Os leitores de quadrinhos envelheceram, ganhando novos gostos e sendo mais exigentes; e os preços dos quadrinhos estão nas alturas, limitando o acesso de um novo público às HQs. Porém, nas bancas, comics shops e nas lojas on-line, percebemos o retorno do formatinho, modelo muito conhecido por fãs antigos, só que a empreitada é voltada para o público jovem, mostrando que novos leitores devem ser formados.
Você daria Watchmen, que descontrói o gênero de super-heróis, pra uma criança ler? Ou a filosófica série Sandman? Que tal dar na mão de uma criança Cavaleiro das Trevas, obra clássica do Batman?
A não ser que você seja uma pessoa sem noção do que uma criança pode ou não absorver de uma leitura, a resposta é não. Eu, como leitor, me alfabetizei em quadrinhos com Homem-Aranha e Superman.
Era outra época, onde o hábito da leitura só concorria com vídeos games, como Nintendo e PS1, e televisão. Agora, a leitura concorre com um fator novo, cheio de opções e extremamente viciante: o celular.
Por isso, apesar dos cinemas e séries investirem mais e mais no gênero de super-heróis, a leitura dos quadrinhos não tem chegado como se deveria ao público mais jovem.
E, pensando nesse novo público de leitores, é satisfatório saber que a Panini, através da DC, principalmente, e da Marvel, tem investido em histórias para o público jovem, através dos selos DC Teens, DC Kids e Marvel Teen.
E esse modelo, no Brasil, está vindo com o retorno de um estilo que o brasileiro gostava bastante: o formatinho.
Pra quem não lembra, até o formato premium da editora Abril nos anos 2000, o padrão era as revistas em formato menor. Havia aqui ou ali o chamado formato americano. Porém, o formatinho imperava. E, foi ali, que virei leitor, tendo mantido até hoje minhas edições da época.
Posso afirmar que estou virando fã desse formatinho de Marvel Teens, DC teens e DC Kids. Vamos utilizar Querida Liga da Justiça como exemplo, que é o quadrinho certo pra chamar a atenção dos pequenos.
Roteiro engraçado (sério, tem piadas visuais muito boas) e desenhos fantásticos. Já era fã de Gustavo Duarte desde Chico Bento – Pavor Espaciar, mas aqui ele se superou. Todos os heróis cabem muito bem no traço dele, que é muito ágil.
E o melhor de Querida Liga da Justiça, e outros trabalhos do selo: o roteiro não trata a criança como idiota. Tem piadas e narrativa. Tudo de fácil compreensão, e que gera conexão com os heróis DC. A história do Superman não errar e levar uma multa por voar usando celular é excelente.
Esse formatinho, e essas histórias mais infantis, são essenciais para formação de novos leitores. Pena que o preço cobrado esteja salgado (R$ 24,90), pois tudo anda caro nos quadrinhos atualmente.
Eu só comprei porque estava acontecendo uma promoção na @quintacapalivraria
E, aqui, cabe uma diferença: a Panini tem utilizado o selo Marvel Teen para republicar histórias já lançadas na linha principal, como Homem-aranha: Miles Morales, Miss Marvel e Campões. Na DC, os trabalhos são autorais e pensados para o público jovem, como o do Lanterna Verde: Legado, que é um ótimo quadrinho.
A história do Lanterna Verde vietnamita é tudo que deveria aparecer mais nos títulos normais: criação de novos personagens (autores tem evitado, afinal, se você cria algo dentro desses universo, passa a ser propriedade intelectual da Marvel e DC, que não vão dar 1 dólar pra eles quando o herói gerar milhões no cinema), um herói jovem, arte muito boa e uma trama de fácil assimilação para o público jovem, mas não infantilizada.
E tem algo que eu adoro e que a DC parece ter esquecido: heróis de legado (o título já fala). Superman, Batman, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha são heróis consolidados em seus títulos. Nada impede a editora criar novos e que deem um futuro ao universo DC.
Novos leitores são essenciais, afinal, os quadrinhos são a porta de entrada de leituras para muitos jovens, que não podem pensar que os universos da Marvel e DC são originários dos cinemas. É muito gratificante saber que as editoras já tem material para apresentar ao novo leitor. Mesmo que o preço ainda esteja salgado.
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