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Resenha | Dampyr Nº 01 (Boselli, Colombo, Majo, Rossi e Dotti)

A Editora 85 dá prosseguimento ao lançamento de Dampyr no Brasil, trazendo as 04 primeiras histórias do personagem da Sergio Bonelli Editore que originalmente foram lançadas pela Mythos.

 

 

O mercado brasileiro de quadrinhos pode confundir o leitor ávido por boas histórias fora do eixo Marvel e DC. Muitas vezes um título passa de editora em editora, tendo diversas numerações, ou até mesmo é iniciado, mas não tem vida longa, sendo cancelado.

Esse parece ser o caso dos personagens da Bonelli, como Mister No, Dylan Dog, entre outros. Ao passar por várias editoras, surgem várias edições que não seguem a ordem de publicação original, e isso ocorre em especial com os títulos da Sergio Bonelli Editore. Foi dessa forma, começando não pelo início das histórias originais, que a Editora 85 lançou Dampyr nº 04 em março de 2018.

Em um volume financiado através da plataforma Catarse, principal estratégia de lançamento da Editora 85, que continha 04 histórias originais italianas, a editora apostou em um personagem desconhecido pelo leitor brasileiro, pois teve apenas 12 edições publicadas pela Mythos nos distantes anos de 2004 e 2005. Porém, essa aposta se mostrou acertada pelo fato que a qualidade das histórias presentes em Dampyr nº 04 era muito elevada, além da edição ser bem editada e bonita aos olhos, pois possuía o formato italiano, com vários textos editoriais, orelhas e preço bem acessível para o que estava sendo vendido ali.

 

 

Porém, ainda em 2018, devido ao sucesso do financiamento do volume 04, foi lançada a campanha no Catarse para Dampyr nº 01, sendo um sucesso também, e a edição pôde chegar ao mercado brasileiro com a mesma qualidade do número anterior pela Editora 85.

 

 

Nessa edição, que republica o material inicial da Mythos, contendo as 04 primeiras histórias do personagem criado por Mauro Boselli e Maurizio Colombo, enfim conhecemos a história de Harlan Draka, o filho de um Mestre da Noite (seres superiores e que criam vampiros, tendo poderes psíquicos e que alteram a realidade) e uma humana. O sangue de Harlan é capaz de matar tais seres, sendo considerado um risco pelos Mestres da Noite.

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Falando assim, poderíamos estar diante apenas de mais um anti herói que luta contra seres das trevas, com muitos elementos de terror pelo caminho. Isso não é de todo mentira, mas há um grande diferencial nas histórias de Dampyr que chama atenção do leitor: com exceção da terceira história (Fantasmas de Areia), o tema da guerra e da infiltração dos Mestes da Noite nos conflitos humanos é um grande destaque.

Se passando em no leste europeu em guerra (O Filho do Vampiro e A Estirpe da Noite) ou comandando pela máfia russa (Noturno Vermelho), as tramas de Dampyr misturam bem guerra, cenas de ação e terror.

As duas primeiras histórias (O Filho do Vampiro e A Estirpe da Noite) formam o primeiro arco do personagem, quando ele descobre seu passado, já que vivia apenas como um charlatão, enganando camponeses crédulos, e o joga no meio de uma guerra onde os vampiros (crias dos Mestres da Noite) estão se refastelando com as mortes humanas.

 

 

Também, ao leitor é apresentado personagens que acompanharão Harlan Draka por muito tempo, como Kurjak, soldado que perde sua motivação e acha uma nova que é acabar com os seres inumanos, e Tesla, vampira que se alia, a contragosto, aos humanos.

Todos os personagens que surgem nessas quatro histórias do volume 01 são muito bem explorados, com suas motivações e o quanto os acontecimentos das histórias vão moldando-os, como Tesla que no início é apenas uma vampira sanguinária e passa a ser uma valorosa aliada, mesmo tendo que lidar com a sede de sangue e as constantes provocações de Kurjak, outro ótimo personagem.

 

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Em relação aos desenhos, Dampyr nº 01 segue a tradição da Bonelli em escalar excelentes artistas para compor suas histórias. Os desenhos de Mario Rossi (Majo) em O Filho do Vampiro e A Estirpe da Noite, Luca Rossi em Fantasmas de Areia e Maurizio Dotti em Noturno Vermelho agradarão em muito o leitor que sabe apreciar histórias em preto e branco, tradição da Bonelli, cenas de ação e terror.

 

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Em relação à edição da Editora 85, a mesma mantém a alta qualidade do volume 04, com orelhas onde são mostradas as capas originais italianas e suas datas de publicação no Brasil e na Itália. Mas Dampyr nº 01 conta com uma grata surpresa. Há um editorial do próprio Sergio Bonelli lançado há época para a edição inaugural da Mythos. Trazer esse texto depois de 14 anos da primeira tentativa de publicação de Dampyr no mercado brasileiro demonstra o comprometimento da Editora 85 em continuar com o personagem, além de ser um belo agrado aos fãs de Bonelli no Brasil.

 

 

Dampyr nº 01 é daqueles quadrinhos que fazem valer a compra pela qualidade da história, dos desenhos e a bela edição em formato italiano com orelhas. Só nos resta torcer para mais lançamentos de Harlan Draka pela Editora 85, essa que tem se mostrado a segunda casa da Bonelli no Brasil, e a manutenção da qualidade dos volumes de Dampyr.

 

 

Ficha Técnica

  • Capa dura, com 384 páginas
  • Editora 85
  • Lançamento em dezembro de 2018
  • Preço de capa: R$ 44,90
  • Tamanho: 16 x 21 cm
Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.