Neste quarto volume, Gianfranco Manfrendi executa com maestria sua proposta de um faroeste com elementos sobrenaturais ao resgatar da mitologia indígena americana dois seres fantásticos, que antagonizam as tramas aqui reunidas.
A primeira, “Whopi“, é ambientada anteriormente ao volume anterior. Cavalo Manco segue repassando seus ensinamentos para Mágico Vento, inclusive orientando a aceitar e compreender suas visões cada vez mais recorrentes.
Poe, a caminho de Chicago após uma temporada na tribo, passa por um Forte militar alvoroçado pela presença de uma mulher misteriosa, indígena, acusada de bruxaria. Instado pelo major Eccles, acaba retornando à aldeia, de modo a avisar Ned sobre o caso e levá-lo para investigar o que realmente se passa.
Acontece de ela realmente ser uma espécie de encarnação da mítica figura Whopi. Para piorar, de algum modo ela estabelece um elo com Clarissa, esposa do major e acusada pelos soldados de manipulá-lo para proteger a “selvagem”. Cabe, portanto, a Mágico Vento evocar seu conhecimento xamã para evitar o pior frente à escalada de violência no Forte.
Em “Wendigo“, Manfrendi apresenta a criatura canibal que povoa as montanhas geladas por onde passa uma expedição geográfica da forma mais assustadora possível.
Numa trama que gela os ossos do leitor, seja pela ambientação inóspita do inverno branco, seja pela ameaça pavorosa da besta devoradora de homens, o autor apresenta personagens pitorescos, outros dúbios, de modo a gerar uma tensão constante sobre as verdades e mentiras narradas por aqueles que se encontram sitiados com a criatura em meio à neve ancestral.
Ambos os enredos ganham um status ainda maior com o trabalho, no lápis, de Corrado Mastantuono e de Pasquale Frisenda. Cada qual com seu estilo único e inventivo, fazem um trabalho cheio de personalidade, dinamismo e drama, num equilíbrio que só os grandes são capazes de alcançar.
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