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Bem-vindo à Era do Super-herói LGBT

Lentamente, mas de forma gradual, o movimento LGBT está ganhando mais representação em Hollywood, particularmente no gênero de super-heróis.

No passado, aqueles que eram ‘‘esquisitos’’ em Hollywood eram forçados a ficarem fechados “no armário” por anos, às vezes por toda a carreira. Um exemplo famoso disso é Rock Hudson, famoso ator da Era de Ouro de Hollywood, cujos agentes frequentemente tinham que negar os rumores de sua homossexualidade. Mesmo depois de sua morte nos anos 80, havia sempre esse questionamento sobre a sua sexualidade, principalmente no contexto da época, em que ocorria epidemia de AIDS, a doença da qual Hudson morreu.

Agora estamos em um momento em que as pessoas LGBT estão interpretando a nova onda do cinema e TV: os super-heróis. O significado e a importância disso não caberá neste pequeno texto, mas já é um começo. Quanto mais as comunidades marginalizadas são representadas – mulheres, negros, a comunidade LGBT – mais fácil será para as crianças dessas comunidades encontrarem histórias que falem com elas e as ajudem a encontrar sua própria identidade. As grandes marcas/empresas de quadrinhos, DC e Marvel, deram início à era do super-herói LGBT na TV e no cinema.

The CW

(Reprodução)

A rede CW fez pela TV o que a Marvel Studios fez pelo cinema. O Arrowverse é um universo compartilhado de séries de super-heróis – Arrow, The Flash, Supergirl, Legends of Tomorrow da DC – que uma vez por ano tem um evento crossover épico. A CW, que obviamente trabalha com personagens DC, está “matando” quando se trata abertamente atores LGBT interpretando personagens.

O sucesso da CW com isso faz sentido, considerando que elas atendem ao público mais jovem, que são geralmente mais abertos em suas visões sociopolíticas. Além disso, o público mais jovem poderia lutar com sua própria ‘‘estranheza’’, tornando ainda mais importante que uma atriz como Ruby Rose seja escalada como Batwoman.

A escolha de Ruby Rose como Batwoman, uma super-heroína lésbica, é a última novidade da CW. Rose assumiu sua homossexualidade ainda jovem, aos 12 anos de idade. Ela também sabe como é lutar contra a não-conformidade de gênero e se identifica como genderfluid (Genderfluid ou Gênero Fluído, é quando uma pessoa se identifica com ambos os gêneros feminino e masculino. Ela pode um dia se sentir mais como um menino e outro como menina). Ela conta sua história abertamente, que é algo que os jovens precisam. No entanto, sua escalação para viver a Batwoman provocou uma reação negativa, levando a atriz a sair do Twitter pelos ataques machistas.

Felizmente, Nicole Maines, uma mulher transexual, ainda luta no Twitter contra esses ataques. Na San Diego Comic-Con este ano, a CW anunciou que Maines interpretará Dreamer, o primeiro super-herói transgênero da TV, em Supergirl. De acordo com a Variety, os produtores da série trabalharam com a DC Comics, GLAAD (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation – uma organização não-governamental estadunidense cujo foco é a monitoramento da maneira como a mídia retrata as pessoas LGBT) e membros da comunidade transgênero para “mostrar todo o espectro da humanidade e que todos podem ser um herói”.

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Para nunca esquecer, a CW já tem vários personagens LGBT e atores que os interpretam. Wentworth Miller e Russell Tovey, atores assumidamente gays que interpretam um casal na série nos eventos do último crossover, “Crisis on Earth-X”, causaram alvoroço ao darem um beijo gay em uma série para o público jovem; mais tarde, em The Flash, Frio anunciou sua intenção de se casar com The Ray.

Universo Estendido DC

(Reprodução)

Falando de The Flash, o Universo Estendido DC tem Ezra Miller como seu Flash. Miller teve rápidas aparições como Flash em Batman v Superman: Dawn of Justice e Esquadrão Suicida. No filme da Liga da Justiça do ano passado, Miller teve muito mais tempo para apresentar seu personagem, Barry Allen, ainda jovem, elétrico e amante de K-pop.

