A saga de Ned Ellis, um soldado americano socorrido à beira da morte por um xamã Sioux, que o escolhe como seu aprendiz sob a alcunha de Mágico Vento, é sem dúvidas o trabalho mais conhecido e celebrado de Gianfranco Manfredi nos quadrinhos. Publicado originalmente na Itália pela Sergio Bonelli Editore a partir de 1997, chegou ao Brasil via Mythos Editora, que o editou na íntegra no famigerado formatinho e papel jornal. Há poucos anos, ganhou esse relançamento em formato de luxo, capa dura e em cores.
Neste primeiro volume, temos compiladas as duas primeiras aventuras do personagem. Em “Forte Ghost“, Ned é salvo por Cavalo Manco, que o resgata de um horrível desastre ferroviário. Após algum tempo, já recuperado dos ferimentos, embora preserve uma farpa metálica no crânio, ele parte à procura de pistas sobre seu passado quando encontra Willy Richards, um repórter de Chicago que investiga um estranho acidente com um comboio militar.
Logo sabemos que Ellis era um dos passageiros do mesmo comboio, e, sendo seu único sobrevivente, uma peça-chave para descobrir a verdade que Richards, conhecido como Poe, pela semelhança com o famoso escritor, tanto busca. Afinal, ele pretende desmascarar os negócios obscuros de Howard Hogan, um empresário que enriquecera com a expansão americana rumo ao Oeste.
Já Ned precisa acertar as contas com aquele que traíra seus colegas de farda, condenando-os à morte… Mas por qual razão? Manfredi apresenta desde o início os elementos com os quais pretende trabalhar ao longo da série: um faroeste com elementos místicos, sobrenaturais, que também dê voz aos indígenas, os retratando além de estereótipos.
A segunda trama aqui apresentada, “Garras“, reforça isso, pois tão logo esteja de volta à sua aldeia, Mágico Vento precisa intuir os rastros de uma criança indígena, sequestrada por uma águia. Acredita-se que a ave encarne o jovem Fala-Com-As-Águias, um nativo que pretendia mostrar seu valor perante todos, mas fora desprezado até desaparecer em sua prova como guerreiro. Assim, só resta a Ned partir rumo às Terras Malditas, enfrentar os espíritos malignos que possam estar por trás do caso.
Os rituais praticados, as crendices e os desafios enfrentados por Mágico Vento; tudo assusta Poe, que assume os olhos do leitor na trama nesse processo de estranhamento e fascínio com uma outra cultura. Dessa forma, a série começa como uma leitura realmente diferenciada.
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