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Resenha | Heróis em Crise Nº 01 (Tom King & Clay Mann)

Em Heróis em Crise, primeira grande saga envolvendo os heróis da DC Comics pelo roteirista Tom King, o autor falha ao tentar causar empatia no leitor, já que o coloca no meio de um assassinato sem explicação, não tendo o cuidado de criar familiaridade com o santuário dos heróis e a dinâmica do local.

 

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A ideia é boa e os criadores envolvidos tem ganho bastante destaque por seus trabalhos nos quadrinhos recentemente. Tudo levava a crer que, ao desenvolver o psicológico dos super-heróis da DC e seus traumas, estaríamos diante de uma história que foge do convencional da saga que envolve lutas por universos paralelos e ameaças globais.

Porém, nessa primeira edição, Heróis em Crise mais choca do que instiga o leitor a continuar com a saga.

Capitaneada por Tom King, roteirista atual do Batman e responsável pelas premiadas Senhor Milagre na DC e Visão na Marvel, o objetivo era apresentar ao leitor o Santuário, local criado pelo Superman, Batman e Mulher-Maravilha, onde os heróis seriam tratados dos seus problemas envolvendo situações de estresse, que podem levar qualquer um à loucura.

Quando pensamos que no universo de super-heróis esses seres estão presenciando dia a dia fatos grotescos, a ideia de um retiro é, sim, plausível. Se formos parar para pensar que, só na trindade da DC, o Superman já foi morto e voltou à vida, o Batman teve sua espinha quebrada (para citar um caso entre vários ferimentos mortais) e a Mulher-Maravilha já teve sua origem apagada e recontada diversas vezes pelos deuses gregos, vemos o quanto pode ser abalado um herói.

 

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Porém, a ideia do santuário é só comentada nessa edição, que já começa com o massacre dos heróis que estavam ali. É um choque sem ligação emocional. É apenas ver alguns heróis mortos e pronto.

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O roteirista até tenta debater os problemas de alguns, já que há páginas dedicadas a eles falando de seus problemas para alguém de lá, como um psicologo. Mas é só.

Sendo bem sincero, a trama só funciona nos pequenos detalhes, como quando paramos e vemos que o Santuário é uma recriação da infância do Superman, herói que sempre esteve pronto par ajudar ao próximo, ou ao constatarmos que os robôs ali presentes são os pais do kriptoniano (que estão mortos nessa realidade) e que o local do santuário é uma fazenda que remete à propriedade dos Kent.

Talvez, esse seja o ponto alto da revista, já que começamos e terminamos a edição jogados em meio a um assassinato sem sentido, só nos sendo apresentados aos suspeitos: Gladiador Dourado e Arlequina.

 

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E é nesse ponto que surge o outro ponto positivo dessa primeira edição de Heróis em Crise: os desenhos de Clay Mann.

A trama só não desmorona logo de partida porque o desenhista cria cenas de tensão e ação de deixar os leitores de queixo atentos. A qualidade do desenho está bem acima da média, fazendo até mesmo com que o leitor continue a saga não pelo mistério de quem matou os heróis, mas para acompanhar o trabalho de Mann.

A chegada do Superman, a luta entre Gladiador Dourado e Arlequina e as expressões faciais (essencial em uma história que envolve o psicológico) chamam atenção.

 

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A edição da Panini está mais protocolar do que de costume quando envolve grandes sagas da DC ou da Marvel. Sem extras ou capas alternativas, a primeira edição é meramente protocolar, sem grandes chamativos, apesar do formato de luxo adotado. Sem falar que custa R$ 9,90 tendo apenas 24 páginas, valor acima do cobrado em outras edições da DC e Marvel com o mesmo formato e mais paginas.

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Jogando o leitor de forma direta em um massacre, o roteirista Tom King mais chocou do que causou empatia no leitor, já que a ele não foi apresentado o Santuário, local de tratamento dos super-heróis com traumas, fazendo com que Heróis em Crise comece de forma acelerada, mas sem alma, tornando-se apenas mais outra história de assassino oculto que será revelado ao final.

O saldo da edição só não é negativa pelo trabalho espetacular de Clay Mann, com suas cenas de ação e narrativa excelentes. Tudo isso em uma edição básica da Panini, mas com o preço bem elevado para o padrão das mensais.

 

 

Ficha Técnica

  • Capa cartão, com 24 páginas;
  • Editora Panini Comics;
  • Lançamento novembro de 2019;
  • Preço de capa: R$ 9,90;
  • Tamanho: 17 x 26 cm.
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.