Em Black Hammer. Era da Destruição – Parte 01, terceiro volume do trabalho de Jeff Lemire e Dean Ormston lançado pela editora Intrínseca, a saga dos heróis exilados na fazenda chega ao seu clímax até aqui, resolvendo o grande mistério dessa saga e abrindo novos caminhos, mostrando que Black Hammer pode ser muito mais do que só uma história com um segredo que norteia tudo desde o princípio.
Para aqueles que ainda não leram o trabalho de homenagem e desconstrução do gênero de super-heróis que o escritor canadense Jeff Lemire vem fazendo em Black Hammer, é aconselhável que pare e confira o volume um e dois .
O que foi trabalhado até aqui é a desconstrução, misturada com homenagem, do gênero de super-herói, mostrando 05 heróis que, ao combaterem um inimigo que destruiria a terra, o Antideus, se viram presos em uma fazenda que faz parte de uma cidadezinha onde os personagens não podem sair, sob pena de falecerem imediatamente.
Ao longo dos capítulos anteriores, Lemire, que é um hábil roteirista que foca em tramas humanas e nos sentimentos de seus personagens, foi construída toda uma atmosfera de angustia e desolação para a Menina de Ouro (uma senhora idosa que está presa em um corpo de criança), Coronel Weird (que tem sérios problemas mentais), Barbalien (alienígena que tem atração por homens, mas tem que esconder isso devido aos preconceitos da terra) e Madame Libélula (que vem guardando um grande segredo, enquanto se exila ainda mais em sua cabana). Até mesmo Abraham Slam (a representação dos heróis da Era de Ouro e Prata dos quadrinhos), que se adaptou à nova realidade e se apaixonou por uma cidadã da cidade/prisão, tinha questões mal resolvidas que o incomodavam.
Porém, a chegada da filha do falecido herói Black Hammer, após um período onde passa literalmente pelo inferno, trouxe, enfim, a verdade sobre essa prisão que é a fazenda. Mas isso significa apenas novos problemas para os heróis.
Recheado de referências aos super-heróis da DC Comics, ao selo Vertigo e à Marvel, homenagem que é uma marca registrada da série, que se propõe a referenciar enquanto os destrói, Black Hammer. Era da Destruição – Parte 01 é o ponto alto da saga ao juntar todos esses elementos, aumentar o sentimento de aflição dos personagens que estão à beira de descobrir a verdade, mostrar conclusões e demonstrar que esse quadrinho não se prenderá apenas a um mistério central, como muitos outros.
Então, se o roteiro se mantém bom e alcança novos voos, sem esquecer a essencial do quadrinho, o trabalho de arte continua fantástico com a dupla Dean Ormston e Dave Stewart, vencedor de vários Eisners (oscar dos quadrinhos) pelo seu trabalho de colorização. Os designs dos personagens, suas expressões faciais e as várias homenagens merecem elogios, que já vem sendo feitos desde o volume um de Black Hammer.
Outra que vem mantendo a qualidade nesses três volumes é a editora brasileira Intrínseca. Em um volume com preço acessível (apesar da diminuição de páginas e manutenção de preço comparado aos volumes anteriores), com as capas originais e alternativas, vários extras, como os esboços das páginas, Black Hammer chega a sua terceira edição com um custo benefício imenso: qualidade mais preço acessível. Isso tudo se compararmos aos outros trabalhos de Lemire que tem saído em capa dura e um luxo desnecessário, fazendo com que o quadrinho pule uns R$ 20,00 no preço de capa comparado ao ótimo Black Hammer.
Com um roteiro excelente, que conclui muito do que vem sendo trabalhado até ali, continuando com a sua homenagem e desconstrução do gênero dos quadrinhos de super-heróis, além da ótima arte e acabamento editorial, Black Hammer. Era da Destruição – Parte 01 significa uma conclusão e um novo começo da obra de Lemire, Ormston e Stewart, fazendo com que o leitor fique mais atento do que nunca aos próximos passos de seus heróis aflitos e ávido pelo quarto volume.
Ficha técnica:
Capa comum: 136 páginas;
Editora: Intrínseca;
Lançamento: abril de 2019;
Dimensões do produto: 25,6 x 16,6 x 1 cm;
Preço de capa: R$ 44,90.
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