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Resenha | Batman Gotham 1889 (Augustyn, Mignola & Barreto)

Encadernado reúne dois contos de Batman no final da Era Vitoriana, com a belíssima arte do criador de Hellboy. Infelizmente, a edição só funciona pela metade.

 

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É necessário destacar o quanto o personagem Batman é versátil. A história de um garoto que vê seus pais serem assassinados diante dele e jura que combaterá o crime que ceifou a vida dos seus genitores pode ser encaixado em diferentes situação, principalmente, por estarmos diante de um homem comum que utiliza apenas de sua força física, sua determinação e seu conhecimento adquirido após anos de treinamento.

É através dessa versalidade que histórias como Batman. Gotham 1889 (A Tale of Batman: Gotham by Gaslight no original lançado em 1889) e Batman: Mestre do Futuro (Batman: Master of the future no original de 1991) podem surgir, colocando o defensor de Gotham city em outro período histórico que não o nosso. No caso, no final da Era Vitoriana e começo do século XX.

A primeira história publicada nesse encadernado é o seu grande destaque, com roteiro de Brian Augustyn e arte de Mike Mignola, o, agora, famoso criador de Hellboy. Colocando Bruce Wayne/Batman em rota de colisão com o notório assassino Jack, o Estripador, temos a apresentação do personagem em um novo contexto, quando termina seu treinamento pela Europa e volta à sua cidade natal para atuar como um vigilante.

 

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O roteiro é simples, apesar das surpresas e boas representações da época, em especial, com a desconfiança que recai sobre Bruce Wayne ser o Estripador, haja vista nunca estar em casa de noite. Porém, o que brilha é a arte de Mignola. Adotando um traço pré-Hellboy, mais semelhante com que usou em Odisseia Cósmica para a DC Comics, o desenhista utiliza muitas sombras, nunca mostrando o Batman por inteiro, sendo a transição de quadros muito ágil, contribuindo para a história, além da ótima representação da Gotham do século XIX.

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Pode-se dizer que, mesmo o desenhista ali estar em seu começo de carreira (1989), o artista já demonstrava habilidade em sua narrativa, com seus traços finos, mas com muita expressão. E todo esse trabalho de Mignola é acompanhado pela arte final de P. Craig Russell, desenhista que dali trabalharia regularmente com Neil Gailman e faria obras fantásticas, como Sadman, Coraline e O Anel do Nibelungo.

 

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No quesito arte, os elogios, também, recaem sobre a segunda história desse encadernado. Em Batman: Mestre do Futuro, o argentino Eduardo Barreto tem um traço bem mais detalhista do que Mignola, e com cores bem mais vibrantes do que na primeira história, fazendo com que a qualidade dos desenhos continue em alta, apesar da mudança brusca de estilo.

 

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Porém, se a arte da segunda história merece elogios, o mesmo não se pode dizer do roteiro de Augustyn, que aqui volta como roteirista. Na trama, temos um vilão com motivações sem muito nexo, conduzindo uma trama confusa, já que o mesmo quer que Gotham pare com o progresso que as máquinas trazem, senão, haverá consequências. É inegável que o argumento e as motivações dos personagens são muito rasos, com exceção do próprio Bruce Wayne que tem que voltar a ser o Batman para deter a nova ameaça.

 

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O encadernado da Panini é apenas protocolar, já que não conta com nenhum extra, apenas com as capas originais e uma biografia dos autores ao final. A vantagem é que seu tamanha um pouco maior do que os encadernados que a editora lança valoriza a arte das histórias.

 

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Contando com uma bela arte, mas com um roteiro que só funciona na primeira história,  Batman Gotham 1889 é daqueles encadernados que mostram como o Homem Morcego pode se adaptar a diferentes interpretações, já que sua essência é um prato cheio para várias histórias, seja em que século for. Porém, para funcionar, precisa de bons roteiros.

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Ficha Técnica

  • Capa dura, com 120 páginas
  • Editora Panini
  • Lançamento em setembro de 2018
  • Preço de capa: R$ 37,00
  • Tamanho: 19 x 28 cm

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.