Não deixe de conferir nosso Podcast!

HELLBOY é muito é bom! (sem spoilers)

Hellboy é muito é bom

Não é só vontade de ser do contra! Sério, passei o filme procurando com o quê me incomodar, e até achei alguns defeitos graves, mas nada que realmente prejudicasse minha diversão com o filme.

É verdade que Hellboy (2019) tem alguns problemas de clima, de ritmo e de aprofundamento da trama e dos personagens, além de uma ou outra piada ruim, mas isso não desqualifica completamente o longa, pois acredito que existem mais pontos positivos que negativos ao longo das quase duas horas de projeção.

Como existem inúmeras resenhas destruindo o filme, não vou perder mais nenhuma linha comentando sobre seus problemas, vamos tratar aqui do que tem de positivo nesta nova leitura do vermelhão nos cinemas.

O que me fisgou desde o início foi certa fidelidade ao gibi, primeiro mostrando cenas com Rei Arthur (o que preparava os leitores do gibi para um filme que dialogava com os últimos arcos do personagem) e, em seguida, com Hellboy no México, lutando contra o Camazotz: sequência muito parecida com o que vimos nas HQs (Hellboy no México, lançada na edição A Noiva do Demônio e Outras Histórias ou em A Casa dos Mortos-vivos).

Este slideshow necessita de JavaScript.

A partir dali, percebi a boa intenção do roteirista Andrew Cosby (e como o inferno está cheio de boas intenções, era justamente disso que um filme do Hellboy precisava). Aos poucos, entendi que Andrew procurava seguir elementos essenciais que estão no gibi para contar uma nova jornada do personagem que poderia ser longa e se estender para um épico fim em mais dois ou três filmes que, infelizmente, não devem mais acontecer, por causa do fracasso monumental na bilheteria.

LEIA TAMBÉM:  Criaturas do Fosso de Aquaman irão ganhar um filme de Horror

Após esse início, somos introduzidos a uma adaptação do que acontece, basicamente, na edição Caçada Selvagem, que em minha opinião, é o melhor arco do personagem. Ali nós descobrimos um pouco mais sobre seu passado e sobre qual a ascendência de sua mãe e muitos outros elementos que foram bem transcritos para o filme.

Bem ou mal, o filme do diretor Neil Marshall consegue ser mais fiel ao personagem do que, por exemplo, o segundo filme de Guillermo del Toro (de 2008). Poxa! Nós tivemos participação especial do Lagosta Johnson e vimos um Hell”fan”boy deste herói de guerra (perdoem o trocadilho)!!! Se tudo tivesse corrido bem, nós poderíamos ver a adaptação de Tormenta e Fúria e os arcos finais do quadrinho de Mike Mignola nas telonas em poucos anos.

Outro fator positivo que salta aos olhos logo nos primeiros minutos do longa é a qualidade dos monstros em computação gráfica. Camazotz não deixa a desejar, assim como Gruagach, que é um monstro porco muito fiel ao desenho de Mignola e tem uma expressão facial incrível no filme (duvido que o Pumba fique melhor!). Obs: Ok!, o CGI de Daimio está horrível, mas eu disse que não falaria mais dos problemas…

gruagach monstro porco em hellboy 2019
Gruagach, monstro-porco em Hellboy (2019)

Pouco depois disso, temos uma luta espetacular de Hellboy com 3 gigantes que evidencia a tendência grotesca do filme, com muito sangue e cabeças partidas ao meio, bem ao estilo que cai extremamente bem ao personagem (segue a cena abaixo. Não está em boa resolução. Veja por sua própria conta e risco).

https://www.youtube.com/watch?v=cCsdGhA2e18

Esse clima B do filme chama bastante atenção. Em muitas cenas vemos restos de corpos em putrefação espalhados pelo cenário e que são reais, quer dizer: não são computação gráfica, reafirmando uma qualidade tosca de terror podreira que funciona bem com o personagem.

LEIA TAMBÉM:  Crítica | Polar, Netflix entra na era dos heróis assassinos

E o horror fica ainda melhor quando vemos Baba Yaga em cena. É uma personagem incrível, convincente, cheia de personalidade que poderia protagonizar sua própria série de filmes malditos.

Baba Yaga é o ponto alto de Hellboy
Baba Yaga é o ponto alto de Hellboy

Por essas e outras, eu adoraria ver uma continuação com essa equipe, que poderia acertar uns ponteiros e entregar uma continuação com tudo de bom que vimos neste filme, mas com o cuidado de fazer as devidas correções.

Mas, infelizmente, o filme amargou 18% no Rotten Tomatoes (entretanto, o que vale de verdade neste site é a nota “average rating”, que ficou em 3.65/10). O site IMDB foi mais legal com a produção, dando 5.3/10 para o longa. Vale dizer que o Rotten levantou sua nota considerando a opinião de 200 críticos especializados e que o IMDB usou a opinião de mais de 31 mil usuários do site: eu fico com o IMDB. E faço mais: daria uma nota 6.5 para o filme, fácil, fácil…

Agora é só esperar mais uns 10 anos para o próximo longa do vermelhão.

Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos