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Resenha | Imperdoável – O Poder do Medo (Waid e Krause)

Os fãs de quadrinhos sabem o quanto o escritor Mark Waid é apaixonado pelo Superman. Tendo a oportunidade de escrever uma origem do personagem (Legado das Estrelas) e sendo o cocriador ao lado de Alex Ross de O Reino do Amanhã, Waid não esconde que o herói é uma das suas maiores inspirações, sendo o escritor um dos maiores conhecedores da cronologia do personagem.

E é de posse desse amor e conhecimento do herói da DC que Waid cria em Imperdoável uma história que inverte os valores de um ser análogo ao Superman, o agora vilão Plutoniano.

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Contando do ponto de partida que o maior herói da terra agora é o seu maior vilão, com poderes divinos e impossíveis de serem igualados, já encontramos os outros heróis desse conto em situação de desespero, correndo atrás de qualquer informação que possa levar a entender o porquê do Plutoniano ter se tornado mal, e, com isso, detê-lo.

É inegável que Waid adora a cronologia de heróis da Marvel e da DC, e, com esse conhecimento, ele pode trabalhar com arquétipos de famosos heróis, além claro da imagem do Superman corrompido. Porém, a simples paródia/homenagem poderiam diminuir o impacto de Imperdoável. Mas isso não ocorre porque o escritor se utiliza desses arquétipos para montar a sua trama, e não apenas para prestar homenagem a algum personagem famoso.

O leitor pode perceber semelhanças aqui ou ali, como homenagens aos Super Gêmeos, a Lois Lane e por aí vai. Porém, ao final desse primeiro volume da Devir, quem está lendo a trama percebe que aquele universo funciona por si, tendo toda a sua dinâmica. Todo personagem tem suas características e sua personalidade própria.

E é nessa dinâmica em que moram muitas diferenças em relação aos universos Marvel e DC, diferenças essas que estão no cerne do esgotamento mental do Plutoniano e que o levam a dar um basta na sua imagem de herói, passando a agir como um ser supremo e violento. Vide a reação da namorada do Plutoniano ao descobrir a identidade secreta dele ou até mesmo as constantes cobranças dos seres humanos pedindo que os salve e como isso leva o herói a cometer um erro de julgamento que matará muitos.

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O roteiro realmente empolga pelas suas homenagens, pelas suas caracterizações dos personagens, pelas situações extremas (a escolha de Qubit para salvar apenas 10 pessoas entre milhões é angustiante) e pelas suas revelações.

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A arte de Peter Krause casa perfeitamente com a proposta da história, pois o traço dele é adequado ao universo dos seres superpoderosos. Os desenhos ajudam o leitor a transitar bem entre o passado glorioso do Plutoniano e o presente de destruição e morte.

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Há que se notar que Imperdoável está sendo publicado novamente pela editora Devir em terras brasileiras, já tendo sido finalizado nos Estados Unidos pela BOOM! Studios. Na primeira tentativa, em agosto de 2013, a editora lançou uma edição em formato pequeno, com apenas as 4 primeiras histórias da saga. O título parecia realmente abandonado, até que a editora resolveu investir novamente nele, lançando uma edição com as 08 primeiras histórias do título, em formato americano, com capas cartão e dura (exclusiva da Amazon), da mesma forma que fez com Lazarus.

O interesse revigorado da Devir se mostrou até mesmo no recall que a editora fez da edição lançada lá em 2013.

Porém, a nova edição da Devir conta com um erro grosseiro ao atribuir ao desenhista Gene Ha a arte de capa. O verdadeiro desenhista é o americano John Cassaday. Erro que poderia ser facilmente detectado.

Contando com as capas originais e algumas alternativas, a nova edição da Devir ainda conta com um prefácio de Mark Waid e um posfácio de Grant Morrison.

 

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Contando com um roteiro inspirado e que faz o leitor acompanhar cada detalhe da trama, e que não se limita em simplesmente prestar homenagem, tendo desenhos competentes para uma trama de superpoderosos, o leitor tem uma oportunidade renovada de conhecer essa ótima história de Mark Waid e Peter Krause com o relançamento da Devir. Só resta agora torcer para a editora continuar a publicação do título.

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Ficha técnica:

Publicado em maio de 2018.

Capas: Cartão e Dura.

Preços: Capa Cartão (R$ 69,90); Capa Dura (R$ 89,90);

256 páginas.

Formato: 17 x 26 cm

 

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.