectoplasma”.

Espero que se divirta na leitura, pois deu um trabalho literalmente sobrenatural editar, traduzir e pesquisar as informações corretamente.

A Obsessão por fantasmas na Era Vitoriana

Hulton Archive/Getty Images
Hulton Archive/Getty Images

 

Em 11 de dezembro de 1847, a família Fox instalou-se em modesta casa no vilarejo de

Hydesville, Estado de New York, distante cerca de 30 km da cidade de Rochester. 

O nome da família Fox origina-se do sobrenome Voss, depois Foss e finalmente Fox. Eram de origem alemã, da parte paterna; e francesa, holandesa e inglesa, da parte materna. Seus antecessores foram notoriamente dotados de faculdades paranormais. O grupo compunha-se do chefe da família, Sr. John D. Fox, da esposa D. Margareth Fox e mais duas filhas; Kate, com 7 anos e Margareth, com 10 anos. O casal possuía mais filhos e filhas. Entre estas, convém destacar Leah, que morava em Rochester, onde lecionava música. Devido aos seus casamentos, foi sucessivamente conhecida como Mrs. Fisch, Mrs. Brown e Mrs. Underhill. 

Leah escreveu um livro, “The Missing Link” (New York, 1885 ), no qual ela faz referência às faculdades paranormais de seus parentes como uma linha genealógica. Mas tudo começou graças aos acontecimentos com Kate e Margareth, porém posteriormente Leah juntou-se a elas e teve participação ativa nos episódios que viriam depois. 

Na noite anterior ao Dia da Mentira (1 de Abril)  de 1848, Maggie, já com 14 anos, e Kate, de 11, disseram a um vizinho que sua casa era mal-assombrada. As garotas se tornaram internacionalmente famosas como “as Irmãs Fox”, viajando todo os Estados Unidos e conduzindo sessões espíritas onde os fantasmas se comunicavam com o público por meio de batidas fortes. Segundo o artigo do site Smithsonian, quando Maggie estava na casa dos cinquenta anos, ela admitiu que os sons “sobrenaturais” que as pessoas ouviam eram na verdade ela e sua irmã estalando secretamente as juntas dos dedos dos pés, escondidos sob suas longas saias. Porém, elas já estavam famosas por todo o mundo para alguém negar que todos os acontecimentos e a religião espiritualista, a nova febre social eram uma grande fraude.

Irmãs Fox
As Irmãs Forxs, começando pela direita: Leah, Kate e Maggie.

A “Onda Espiritualista” passou da América para a Europa, cujo terreno já se encontrava preparado pelo desenvolvimento e pesquisa científica dos fenômenos sobrenaturais, chamados de “fenômenos de TC” (transcomunicação), com rigor e profundidade pelos fundadores da “Psychical Reserch” e da Metapsíquica anos depois.

A forma bastante comum sob a qual as manifestações de TC (transcomunicação) se apresentaram na Europa, foi a das “mesas giratórias”. Foi nesse período que também se originou o Espiritismo na França, graças às investigações científicas e ao método didático do ilustre intelectual lionês,Denizard Hypplite Leon Rivail (Allan Kardec). 

Agora, cuidado! É importante enfatizar que não se deve confundir o “Espiritualismo” com o espiritismo. O primeiro nasceu como um movimento popular, provocado por evidências a favor da crença na existência, sobrevivência e comunicação do Espírito por meio do “Ectoplasma”. Posteriormente o “Espiritualismo” adquiriu a forma de uma religião organizada que aspirava, também, ser uma Ciência e uma Filosofia.

Como dito acima, logo os médiuns começaram a usar truques elaborados para fazer os objetos parecerem levitar e convidar as pessoas a sentar para tirar fotos de souvenir que sempre pareciam capturar um fantasma na câmera. De todas as coisas bizarras que os médiuns faziam para superar uns aos outros e atrair público era: o ectoplasma.

Mas como se parecia o Ectoplasma?

Adoc-Photos/Getty Images
Adoc-Photos/Getty Images

O ectoplasma poderia ser parecido com muitas coisas, mas principalmente, era uma gosma. E ele era visto na época, por alguns, como uma evidência física real do mundo espiritual. Durante uma sessão espírita, o médium parecia entrar em um transe profundo. Então, enormes quantidades da substância misteriosa sairiam de sua boca, orelhas, olhos, seios e até mesmo dos órgãos genitais.

