A pandemia de COVID-19 continua a impactar a indústria de quadrinhos de diversas maneiras. Pequenas e grandes empresas estão vivenciando um dos seus piores momentos da história.
As vidas que foram afetadas pela epidemia do COVID-19 são quase numerosas demais para serem contadas – as reuniões ficaram reduzidas em frente de um computador ou smartphone, as viagens foram proibidas e estamos vivendo literalmente uma quarentena, como as que líamos em histórias de ficção científica. A indústria de quadrinhos está, como muitas outras, vendo mudanças maciças e assustadoras que o isolamento social prolongado pode ocasionar, principalmente a forma como compramos nossos quadrinhos.
No grande esquema da economia mundial, isso pode parecer apenas uma gota no balde. Mas uma olhada nos números de vendas da Comichron (maior e melhor site sobre vendas de quadrinhos no mercado americano) mostra dados terríveis: as vendas digitais estão um pouco atrás de 10% do volume total de vendas, e as edições, transações e revistas vendidas em lojas caiu pela metade. Pode parecer pouca coisa, mas só isso gera bilhões de dólares em perdas.
Isto é muito dinheiro. São muitos empregos perdidos. E isso sem contar que os livreiros, online ou não, estão quase todos de braços cruzados sem saber bem o que fazer ou esperar do futuro. As lojas de quadrinhos são uma parte pequena, mas importante, do sistema social e de negócios, onde quer que existam. Mas isso não isenta ninguém de suas responsabilidades de saúde pública para retardar a propagação da doença, e essa responsabilidade, combinada com algumas projeções bastante sombrias sobre quando isso pode acabar, fez com que o site Free Comic Book Day procurasse adiantar alguns dados.
Até semana passada, as lojas americanas de quadrinhos estavam trabalhando na seguinte estratégia: aumentaram a questão da limpeza e higiene do lugar, limitando a quantidades pessoas em suas lojas e quais produtos elas poderiam tocar. Outras lojas estimularam os clientes para visitarem suas lojas virtuais. E neste momento, é vital restringir a transmissão da doença, por isso, lojas de quadrinhos, virtuais ou não, estão sofrendo por todo o globo.
O Brasil foi um dos últimos países a ser atingido pelo coronavírus, que começou na China e se espalhou pela Europa. Agora, as editoras enfrentam o dilema de reestruturar sua grade de publicações para 2020, ainda sem ter um claro panorama da situação ou por quanto tempo ela vai durar. O site Universo HQ entrou em contato com as principais editoras do ramo no país para saber como serão as coisas daqui para frente, veja as respostas clicando aqui.
A Quinta Capa, por exemplo, criou sua própria estratégia nesta crise (clique aqui e ajude). “Pedimos que nossos clientes antecipem suas compras conosco. Comprem suas reservas com a gente de forma digital. Até criamos promoções especiais para isso. Outra alternativa foi lançar uma campanha para publicar um novo título para nosso catálogo. Assim, o cliente investe em uma produção local e injeta recursos em nossa pequena empresa”, disse Bernardo Aurélio, um dos donos da livraria e editora Quinta Capa Quadrinhos. E o projeto que lançaram no Catarse está indo bem: em 3 dias arrecadaram 65% do valor que precisavam para publicar seu novo título (Diário da Maromba), o que significa que os clientes estão entendendo e atendendo ao chamado da livraria. Mas diversos lojistas estão fazendo diferente, ou da melhor forma possível. Até semana passada, a Marvel tinha uma estratégia sobre a distribuição, venda e reposição de seus produtos.
A resposta da empresa foi chamar a pandemia de algo “nada assombroso” . No momento em que as lojas de quadrinhos precisam ter o máximo de dinheiro possível e talvez não consigam vender nenhum produto por meses, a resposta da Marvel foi aumentar os descontos existentes lá no mercado americano. Algumas lojas foram até cobradas pela Marvel por elas estarem atrasando as informações da retornabilidade (o que cada loja fatura com os produtos da editora). Sim, amigos, a Marvel estava fazendo pressão para as lojas venderem mesmo nesta crise. A Marvel só apareceu com novas estratégias quando o avanço do COVID-19 no território americano se tornou uma crise, mas como já sabemos, foi tarde demais. Para saber mais clique aqui.
Palavras da Marvel: “Continuaremos ampliando e conscientizando sobre esses esforços da melhor maneira possível para ajudar a incentivar seus clientes a usar seus serviços adicionais”. Isso pode parecer uma boa ideia de como ganhar dinheiro e, no papel, é – para grandes lojas onlines, como a Amazon, que pode se sustentar por um período de tempo longo. Mas e as médias e pequenas empresas?
Até o momento, não consegui dados suficientes de como a DC Comics está trabalhando com a crise editorial, mas logo terei informações suficientes e compartilharei com vocês.
Para quem sobrevive vendendo quadrinhos e livros no Brasil, a crise já existia e o futuro já estava meio cinzento para esse tipo de comércio. Com a chegada da crise graças ao COVID-19, a coisa simplesmente virou uma tempestade.
Obviamente, o cliente é a parte mais importante da equação. Então, cliente e leitor de lojas de quadrinhos, ajude! Pergunte o que suas lojas estão fazendo devido às regras de distanciamento social. Em seguida, trabalhe com eles para obter seus livros e quadrinhos preferidos ou inicie uma nova lista. Os quadrinhos dependem das lojas locais para prosperar, e você pode ajudar a garantir que eles continuem fortes e vivas.
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