Entre o volume 2 (Dallas – 2008/2009) e o lançamento deste volume 3 (Hotel Oblivion – 2019), foram 10 anos de espera dos fãs do quadrinho e uma série de sucesso na Netflix no meio do caminho. Muita coisa pode mudar nessa década, seja no mercado de quadrinhos, seja na vida dos autores. Umbrella Academy foi uma bomba criativa no mercado de quadrinhos lá em 2007, 13 anos atrás.
Então, será que Umbrella Academy Volume 3: Hotel Oblivion consegue manter aquele clima de heróis desajustados, que são uma família problemática, em um mundo vibrante, cheio de maluquices e situações bizarras que abrangem desde o fim do mundo à viagens temporais?
Para sorte do leitor, Umbrella Academy Volume 3: Hotel Oblivion manteve o bom nível do passado, mesmo parecendo uma grande preparação para o que virá.
Desde a primeira vez que tive contato com a obra de Gerard Way e do Brasileiro Gabriel Bá, notei que era uma história de super-heróis bem diferente do que eu lia normalmente. Situações absurdas, com muito humor e personagens bastante interessantes e humanos, a história da família Hargreeves conquista quem a lê.
Para ser sincero, parecia muito (e Way não esconde isso) com uma obra do escritor Grant Morrison, só que com bons diálogos e com uma trama que não é confusa, marca do escritor escocês.
E é bom saber que o terceiro volume da saga dos Hargreeves não deixou seu criador preguiçoso. Ao contrário, Way investe mais e mais no absurdo e em ideias fora da caixinha (Klaus altamente viciado e envolvido com uma gangue de motoqueiros satanistas) ou grandes referências ao próprio universo dos super-heróis (a prisão de super vilões).
Claro que algumas coisas me incomodaram em Hotel Oblivion. A história parece ser uma grande preparação para o que virá e ela se passa em um período temporal tão rápido que seus personagens quase não são trabalhados, com exceção de Vanya, Klaus e um momento tocando com Alison.
Desde o final de Dallas e o começo de Hotel Oblivion, os heróis estão separados, e isso é uma constante na saga dos heróis, já que eles se distanciam a cada volume. Porém, neste terceiro volume, após uma fuga de vilões de um hotel fora da nossa realidade, onde os vilões da Umbrella Academy eram presos, os heróis terão que se reunir em um dramático final, quando novos segredos do falecido pai da trupe aparecerão para dar o ponta pé para futuras histórias.
E aqui cabe mais uma observação sobre Umbrella Academy. Desde Suíte do Apocalipse, volume um da saga, temos sempre duas histórias sendo contadas. A da família Hargreeves e uma trama que vai ser desenvolvida no próximo volume. Foi assim com a história do número Cinco no volume um e a história de John Perseu no volume dois. Aqui, temos algumas tramas surgindo, que só reforçam a minha impressão que Hotel Oblivion é um volume de preparação para o que virá.
A arte de Gabriel Bá está muito boa, porém, a evolução de seu traço nesses 10 anos entre os volumes dois e três me lembrou muito o que aconteceu com Mike Mignola.
Explico: pense em Mignola em Odisseia Cósmica da DC Comics, mas detalhista, lembrando muito Jack Kirby. Agora analise os desenhos dele em edições recentes de Hellboy. O tempo passou, o traço foi simplificando e, com menos detalhes e linhas mais finas, o artista vai contando a mesma história. Senti isso em Hotel Oblivion. O traço de Bá ficou mais simplificado, mas não perdendo a dinâmica e criatividade do passado.
Resumindo, Umbrella Academy ainda é um baita quadrinho, mesmo com tanto tempo entre os lançamentos dos volumes. O tempo passou, mas seus criadores não ficaram preguiçosos. Só podemos torcer para que o volume quatro não demore mais uma década, afinal, Hotel Oblivion serviu mais como uma grande preparação para o que virá no futuro da família Hargreeves.
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