Baseado no famoso criador de Sherlock Holmes – e crente firme no sobrenatural – Arthur Conan Doyle descreveu o ectoplasma como “uma substância gelatinosa e viscosa que parecia diferir de todas as formas conhecidas de matéria por poder se solidificar e ser usado para fins materiais. “

Os “propósitos” aos quais Conan Doyle se referia eram as formas estranhas que o ectoplasma ocasionalmente parecia assumir. “Materialização” foi a palavra usada para descrever algumas das experiências físicas extraordinárias que o público espiritualista poderia esperar. A historiadora inglesa Marina Warner descreveu como alguns médiuns derramavam líquido gotejante de suas bocas, enquanto outros geravam teias pegajosas ou misteriosas “luvas” que deveriam ser moldes de mãos fantasmagóricas. (risos)

Como era a Séance de ‘Materialização’?

Séance de 'Materialização'
Séance de ‘Materialização’

Em uma sessão espírita de “materialização”, a sala costumava ficar muito escura. Os membros da audiência, frequentemente chamados de assistentes, então eram encorajados a “dar pensamentos profundos e sagrados” (como se fosse um passe entre o mundo físico e espiritual). Todos davam as mãos. Por fim, o médium entrava em estado de transe. Então o “ectoplasma” começaria a sair de sua boca.

Conforme descrito em “The Skeptic Encyclopedia of Pseudoscience”, alguns médiuns iriam para seu gabinete de espíritos. Às vezes, esta era uma grande peça de mobília como uma caixa, outras vezes era apenas uma parte do quarto bloqueada por cortinas. Ao entrarem neste gabinete os médiuns pediam aos seus assistentes para cantar hinos.

Conforme  o artigo escrito por L. Anne Delgado para a Universidade do Colorado, o ectoplasma pode assumir outras formas, como flores, rostos ou até mesmo pessoas inteiras. Alguns espíritos na forma de ectoplasma foram relatados se movendo ao redor da sala, batendo nos móveis. Os médiuns às vezes manifestavam (baixavam) um espírito em seu próprio corpo. Podendo ou não ter convulsões, gritar ou parecer cair em um sono profundo quando o transe terminava.

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O Gabinete de Espíritos de “HELLISH NELL’S”

 

Helen Ducan
Uma sessão onde Helen Ducan evoca um espirito REAL.

A Sra. Victoria Helen McCrae Duncan (imagem esqueda) foi uma famosa médium escocesa que conseguia materializar espíritos. Segundo ainda o artigo de Marina Warner  “Corpo Etéreo: a Busca do Ectoplasma” (tradução livre), Duncan era particularmente adepta a gerar toneladas de ectoplasma de seu corpo.

Durante as sessões espíritas de Helen Duncan, ela se sentava em um “gabinete de espíritos”. Lá ela teria convulsões  e entrava em transe, para a seguir, o ectoplasma começaria a fluir de todos os orifícios de seu corpo. Às vezes, Duncan afirmava estar convocando o espírito de uma pessoa morta específica – geralmente uma criança chamada Peggy. Durante uma sessão, uma mãe em luto acreditou ter reconhecido seu filho no ectoplasma. A partir de então, Helen Ducan fez da criança morta um marco de sua atuação, onde ela aparecia manifestada de corpo inteiro para cantar, dançar e divertir o público.

Helen Ducan também ficou famosa por ter sido a última pessoa a ser presa sob a Lei de Bruxaria de 1735 por alegações fraudulentas. 

 

 

Como era produzido o Ectoplasma

Ectoplasma
Eva C. during séances of 21 August 1911 (above) and 22 November 1911 (below). Photos Albert von Schrenk-Notzing.

 

No caso da Sra. Helen Duncan, seu ectoplasma não era particularmente sobrenatural. Depois de inspecionar uma amostra dele, a historiadora Marina Warner declarou que não era nada mais do que um tecido barato ou gaze. De acordo com o famoso mágico e cético Harry Houdini, o truque em questão era a regurgitação – engolir e trazer os objetos de volta à vontade. Warner escreveu ainda que o tecido pesquisado estava “bem amassado” para caber em lugares pequenos e ligeiramente manchados de sangue. Um relatório do The Guardian também descreve médiuns com óbvias tiras de tecido saindo de seus narizes.

