A farsa é, por definição, uma narrativa burlesca, que procura expor o ridículo das situações retratadas. Por isso, nada mais apropriado que a sequência de abertura deste maravilhoso volume, o sétimo da série “Os Grandes Enigmas de Martin Mystère” (publicação da editora Mythos, com 100 páginas em offset preto e branco, preço de capa R$ 26,90) em que encontramos o professor de férias em Cancún no México, na companhia de sua noiva e do inseparável Java.
Por um momento, enquanto ambos se afastam para aproveitar a paisagem, os eventos mais absurdos passam a ocorrer, envolvendo monstros marinhos, submarino nazistas e discos voadores; embora Martin nada observe, absorto em sua leitura. A sua resposta à pergunta de Diana quando volta (“Não aconteceu nada na nossa ausência?”) dá o tom do despropósito que encontraremos a seguir, numa narrativa que se inicia com uma ligação ignorada e passa por uma perseguição, um assassinato e um sequestro, chegando a uma investigação envolvendo grandes mistérios arqueológicos.
E no meio de tudo, o desconforto a cada quadro de que algo errado não está certo… Entretanto, como diria Rimbaud, a vida é a farsa a ser levada por todos, e o leitor, hipnorizado pelas reviravoltas mirabolantes do enredo, precisará seguir a trama até a última página para descobrir o que diacho se passa, afinal. Ou a farsa só se completa quando desvenda outra? Vincenzo Beretta e Alfredo Castelli parecem se divertir bastante no roteiro rocambulesco, submetido ao fino trato do lápis de R. Torti. Martin Mystère se mantém uma leitura diferenciada para os apreciadores da linha Bonelli.
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