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Resenha | Drácula: Criadores de Sherlock revigora outro ícone literário em ótima adaptação

Os escritores de Sherlock, Mark Gatiss e Steven Moffat, trazem sangue fresco ao vampiro icônico, auxiliado em grande parte pelo desempenho lúdico e quase lendário do ator Claes Bang.

Drácula
Netflix/BBC

Os escritores de Sherlock, Mark Gatiss e Steven Moffat, trazem sangue fresco ao vampiro icônico, auxiliado em grande parte pelo desempenho lúdico e quase lendário do ator Claes Bang.

Curiosamente engraçado e absolutamente encantador, a Netflix em parceria com a BBC trazem um conto do Drácula em três episódios revitalizando um ícone literário que tem um pé dentro da cova há anos.

Isso era de se esperar, considerando que a minissérie foi co-criada e escrita por Mark Gatiss e Steven Moffat, a dupla por trás do renascimento mundialmente bem-sucedido de Sherlock que transformou Benedict Cumberbatch em uma estrela e Martin Freeman em um Hobbit.

Gatiss e Moffat fazem uma sutil referência a Sherlock – ou pelo menos, ‘’criam um detetive em Londres’’ – no segundo episódio de Drácula, sugerindo brevemente um cruzamento que pode ser muito tentador para seu próprio bem. Deixando de lado as referências descartáveis, há paralelos óbvios a serem traçados entre suas obras, especialmente no que diz respeito ao espírito desafiadoramente moderno que eles compartilham.

Várias falas memoráveis, principalmente do clássico filme de 1931, estrelado por Béla Lugosi, existem diversos momentos que eles usam praticamente a mesma luz e elementos do filme. Depois de dar as boas-vindas ao atormentado Jonathan Harker ao seu castelo na Transilvânia, o Conde Drácula nega o pedido Harker de se juntar a ele para uma conversa após o jantar. “Eu nunca bebo…” ele diz, e depois de uma pausa perfeitamente cronometrada continua, “… vinho”.

O ator dinamarquês Claes Bang não só se parece muito com Lugosi, como também dá um brilho único na forma de interpretar o príncipe das trevas. Você pode sentir sua alegria quando ele tem permissão para cravar os dentes em algumas das falas mais famosas de Lugosi como Drácula. Eu particularmente não conhecia Claes Bang e me interessei por todos seus trabalhos. É um ator fenomenal.

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Os trailer evitaram revelar nomes e habilidades de alguns personagens e vou escrever esta resenha sem spoiler, então muita coisa fica fora dessa discussão.

Assim como Sherlock, os três episódios duram quase 90 minutos, permitindo que Gatiss, Moffatt e os três diretores encarregados de ajudá-los a dar tempo para que a história seja coerente com aquilo que eles estão imaginando. Às vezes, as coisas ficam lentas, mas no final funcionam perfeitamente bem.

Demora um pouco para a estrutura de salto do tempo do primeiro episódio se justificar completamente, enquanto o episódio 2 de Agatha Christie, que se desenrola quase como um mistério de assassinato claustrofóbico a bordo do navio Demeter, parece muito isolado do resto da trama. O terceiro episódio é cheio de reviravoltas, considerei o mais criativo e com o melhor texto dos três episódios. É uma aula de cinema, mesmo sendo uma série.

Mas é o humor que diferencia Drácula de Gatiss e Moffat das dezenas de adaptações mais antigas, incluindo o filme de 1992 do diretor Francis Ford Coppola. Não é particularmente assustador, mas o programa está ciente disso, por isso, incrível. Recomendo.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.