Ezra Miller falou sobre sua sexualidade em uma entrevista de 2012 na revista Out Magazine, descrevendo a si mesmo como “excêntrico”. No que diz respeito aos principais filmes, a presença de Miller no Unverso Estendido DC é significativa. Se os planos forem para um filme baseado no arco Flashpoint, ele será o primeiro ator abertamente LGBT a protagonizar um filme de super-heróis.

A DC no cinema não está bem, isso é uma realidade que precisamos aceitar. Novidades sobre o filme solo do Flash ainda estão incertas. Considerando o quão mal a Liga da Justiça se saiu nas bilheterias, a DC já começou a pensar em construir seus heróis no cinema com filmes solos e Flashpoint pode ser o começo de uma nova era.

Enquanto esperamos que Ezra Miller consiga protagonizar seu próprio filme e fazer o primeiro herói LGBT no cinema, também esperamos que o universo DC traga mais personagens e atores.

Marvel

(Reprodução)

A Marvel Studios não é tão óbvia quanto a CW/DC com seus esforços na representação LGBT. A personagem de Tessa Thompson, Valkyrie, teve insinuações que  ela poderia ser bissexual em Thor: Ragnarok. Enquanto Valkyrie é bissexual nos quadrinhos, para muitas pessoas LGBT a cena em que Valkyrie se desespera em tristeza com a morte de outra mulher e possível companheira lutando contra Hela, não foi suficiente para um esforço de representatividade.

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A Marvel Studios teve 10 anos e 20 filmes até o momento para ter personagens LGBT abertamente no seu universo cinematográfico. Kevin Feige falou que haverá personagens LGBT em breve, mas esse progresso tem sido lento e frustrante. Tessa até comemorou no Twitter, dizendo que interpretaria a primeira personagem LGBT da Marvel Studios, mas o estúdio resolveu não explorar a sexualidade da personagem, removendo algumas cenas.

Considerando o quanto os fãs da Marvel amam Tessa Thompson e sua personagem, certamente seria do melhor interesse para a Marvel Studio que Thompson explorasse mais a bissexualidade de sua personagem. Com Thompson, os espectadores não só obtêm mais representação para as pessoas LGBT em geral, mas também pessoas negras em Hollywood.

(Reprodução)

Embora não faça parte da Marvel Studios, Deadpool 2 é uma propriedade da Marvel que também apresentou várias sexualidades. Deadpool é um personagem pansexual, e o próprio Ryan Reynolds falou na Comic-Con sobre como a pansexualidade de Deadpool é algo que ele gostaria de explorar mais no futuro.

Deadpool 2 também tem um casal de lésbicas adolescentes com Negasonic Teenage Warhead (eu sempre prefiro deixar o nome dela original, soa mais legal) e Yukio. No filme o relacionamento delas é tratado como algo totalmente normal, o que é. Suas cenas juntas são aquelas em que eles estão saindo e apenas fazendo coisas que todos os casais fazem, e Deadpool e Yukio têm um relacionamento adorável e engraçado durante todo o filme.

A atriz que interpreta Negasonic, Brianna Hildebrand, é gay assumida. Em uma entrevista para a revista People, Hildebrand falou sobre como a Hollywood do passado manteria seu relacionamento fora da tela “em segredo”. No entanto, Hildebrand está bem com sua identidade e prefere falar abertamente sobre isso.

Sabemos que este é o futuro dos super-heróis (assim como do mundo real) – atores assumidos e personagens que encontram aceitação em um gênero que geralmente é resistente a mudanças. Independentemente de suas opiniões pessoais sobre sexualidade, haverá crianças LGBT que precisam se ver refletidas na mídia que consomem. Da mesma forma, a sociedade necessita se habituar a conviver com as diferenças. Assediar, ameaçar e criticar atores e roteiristas em suas redes sociais não é apenas imaturo, mas presta um desserviço aos jovens que poderiam se beneficiar de sua presença.

A Era do Super-herói LGBT está apenas começando, e nenhuma quantidade de bullying no Twitter vai mudar isso.

A Malú Flávia me ajudou neste texto que foi baseado numa matéria que a querida Angie Dahl fez em sua rede social.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.