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Os Defensores Nº 01 (Brian Michael Bendis e David Marquez)

Nova formação dos Defensores nos quadrinhos emula a série da Netflix, acertando nos ótimos diálogos e cenas de ação, mas errando ao contar uma história cheia de reviravoltas, porém, vazia, sem nenhuma consequência.

 

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Prepare-se para um quadrinho cheio de reviravoltas e com o ritmo de uma série de TV, contando com ótimos diálogos (uma marca do escritor americano Brian Michael Bendis). E parece ser essa a intenção de Defensores, da dupla Bendis e Marquez: emular o formato de uma série televisiva, já que Demolidor, Luke Cage, Jessica Jones e Punho de Ferro também se reuniram para um mega encontro na plataforma de streaming Netflix em 2017.

No quadrinho que agora chega ao Brasil, encontramos o vilão Cascavel (que já apareceu na série de Luke Cage da Netflix) tentando preencher o vácuo deixado por Wilson Fisk, o Rei do Crime (outro que, também, já apareceu na TV). Utilizando de uma nova droga que dá poderes sobre-humanos, o vilão vai atrás dos heróis urbanos que podem ficar no seu caminho, atacando e ferindo Luke Cage, Jessica Jones e Punho de Ferro.

Aqui cabe destacar uma informação que é totalmente ignorada pelo roteirista: a identidade do Demolidor voltou a ser secreta na fase do escritor Charles Soule. A revelação para o mundo da identidade de Matt Mudock como Demolidor se deu pelas mãos do próprio Michael Bendis em sua aclamada passagem pelo personagem anteriormente. Ou seja, no momento que o vilão Cascavel ataca Murdock e, não, o Demolidor, a trama tem um furo de roteiro (um de vários) gritante, já que não haveria motivo para o ataque ao advogado cego da cozinha do inferno, mostrando que o roteirista está mais interessado nas cenas de ação e  o impacto do que com o roteiro em si.

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E esse é um dos grandes problemas de Defensores Nº 01 – OS DIAMANTES SÃO ETERNOS: a falta de consequência dos acontecimentos. Há um momento que chega a ofender a descrença do leitor, quando um herói tem literalmente a espinha quebrada (em um golpe digno da Queda do Morcego do Batman) e na parte seguinte o herói afirma que sarou com meditação. E isso (momentos de impacto exagerados) ocorrem várias vezes, sem que o leitor sinta o peso deles, já que mais na frente tudo é ignorado.

Tomamos por exemplo a participação do Justiceiro (que, também, tem uma série na Netflix). Frank Castle intimida e chega a ter cenas de ação muito boas. Mas ele entra e sai da trama sem qualquer significado para a mesma. É um disperdível de um bom personagem.

 

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Mas, se a intenção de Bendis era criar uma trama cheia de ação, ele achou nos desenhos de David Marquez o meio correto. Os desenhos estão lindos, fluidos e cheios de ação, fazendo com que a história dos novos Defensores não caia na completa inutilidade narrativa. O desenhista é o grande destaque nessa obra e merece todos os elogios, seja na composição de quadros, seja nas cenas de ação com muitos detalhes.

 

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Outro ponto que se pode colocar como positivo são os diálogos. Como afirmado, esse quadrinho emula uma série de TV, então, sem bons diálogos, a história ficaria mais vazia do que já é. É uma pena que os bons diálogos não gerem um bom desenvolvimento dos personagens, sendo o Demolidor a principal vítima disso. Na trama, o herói cego é o mais deslocado de todos, o que é uma pena, já que o personagem teve uma de suas melhores fases pelas mãos do próprio Bendis.

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Essa falta de desenvolvimento dos personagens e a emulação da série da Netflix é o único motivo que explica o uso do nome Defensores, já que a equipe original era formada por Namor, Hulk, Surfista Prateado e Doutor Estranho. Na trama desse primeiro número da nova equipe, o nome do grupo em nenhum momento é justificado, apenas surgindo do nada.

A edição da Panini é apenas protocolar, contando apenas com as capas originais e variantes. Não há na edição nenhuma editorial contextualizando os personagens, como eles chegaram até ali e quem é o vilão da trama, que tem forte ligação com Luke Cage.

 

 

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Um quadro é o máximo de contextualização e informações sobre os personagens que o leitor terá ao ler Os Defensores.

 

Contando com uma trama vazia e cheia de exageros, a tentativa da Marvel nos quadrinhos em emular a série da Netflix (ambas foram lançadas quase que simultaneamente em 2017 nos EUA) só não é um fracasso total pelos bons diálogos e pela arte espetacular de David Marquez. É uma pena que esse seja um dos últimos trabalhos de Brian Micheal Bendis na Marvel por um bom tempo, já que o escritor que fez tanto pelo sucesso recente de Demolidor e Luke Cage, tendo criado Jessica Jones, entregou uma história de ação vazia e com zero consequências.

 

Defensores, Os n° 1 - Panini

 

Ficha Técnica:

Número de páginas: 124

Lançado em outubro de 2018

Formato Americano 17 x 26 cm

Lombada quadrada

Preço de capa: R$ 19,90

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.