 

No entanto, em um movimento onde os médiuns transformaram seus shows em um comércio rentável, apenas vomitar tecido nem sempre era suficiente. Acredita-se que alguns médiuns usavam intestinos de animais. Outros tinham fantoches na forma de mãos desencarnadas ou bebês fantasmas. Usavam até tinta brilhante no escuro. A manifestação de espíritos inteiros, como a criança morta Peggy, foi realizada por um assistente disfarçado com lençóis e fumaça.

Vozes do Além

Ectoplasma
Reprodução

Enquanto muitos médiuns faziam seus shows com seus assistente utilizando luzes, fumaça, barulhos e bonecos, outros tinham mais interesse nas manifestações onde eles ouviam os fantasmas.

Os médiuns frequentemente afirmavam serem os mensageiros das vozes do além. Conforme descrito em “A Magician Among the Spirits”, de Harry Houdini, os médiuns que afirmavam falar com os entes queridos mortos muitas vezes utilizavam esse método para conseguir dinheiro de famílias desesperadas pela perda de seu ente querido. Houdini descreve o caso de um homem que acreditava ter ouvido a voz de sua esposa durante uma sessão espírita, e foi convencido a devotar sua vida ao Espiritualismo, desistindo de tudo que tinha no mundo.

Conforme descrito emThe Skeptic Encyclopedia of Pseudoscience, o ectoplasma era considerado uma “caixa de voz” (telefone) para espíritos, através da qual eles podiam falar. Às vezes, porém, os espíritos precisavam falar alto por um cone de estanho que parecia que levitava na sala, sustentado por grossas faixas luminosas de uma substância misteriosa.

O teatro de sucesso que era uma sessão espírita

Mesa Giratória
Levitação de uma mesa na residência de Camille Flammarion em 25/11/1898
Médium Eusapia Paladino

Quando Maggie Fox confessou seu charlatanismo, ela explicou que algumas das experiências espirituais mais emocionantes que seu público havia experimentado não eram truques executados por ela ou sua irmã – eram truques da mente, a sugestão. “Muitas pessoas, quando ouviam as batidas, imaginavam imediatamente que eram os espíritos fazendo o barulho”, disse Maggie à Smithsonian Magazine. “É uma ilusão muito simples de fazer.”

A subterfúgios de Helen Duncan de invocar crianças mortas estava longe de ser única. Como descrito no artigo do site Skeptical Inquirer, muitos médiuns no passado e no presente obtêm sucesso alegando que podem ajudar as pessoas a se conectar com seus entes queridos mortos, especialmente crianças. Ao explorar essa tristeza e perda, os médiuns têm a vantagem – as pessoas querem acreditar desesperadamente.

Mas nem todas as pessoas pagavam caro porque estavam sofrendo, elas simplesmente queriam assistir e vê com os próprios olhos as entidades. Os médiuns tinham outra estratégia para convencer o público de que uma batida leve sob a mesa era uma comunicação com o outro lado ou um pano barato e  sujo era uma manifestação espiritual misteriosa: a teatralidade.

Uma sala escura e fumaça. Os médiuns criaram um ambiente que encorajava a crença de que aquela sessão era real. Alguns médiuns também foram capazes de inventar desculpas para manter curiosos e céticos longe do ectoplasma em suas apresentações. A pesquisa feita pela Universidade do Colorado afirma que alguns médiuns sugavam o ectoplasma (ou tecido) de volta para seus corpos quando eram tocados. Outros afirmaram que tocar no ectoplasma enquanto a médium estava em transe a mataria.

