Frequentemente, os roteiros de Tex colocam nosso herói em confronto com os maiores patifes que habitam o Oeste, mas poucas vezes a maldade é representada de modo tão contundente como em “Esquadrão Infernal”, um grande trabalho de Claudio Nizzi apresentado em Tex Platinum número 10. E a arte de Ugolino Cossu abrilhanta ainda mais um enredo que explora o lado persistente do ranger na caça aos bandidos.
Aqui encontramos Tex e Kit Carson em Denver, Colorado, atendendo a um chamado das autoridades locais, que há dois anos sofrem com os ataques na região de um bando numeroso de facínoras. Praticando os mais variados crimes, como assalto a banco e roubo de gado, o grupo é marcado pela crueldade de seus atos, deixando sempre um rastro de cadáveres e todo tipo de violência praticada.
As buscas empreendidas pelos soldados de Forte Brady e pelos xerifes dos condados próximos não alcançam resultado algum, de modo que o apelo feito a Tex e seu parceiro é a última tentativa de capturar os criminosos. Que, por sinal, cometiam naquele instante mais um de seus ataques sanguinários: o alvo da vez, o rancho da família Comstock. A ação é rápida. Os homens do rancho são mortos a tiros; os filhos de Jim Comstock são estrangulados sem misericórdia e sua esposa vítima de um estupro coletivo antes de ser assassinada.
É a partir desse crime hediondo que Tex inicia sua investigação, procurando pistas dos cavalos roubados na ação do bando. Aos poucos, nosso ranger vai juntando as pistas que o deixam surpreendido: tudo aponta que o batalhão de Forte Brady, membros do exército americano responsáveis pela segurança da região, seriam os próprios criminosos que fingiam perseguir.
Liderados pelo coronel Thorton, os militares armaram um lento e planejado plano que envolvia ataques indiscriminados aos indígenas da região, de modo a ganhar confiança e apreço do comando-maior e criar uma imagem que os colocasse acima de qualquer suspeita. Visando enriquecer e levar uma vida confortável no México, Thorton alicia todo o batalhão, que se alterna na formação dos grupos que praticam os ataques, criando um pacto de canalhice.
Tex e Carson, na companhia do xerife de Silverton, se aliam então a Grande Chuva, chefe indígena que impôs resistência à barbárie em curso pelos famigerados casacas-azuis, e decidem armar uma emboscada que encerre de vez o ambiente de terror criado pelo grupo de patifes fardados, intervindo justamente no último grande golpe planejado por eles. Mas muitas surpresas ainda surgiriam até a solução do caso…
Como destacado no início, alguns pontos chamam atenção nessa grande aventura do mestre Nizzi. Primeiramente, a falta de um nome apontado como líder do bando criminoso. Os adversários do ranger, ainda que escapem do braço da lei, geralmente são reconhecidos e alguns até se firmam na galeria de vilões combatidos ao longo dos anos. Buscou-se, assim, despertar no leitor uma expectativa sobre quem seria o responsável por causar tamanho banho de sangue na região, desembocando numa solução que choca à altura da curiosidade.
Outro aspecto interessante é como os atos criminosos são explicitados. A violência contra a mulher, por exemplo, raramente é tão flagrante nos enredos texianos como nesse volume, que deixa claro o trágico destino de Kate Comstock. O traço rico em detalhes de Cossu, que se mantém preciosista mesmo nas cenas de ação, torna tudo ainda mais impactante.
“Esquadrão Infernal” fica, assim, na companhia de grandes aventuras de Tex que fogem do habitual e se firma como leitura essencial tanto pelo roteiro de Nizzi quanto pela arte do romano Cossu.
FICHA TÉCNICA:
- Capa cartão, com 330 páginas;
- Editora Mythos;
- Lançamento em setembro de 2017;
- Preço de capa: R$ 26,90.
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