O espanto. O horror. O fantástico. O inexplicável. Muitas são as sensações que a leitura de “Sherlock Time” nos desperta, ao longo de suas pouco mais de 170 páginas magistralmente desenhadas em preto e branco por Breccia.
Lógico, o absurdo da(s) narrativa(s) é um oferecimento de Oesterheld, verdadeiro monumento dos quadrinhos argentinos; que por sinal, finalmente ganham destaque no mercado editorial brasileiro. E a editora Comix Zone, liderada por @thiagoferreira e @ferrezoficial, tem sido caprichosa nesse movimento hermano pelas bandas de cá, montando um catálogo respeitável, verdadeiro mosaico dos talentos surgidos à margem do rio da Prata.
Este volume reúne breves contos (e um mais longo) publicados originalmente entre 1958 e 1959. Não aguarde explanações exaustivas e minuciosas: parte do encanto surge, justamente, da ignorância e maravilhamento que carregamos ao vislumbrar os mistérios investigados por Sherlock Time, um estranho que surge entre as plantas do jardim para salvar a vida de seu amigo Luna no último minuto, antes que fosse arremessado ao espaço pela torre de sua nova residência. Forma-se, assim, uma estranha mas sólida amizade.
Nos capítulos seguintes, novos casos aparecem, sempre cobertos por sinais inauditos que fariam os olhos de Fox Moulder brilharem. Seja um ídolo que desperta cobiça ou repulsa; uma viagem intempestiva rumo aos confins do universo; relatos de jogos de vida e morte tocados por estranhas criaturas com o ser humano… Saímos sempre fustigados pelo estranhanento que o amigo Luna tão bem estampa ao fim do jogral cósmico, espelhando as sensações do leitor.
O formato grande, em capa dura e com papel de alta gramatura, impõe ares de clássico ao trabalho que, por sinal, marcou a primeira parceria entre os criadores. A lamentar apenas a falta de uma apresentação dos autores, com uma biografia mais detalhada.
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