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His Dark Materials | Crítica – 1ª Temporada – Episódio 2

His Dark Materials
HBO/BBC

Depois de positivas críticas e audiência recorde, o segundo episódio de His Dark Materials chega com toda uma hora do fascinante desempenho da atriz Ruth Wilson como a Sra. Coutler e momentos que a versão literária original não mencionou. O episódio deixou muito pano pra manga, porém, não deixou a peteca cair em qualidade narrativa, atuações e empenho da produção.

 

O segundo episódio faz algumas alterações do material de origem de Philip Pullman – que sempre soa arriscado para alguns. Embora ao adaptar His Dark Materials a uma série de TV, a produção do programa não estavam preocupado em mudar o livro, mas em expandi-los, optando por tecer novos elementos ou re-explorar personagens antigos como uma forma de reformular a narrativa para pessoas que não conheciam a história.

 

His Dark Materials | Crítica Resumo – 1ª Temporada – Episódio 1

 

E neste segundo episódio, estamos realmente começando a ver essas formulações se desdobrar. Enquanto a essência da história é uma espécie de mão dupla entre a Sra. Coulter (Wilson) e Lyra (Dafne Keen), também estamos começando a sentir a maior expansão do mundo do roteirista da série, Jack Thorne.

 

Enquanto as cenas retratadas no livro onde Lyra e Pan descobrindo a verdadeira vilania da Sra. Coulter estão corretas (e expandidas, como veremos mais adiante), também podemos notar o que outros personagens mais periféricos estavam fazendo naquele momento da história. Os gípcios, sem surpresa, estavam caçando seus filhos desaparecidos. Os níveis mais altos do Magisterium se preocupando em ocultar suas maldades e esconder suas reais intenções naquele mundo.

 

E quanto a Lord Boreal (Ariyon Bakare), serviu literalmente como uma ponte importante para um dos momentos mais chocantes do episódio – a introdução de “nosso mundo” na história, onde ele viaja usando um interdimensional ” janela” que só aparece no segundo livro da trilogia original de Pullman. Isso quer dizer que a série usará com mais clareza a viagem entre os mundos.

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His Dark Materials
Lord Boreal (Ariyon Bakare), HBO/BBC

 

Como você reage a essas mudanças dependerá muito da sua atitude em relação à adaptação literária em geral. E a série não foi produzida apenas para quem já leu, mas para qualquer pessoa que goste ou não de fantasia. Pessoalmente, acho que trazer esse elemento de viajar pelos mundos logo no segundo episódio pode ajudar os espectadores a se depararem com os conceitos mais loucos introduzidos no segundo e terceiro livros da trilogia de Pullman. Quanto mais Boreal aparecer, melhor.

 

Quanto a outras mudanças, porém, não tenho tanta certeza. Parece que será uma tendência His Dark Materials explicar demais o que está acontecendo na tela, isso pode ser um pouco ligado ao gênero e a história que eles querem contar – muitos espectadores apareceram no twitter achando complexo a relação entre daemons e humanos na semana passada – e parece que isso ainda vai durar algum tempo. Mas não é complexo.

 

Quando Lyra descobre os planos dos malvados Gobblers (Papões), Jack Thorne está claramente semeando um ponto da trama que será revelado mais tarde (e de maneira bem horripilante) no romance. O mesmo vale para a revelação de que o pai de Lyra não é outro senão seu “tio” Lord Asriel (James McAvoy), um fato entregue a Lyra muito tempo depois na história. São mudanças importantes, podem, como eu disse acima, mudar as perspectivas dos fãs, mas a série está fazendo tudo certo em relação a isso. Na abertura tem a explicação e só não vê quem não quer.

 

Ainda assim, esta resenha não deve ser apenas sobre comparações dos livros / TV – eu já escrevi um guia para isso – e, como drama, o episódio desta semana definitivamente entrega o que propôs. Claro, é possivelmente ainda mais lento em narrativa que o primeiro episódio, mas Keen e Wilson entregam um trabalho de caráter tão excelente ao longo de uma hora que é difícil reclamar disso.

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His Dark Materials
Ruth Wilson e Dafnee Keen em His Dark Materials (HBO/BBC)

A grande vantagem desta versão de His Dark Materials é que podemos ver o lado da Sra. Coulter, uma figura malévola e sombria que Pullman criou, mas estranhamente conflituosa e odiosa por causa de sua fraqueza ao lidar com Lyra. Contra ela, Keen consegue se defender e definitivamente incorporar a garota teimosa e sem medo que faz gerações de leitores se apaixonarem pela obra. Essa jovem atriz tem um futuro brilhante. Anotem isso.

 

Por enquanto, parece que a alma do trabalho de Pullman está presente, não importa quantas mudanças sejam feitas no material de origem. Mas, com mais seis episódios pela frente, só podemos esperar que a beleza do livro não se perca na adaptação.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.