Charles Richet e as origens do Ectoplasma

 

Charles
Reprodução

O primeiro evento utilizando ectoplasma em que Arthur Conan Doyle acreditou foi uma experiência religiosa – mas não espiritualista.Como dito acima, o criador do mais empírico personagem da história da literatura acreditava com todas as forças em espíritos. Em 1700, o místico, cientista e cristão sueco Emanuel Swedenborg descreveu um vapor saindo de seus poros enquanto era visitado por um anjo. Embora os espiritualistas não achassem que o ectoplasma era angelical, nem todos que acreditavam ter visto algo milagroso após uma sessão espírita pensavam que tinham visto um fantasma. Entre aqueles que tinham uma teoria alternativa sobre tudo isso era o vencedor do Prêmio Nobel Dr. Charles Richet. O cientista que primeiro usou a palavra “anafilaxia” também criou o termo “ectoplasma”.

Conforme afirma “Ectoplasm and Spirits in the Material World”, a médium Eusapia Palladino ficou conhecida por criar manifestações que derrubaram móveis e tocaram na plateia. Eles pareciam tão vivos que o Dr. Richet declarou manifestar “ectoplasma”. O Dr. Charles Richet não acreditava que os médiuns estivessem evocando fantasmas de verdade. Em vez disso, ele passou a ver o ectoplasma como a representação física da “força vital” do médium.

Richet não estava sozinho sobre esse pensamento. Enquanto os espiritualistas fervorosos acreditavam firmemente que estavam testemunhando espíritos genuínos, havia muitos outros que acreditavam estar vendo um fenômeno real, porém estranho, mas discordavam de que era necessariamente a prova que existia um reino espiritual. Alguns acreditavam que a gosma que fluía dos corpos dos médiuns vinha de outra dimensão. Outros acreditavam que era um subproduto da entrada de médiuns em um estado psíquico. Alguns até acreditavam que era uma condição médica contraída por mulheres.

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Espiritualismo e Poder da Mulher

Período Vitoriano
Fotografia de duas mulheres no Período Vitoriano, a sociedade achavam as mulheres modernas demais por tirarem uma simples foto como essa.

A grande maioria dos médiuns da era vitoriana eram mulheres. Poucas mulheres da época tinham muito controle sobre suas vidas e seu mundo. O espiritualismo deu-lhes a capacidade de comandar a atenção do público, tornar-se líderes espirituais e manipular os outros, principalmente homens. Por meio de suas falsas afirmações sobre a conexão com fantasmas, exploração da dor e performances teatrais extremas, elas foram capazes de sair do  estreito papel social que viviam.

Muitos cientistas e pesquisadores como o Dr. Charles Richet acreditavam na época que o ectoplasma era real. Uma razão para isso é que ele saia do corpo das mulheres. Mais ou menos na mesma época em que o Espiritualismo estava se consolidando, os cientistas começaram a examinar os corpos femininos de uma nova maneira. A ginecologia cirúrgica estava apenas começando e pouco se sabia sobre a anatomia feminina. Conforme o artigo que estou utilizando com base no texto da  Universidade do Colorado, nesta época era uma prática comum remover ovários para tratar “doenças fantasmas” como a histeria.

Alguns médiuns afirmavam criar ectoplasma de seus órgãos genitais, muitos pesquisadores da época viam o ectoplasma como um fenômeno “ginecológico”, possivelmente ligado ao mundo espiritual, que representava mais um mistério do corpo feminino.  Mas foi graças a essas mulheres que diziam ser médiuns que a medicina evoluiu.

 

 

 

Espiritualismo e Sexo

Florence Cook
Uma sessão da médium Florence Cook onde ela incorporou o espirito de Katie Kiing.

Acredite ou não, ectoplasma pegajoso, elástico e regurgitado podia ser erótico. No escuro das salas de uma sessão espírita, estranhos se davam as mãos, espíritos acariciaram os membros da audiência e todos os olhos se voltaram para uma mulher usando seu corpo para o sobrenatural.

Conforme detalhado neste incrível artigo científico intitulado “Altered States”, alguns médiuns, como a extraordinariamente famosa e jovem Florence Cook, manifestavam espíritos cujos corpos físicos foram supostamente criados a partir de ectoplasma, mesmo que eles fossem bastantes parecidos com ela. Para provar que não era realmente ela, Cook ficava presa em seu gabinete de espíritos.

