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Crítica | Qualquer semelhança real com Não Olhe Para Cima é pura coincidência

Esta obra “Não Olhe Para Cima” e seus personagens são uma ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos reais é puramente COINCIDÊNCIA.

Não Olhe Para Cima
Netflix

Esta obra “Não Olhe Para Cima” e seus personagens são uma ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos reais é puramente COINCIDÊNCIA.

Você certamente conhece alguém da família que passa o dia nas redes sociais compartilhando fake news como se fossem verdades universais. Pois bem, “Não Olhe Para Cima” (Netflix) é basicamente isso. Um filme com todas as coisas certas a dizer sobre como o governo Bolsonaro, a mídia e as empresas ignoram o desastre emergente que vem acontecendo em nosso planeta por causa das mudanças climáticas, mas que preferem acreditar no liberalismo. Claro que o filme dirigido e escrito por Adam McKay, transforma tudo numa sátira tão pesada e próxima da nossa realidade que se tornou o nome do momento nas redes sociais não só no Brasil, mas em todo o planeta.

A música Highway To Hell do AC/DC é sobre um cara que não se importa mais com nada e ninguém e que simplesmente aceitou o conceito‘está no inferno, abraça o cão literalmente’. “Não Olhe Para Cima” leva isso à décima potência de uma forma tão crua que beira ao ridículo. Talvez a ironia mais amarga do filme sobre a crise ambiental flagrantemente desperdiça seus próprios recursos, principalmente um elenco de estrelas que inclui Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Cate Blanchett, Meryl Streep, Jonah Hill, Timothee Chalamet, Tyler Perry, Mark Rylance e Melanie Lynskey; as boas intenções coletivas aqui podem pavimentar várias estradas para o Inferno, então é quase duas horas de vergonha alheia e comédia estranha que nós, brasileiros, estamos bem acostumados.

“Não Olhe Para Cima” começa como mais um dia comum para a doutoranda Kate Dibiasky (J. Lawrence) quando ela descobre um asteroíde do tamanho do Monte Everest vindo de encontro ao nosso planeta, mas após seu professor, Dr. Randall Mindy (Leo DiCaprio) analisou os números e percebeu que essa rocha gigante vai atingir o planeta e causar o extermínio de quase todos os seres vivos do planeta, os dois tentam alertar o público que estamos a seis meses de um desastre. A presidente Jenie Orlean (M. Streep copiando os trejeitos do trio Marjorie-Taylor-Trump) e seu filho e O Chefe de Gabinete da Casa Branca Jason (J. Hill) que estão mais preocupados com com apoio do senado nas próximas semanas, não se importam muito com isso. Essas duas figuras lembram alguém, não é? 

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O que os dois procuram para tentar avisar o mundo sobre o fim? A mídia. Kate e Randall vão ao noticiário matinal “The Daily Rip”, com dois âncoras vazios que preferem falar sobre a vida amorosa da cantora pop Riley B.(Ariana Grande). Mas ninguém se importa novamente. Negacionismo mais escancarado que isso impossível.

Aparecer no jornal matinal mais assistido da América acabou sendo um desastre, Kate perde a paciência e acaba virando meme que a retratam como uma lunática de olhos arregalados gritando: “o fim está próximo”. A cientista do fim do mundo.  A presidente Orlean só começou a agir quando precisou abafar um escândalo sexual e político, apenas para ter a missão abortada pelo magnata bilionário de tecnologia Peter Isherwell (M. Rylance), que quer assumir a operação para que ele possa minerar metais preciosos no cometa. Quando Kate desiste e vai embora, Randall se permite ser um porta-voz do governo, tendo um caso com o co-apresentadoa do “Daily Rip” Brie (K.Blanchett) no processo.

Claro que  Adam McKay está fazendo uma sátira com o governo Trump, mas para os brasileiros, isso é que estamos vivendo todo santo dia nos últimos anos. Em 2022 vamos tirar essa praga chamada Bolsonaro e toda família maldita do poder. Lula 2022.

A sátira é até fácil de compreender, mas o nosso mundo real está beirando ao absurdo que a mensagem não choca mais ninguém. Tudo bem que a piada do lanche na Casa Branca é a parte mais engraçada do filme, mas o filme poderia ser mais provocativo, faltou mais sangue visual e literal. =)

O diretor de fotografia Linus Sandgren (007 – Sem Tempo para Morrer) parece entender a sátira melhor do que o Adam McKay, filmando o filme como se fosse um thriller político real com um desastre natural como pano de fundo. De redações de TV ao Salão Oval a ônibus espaciais a lojas de bebidas suburbanas, o trabalho de Linus Sandgren é sem falhas, mas fornece o pano de fundo apropriado para a comédia que o resto do filme tenta fazer e mostrar.

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“Não Olhe Para Cima”  está absolutamente certo sobre o mundo em que vivemos, mas isso não o torna o melhor filme do ano. Nos Estados Unidos está dividindo opiniões. Mas é uma sátira que morde e machuca. O resto do mundo pode até Olhar Para Cima, mas que no final os brasileiros ainda irão continuar Não Olhando.

Eu escrevi essa resenha ouvindo em looping a faixa The Wealth of Darkness da banda Keep of Kalessin, escutem a música e leiam a letra. Será uma ironia. “Não Olhe Para Cima” está disponível na Netflix.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.