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Resenha | Graphic MSP: Astronauta – Parallax (Danilo Beyruth)

Astronauta Parallax é o quinto volume da coleção MSP estrelado pelo Astronauta, criado por Maurício de Sousa. Danilo Beyruth resgata de forma sensacional a empolgação do leitor perdida no volume quatro (Entropia), que mais parecia um grande interlúdio, fazendo com que todos os álbuns do personagem se conectem, tornando tudo uma grande space opera.

Imagem promocional de Astronauta - Parallax
03 astronautas. 03 realidades. 05 volumes. Uma trama só. Parallax é empolgante e resgata o interesse do leitor perdido no volume anterior.

Quando escrevi acerca de Astronauta – Entropia, já falava no primeiro parágrafo:

“Quarto encadernado da saga do Astronauta na coleção MSP não aguenta o peso da narrativa do volume anterior, sendo Entropia o volume mais fraco até aqui, abandonando as reflexões e emoções do personagem para apresentar ao leitor uma história cheia de clichês e com um vilão genérico.”

Sim, o volume quatro de Astronauta me decepcionou muito. Até ali, tudo era tratado como uma história envolvendo solidão, ficção científica e reflexões sobre escolhas que fazemos (trabalho x vida social). A série Astronauta tinha me fisgado até ali, com o tom certo para tratar de forma mais adulta os personagens de Maurício de Sousa.

Porém, Entropia me pareceu uma história em quadrinhos mais do mesmo, não havendo a conexão emocional necessária para se destacar perante as outras edições, em especial, os volumes um (Magnatar) e três (Assimetria).

Porém, fui surpreendido com Astronauta Parallax. Não, o mesmo apelo emocional dos volumes iniciais não voltou, tendo seu criador, Danilo Beyruth apostado certo em transformar tudo em uma grande saga, interligando todos os álbuns até aqui.

É como se o leitor brasileiro estivesse experimentando o mesmo tratamento de álbuns europeus, sendo lançados a conta-gotas (o primeiro volume é de 2012!), mas valendo a espera para um grande desfecho.

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Imagem de Danilo Beyruth
O Astronauta “original” e sua filha, de outra realidade, terão que lidar com acontecimentos apresentados no volume dois (Singularidade).

Mas, vamos por partes: o que é Parallax? Ao fazer uma pesquisa rápida, o leitor encontrará respostas para o significado. Porém, a que mais me agradou foi: “parallax” é na verdade uma forma de enganar nosso cérebro utilizando objetos de tamanhos diferentes e com velocidades diferentes para criar um aspecto de profundidade.

E é isso que Astronauta Parallax trata. Utilizando personagens diferentes, em diferentes universos, o autor constrói uma grande teia de acontecimentos que desembocam em uma  história só.

Aqui, vemos não 2, como mostrado em Assimetria, mas 03 Astronautas em rota de colisão. O nosso, que podemos chamar de Astronauta Original; o Astronauta de uma realidade onde ele optou ficar com Rita e criar uma família, sendo que sua filha ficou presa em outra realidade, com o Astronauta Original, em Assimetria; e o Astronauta “maligno”, que é uma versão do personagem que viaja pelas realidades para colecionar Ritas, mostrando que sua frustração moldou seu caráter.

Imagem de Astronauta Parallax
Apesar de aparecer pouco na edição, a presença de um Astronauta frustrado e que viaja pelo multiverso colecionando Ritas é essencial para criar um antagonista para a série. Ou seja, o principal inimigo de Astro é ele mesmo, criado a partir de sentimentos de ressentimento.

Temos vários núcleos de personagens em Parallax, misturando realidades, e uma trama que, de tão boa, o leitor vai devorar a edição. Mas, claro, só podendo entender tudo se tiver acompanhado os álbuns até aqui. Melhor, se posso dar uma sugestão, ler todos os 04 volumes até aqui para apreciar o quinto volume em sua completude.

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Se encaminhando para o final de sua saga de ficção científica com, puxando mais para a space opera agora,  Danilo Beyruth entregou uma história que resgata o interesse do leitor e que deixa um gancho imenso para o próximo volume. As expectativas são altas.

Ficha Técnica

  • Capa mole e capa dura, lombada quadrada, com 100 páginas;
  • Editora Panini;
  • Lançamento em setembro de 2020;
  • Preço de capa: R$ 44,90 (capa dura) / R$ 34,90 (capa mole);
  • Tamanho: 19 x 26 cm cm (capa dura)  / 19 x 27,5 (capa mole).
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.