Às vezes, isso era tão simples quanto amarrá-la a uma cadeira, mas às vezes ela e seus assistentes eram criativos, prendendo seu cabelo nas paredes, passando um cordão por sua orelha furada e prendendo a outra extremidade em um peso ou colocando-a em um cela. Depois que o gabinete era fechado, um espírito se manifestava. Então, acontecia um  “flerte espiritual” com o público. Onde ele tocava e beijava membros de sua audiência e os convidava a tocá-lo – apenas para provar que ele ou ela tinha uma forma física, é claro. Os médiuns supostamente ainda estavam dentro do gabinete, respeitosamente intocados.

Alguns médiuns encantavam os pesquisadores com suas performances eróticas. Uma médium francesa chamada Eva Carrière chocou o médico e pesquisador físico Barão von Schrenck-Notzing ao convidá-la a fazer um “exame ginecológico” para provar que ela não estava escondendo nada dentro dela. Carrière às vezes realizava sessões nua e era famosa por tirar elaboradas esculturas de ectoplasma de sua vagina.

Houdini e sua luta contra o Espiritualismo

Harry Houdini
Reprodução

Embora médiuns tenham afirmado possuir habilidades sobrenaturais  e enganado massas, principalmente pessoas de luto, existiam um grupo de pessoas que  lutavam contra eles com todas suas forças: os mágicos.

Do ilusionista Carl Hertz que foi testemunha no tribunal contra a mestre vigarista Madame Diss Debar em 1888 ao amado mágico The Amazing Randi cofundador do Comitê para a Investigação Cética em 1976, os mágicos têm investigado e desmascarado alegações sobrenaturais por centenas de anos. Embora possam parecer inimigos improváveis, muitas vezes os meios que os médiuns usavam para fazer parecer que tinham habilidades sobrenaturais eram exatamente os mesmos truques que os mágicos usavam – portanto, os mágicos eram capazes de reconhecer facilmente a fraude.

Porém, a pessoa que mais criticou e lutou contra o espiritualismo foi o mágico mais famoso da história, Harry Houdini. Em 1920, Houdini estava determinado a ter uma explicação melhor sobre o ectoplasma e investigar os métodos sobrenaturais usados por Eva Carrière. Conforme explicado em seu livro “A Magician Between the Spirits”, Carrière na época, estava fugindo de um mágico francês que a estava acusando de ser uma fraude, então ela não queria se aproximar de qualquer mágico, famoso ou não,  mas abriu uma exceção para Houdini. Harry era um investigador genuíno e se comprometeu totalmente com a sessão espírita.

Durante a apresentação, Carrière puxou uma “borracha inflada” da boca e a fez desaparecer. O mágico o reconheceu imediatamente: era idêntico ao “truque da agulha” que o próprio Houdini fazia regularmente.

 

Em um artigo, Houdini escreveu: “Nos vinte e cinco anos da minha investigação e nas centenas de sessões em que assisti, nunca vi ou ouvi nada que pudesse me convencer de que existe uma possibilidade de comunicação com os mortos “.

Os mágicos não eram os únicos interessados ​​em descobrir a verdade sobre os médiuns. Na verdade, um grupo de cientistas da Universidade de Paris também investigaram Eva Carrière. Eles foram a um total de 15 sessões para tentar descobrir o segredo por trás da manifestação do ectoplasma.

Em duas das sessões, Carrière não foi capaz de produzir nenhum ectoplasma, apenas dois “pequenos discos” que sua assistente tentava convencer a todos que era sobrenatural. Os cientistas não ficaram convencidos. Uma citação em tradução livre de um desses cientistas franceses ainda do livro de Harry Houdini comenta: “A substância era completamente inerte, movendo-se apenas quando colocada na boca do médium.”

Embora Carrière pudesse realizar sua sessão espírita como de costume nas outras 13 vezes em que os cientistas estiveram lá, eles ainda não ficaram impressionados. Em vez de ver seu ectoplasma como sobrenatural, eles concordaram com Houdini – a “manifestação” que Carrière fez nada mais era do que regurgitação, pano barato e teatro.

O movimento Espiritualista perdeu espaço e adeptos quando o mundo viu horror que foi a primeira guerra, ele ainda tentou voltar com a Thelema, mas a segunda grande guerra explodiu e a humanidade estava mais preocupada em sobreviver do que falar com espíritos do além. Apesar disso, o Ectoplasma persiste, principalmente na cultura pop (cinema, séries, animações e literatura ficcional).

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.