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Dica de Leitura | Justiceiro: O Soviético (Garth Ennis & Jacen Burrows)

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Revisitando o título do vigilante mais violento da Marvel, Garth Ennis retorna em Justiceiro: O Soviético para contar mais uma história de guerra, mostrando que, enquanto os conflitos aleijam emocionalmente os soldados, enriquece seus superiores.

Arte de Jacen Burrows
Mostrando o “Vietnã da URSS”, o autor irlandês trabalha em Justiceiro: o soviético a guerra do Afeganistão na década de 1980 e suas consequências.

O leitor quer uma história de guerra? Leia algum trabalho de Garth Ennis envolvendo o tema, como Sara ou Campos de Batalha. Quer uma boa história do Justiceiro? Garth Ennis é o nome certo. Apesar de várias fases boas do personagem, Frank Castle teve seu ápice e razão de ser nas mãos do escocês maluco na fase Max, que durou de 2004 até 2009 nos EUA, finalizando em 2010 no Brasil, na saudosa revista Marvel Max.

Ennis, conhecido por ser um autor escatológico quando quer, como fez em Preacher, sua obra mais famosa, porém, estabeleceu o Justiceiro de vez nos anos 2000, apagando as gorduras de histórias ruins, como o Justiceiro mafioso ou o período como anjo, e entregou uma das melhores fases de um autor junto a um personagem de quadrinhos, com um tom sóbrio, na maioria das vezes.

Porém, Justiceiro no selo Max acabou há anos. Mas Ennis volta de tempos em tempos para seu campo de batalha junto a Frank Castle, como faz agora em Justiceiro: O Soviético e fez em Justiceiro: O Pelotão.

Arte de Jacen Burrows para Justiceiro o soviético
Frank Castle é fruto da guerra do Vietnã, que fez sangrar o orgulho de uma nação. Porém, o personagem nunca largou seu gosto por matar e estar no campo de batalha, na visão de Ennis.

Após encontrar criminosos russos mortos, Castle percebe que há outro caçador na área. E ele vai se deparar com um soldado russo que lembrará ele mesmo. Pois, se Castle é fruto da guerra do Vietnã, Valery Stepanovich tem seu trauma que o guia na guerra entre URSS e o Afeganistão, na década de 1980.

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E é bom o leitor estar preparados pros horrores da guerra. E, também, para perceber o quanto não evoluímos em nada após o fim da Guerra Fria. Tivemos apenas uma breve pausa. Afinal, a invasão da Rússia à Ucrânia é notícia diariamente, e o Talibã tomou novamente o Afeganistão, após anos de ocupação dos EUA no território. Como seres humanos, não saímos do lugar, só alimentamos a grande besta fera que é a guerra, como Ennis deixou bem claro em Justiceiro: Nascido para Matar.

Justiceiro: O Soviético é um ótimo quadrinho, com desenhos bons, mas é preciso ter sangue frio em vários momentos. Utilizando fatos verídicos da guerra do Afeganistão dos anos 1980, a história é brutal e não nos passa nenhuma esperança, como a guerra realmente é.

Com personagens bem escritos, sempre fico impressionado com a facilidade dos diálogos de Garth Ennis e como eles fluem bem. Em poucos momentos, o autor estabelece a personalidade dos envolvidos. O leitor sabe quem é um escroto, quem está quebrado psicologicamente, etc. É um texto simples para uma história mais complexas e cheia de nuances, que não aparecem no primeiro momento. Se o leitor ler de forma apressada, não vai aproveitar muito da obra.

Arte de Jacen Burrows para Justiceiro: O Soviético
Por trás de um personagem carismático, está um soldado que foi mandado para morrer com 19 anos pelos seus superiores. Os atos da guerra o destruíram, só restando a vingança contra quem vendeu a informação que levou à morte de seus amigos de pelotão.

Eu tenho algumas ressalvas com o desenhista Jacen Burrows. A principal é o fato que os personagens deveriam aparentar muito mais idade, como os artistas da fase Max fizeram. Porém, o desenhista não é competente nos desenhos dos rostos, dando uma jovialidade onde não deveria. Estamos falando de personagens com 50 ou 70 anos de idade. Porém, as cenas de ação, massacres e de guerra são incríveis. Um trabalho muito competente na parte da ação.

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Arte de Jacen Burrows para Justiceiro: O Soviético
A Marvel tem que trazer de tempos em tempos Garth Ennis para o título do Justiceiro, com histórias fechadas e sem ligação com o universo principal de super-heróis. A guerra de Frank Castle pelas mãos do irlandês sempre rendem boas histórias.

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.