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Dica de Leitura | A Besta (Hideki Mori), editora Newpop

A Besta, lançado no Brasil pela editora Newpop, pode até ser um mangá polêmico, com as várias mudanças sobre o passado do maior espadachim japonês Miyamoto Musashi. Porém, mesmo com sua elevada carga de violência e sexo, não deixa de ser um conto de descobrimento e evolução de um rapaz em corpo de adulto em busca de sua identidade perdida em uma época em que a brutalidade ditava a sobrevivência do mais forte.

 

Arte de Hideki Mori para A Besta.
O jovem Musashi nada mais é do que um animal selvagem, em busca de humanidade, em A Besta.

Os conhecedores da cultura japonesa, quando ouvem o nome Miyamoto Musashi, logo fazem a ligação entre a pessoa e a figura história, deste que é conhecido como o maior samurai que o Japão já teve, autor de O Livro dos Cinco Anéis, guia sobre as artes marciais e o kenjutsu (arte marcial sobre o combate com espadas), que ajudou a pavimentar a figura do samurai no imaginário mundial, aquele que segue o Bushido, código de conduta e honra pelo qual um samurai se guia.

Porém, se um fã de mangá ouvir o nome Musashi, grande é a chance de associa-lo ao excelente trabalho de Takehiko Inoue em Vagabond, lançado no Brasil pela última vez pela editora Panini. Obra que é a desconstrução da figura de Musashi, acompanhando o personagem desde a batalha de Sekigahara até sua vida adulta.

Vagabond é a desconstrução e construção do personagem histórico, em um conto cheio de reflexões filosóficas e personagens cativantes. Porém, chega agora ao Brasil outra desconstrução do personagem histórico Musashi, essa bem mais violenta e erótica do que o trabalho de Inoue. A Besta, do mangaká Hideki Mori, lançado no país pela editora Newpop.

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Arte de Hideki Mori
A arte de Mori carrega na brutalidade, fazendo com que cada ato de violência seja realmente sentido pelo leitor.

Em A Besta, acompanhamos o jovem Bennosuke (Musashi) desde os seus treze anos, quando já tinha a altura e força de um homem, sendo quando lutou e ganhou o seu primeiro duelo, até a batalha de Sekigahara. A edição da Newpop conta com as 4 partes do mangá, sendo volume único, onde Bennosuke irá encarar o seu passado, em especial a relação que tinha com a irmã, fato que o atormenta até hoje, e conhecer várias personagens femininas que mudarão o curso da sua personalidade, afastando-o de seu lado bestial, mesmo que elas tenham destinos trágicos ao final.

Na verdade, A Besta gira em torno de tragédia, sexo e violência, sendo um mangá bem visceral.

Sim, muito revisionismo história estará presente aqui, o que pode até mesmo incomodar fãs do personagem ou leitores de Vagabond (outra obra que já trata o personagem e acontecimentos com bastantes mudanças). Porém, é inegável que o leitor de A Besta não tirará seus olhos das 264 páginas do mangá, mesmo que as cenas o incomodem demais.

Arte de Hideki Mori para A Besta.
A tragédia roda todos os personagens que orbitam o jovem Musashi em A Besta.

É uma pena que  Hideki Mori não tenha finalizado A Besta como queria, informação essa que vemos no editorial na edição da Newpop.

Porém, os 4 contos presentes aqui contam uma história redonda, que pode ser lida até como um prólogo de Vagabond (com suas devidas adaptações).

A Besta é daquelas histórias que, mesmo brutais e polêmicas, fazem com que o leitor não tire os olhos das páginas até o seu trágico fim, valendo a leitura.

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.