Com o financiamento coletivo da Segunda Edição do jogo sendo um sucesso, que tal conhecer mais sobre Pathfinder?
Apesar de Pathfinder ser um sistema que existe no brasil por algum tempo, a editora Devir não deu o devido suporte ao jogo. Por isso, muitos ainda não conhecem o cenário maravilhoso deste jogo. Além disso, não faz mal ajudar nossos amigos da editora New Order ao espalhar a palavra sobre o mar interior e a sociedade Pathfinder.
Origens
Apesar de hoje Pathfinder ser conhecido também pelo seu sistema próprio, o cenário de Golarion nasceu bem antes disso! A editora Paizo, responsável hoje pelo Starfinder e Pathfinder, era responsável pelo lançamento das revistas Dragon sob licença da Wizards of the Coast em 2001, na época da terceira edição. Nessas edições, além do material de D&D que todos sabemos, pequenas aventuras também eram lançadas; mas diferentemente de outras, estas tinham um tom mais maduro e próximos da fantasia pulp. Estes eram os primeiros passos de Pathfinder.
No final da vida da terceira edição de D&D, o pessoal da Paizo já tinha produzido muita coisa e muito material. Com o lançamento da quarta edição, a Wizards resgatou os direitos de publicação da revista, sendo a Dragon #359 o último lançamento responsável pela Paizo, em setembro de 2007. Em 2008 ela estava decidida que não iria perder todo o conteúdo que havia produzido e criou o primeiro cenário de campanha que utilizava as regras do D&D 3.5, ganhando um ENnie Award (Oscar dos RPGs) em 2009.
A partir daqui, a Paizo construiu, utilizando as bases do D&D 3.5, seu próprio sistema(com algumas poucas modificações), assim competindo com a 4ª edição de D&D. Eles também continuaram com a tradição de lançar aventuras dentro do cenário e avançando-o no tempo, sendo essas aventuras conhecidas como Adventure Paths. Com isso, um cenário de campanha atualizado para as regras próprias foi lançado. Esse chegou aqui no Brasil.
Hoje, com o sucesso da quinta edição de D&D, uma nova edição de Pathfinder está saindo, sendo lançada no Brasil pela editora New Order. Contando com um pacote próprio de regras novas, o sistema procura se distanciar cada vez mais do D&D. E, com ele, vem também um novo Guia de Campanha, para a Era dos Presságios Perdidos, mostrando as mudanças no cenário após a morte do deus da profecia.
O que faz de Pathfinder único?
Muita coisa. Como dito anteriormente, as Adventure Paths normalmente possuem um tom mais sóbrio, e apesar de o sistema permitir uma aventura heroica clássica com personagens lutando com dragões, o cenário de Pathfinder normalmente trabalha com aventuras mais diferenciadas. Se você quer saber de um exemplo, na primeira parte da Adventure Path Rise of the Runelords, uma personagem extremamente importante é uma Aasimar que vive numa cidade no interior, onde as crianças a tratam como uma aberração e os adultos como um tipo de remédio milagroso. Quando ela engravidou, foi abandonada pelo cara e o pai dela a prendeu em casa para orar por pureza, tornando essa Aasimar bastante raivosa, o que a leva a abortar e LITERALMENTE parir uma coisa monstruosa. Jesus Cristo, cara.
Outra coisa que é muito bacana também é a familiaridade com o mundo real. Cada nação que compõe o mundo de Golarion é análoga de algum país real, aumentando ainda mais a noção de ficção pulp do cenário. Mesmo o calendário do cenário não é difícil de acompanhar: Pegue o ano atual e some 2700 anos. Estamos em 4719 no calendário de Golarion.
Isso graças a um constante fluxo de aventuras. Desta forma, é plenamente possível seguir e acompanhar a cronologia do cenário sem se perder. Além disso, nem toda aventura de fato contribui para uma enorme cronologia. Existem também módulos de aventuras menores, que são interessantes e fáceis de serem lidos.
Contexto
Decidi também falar um pouco sobre a história do contexto atual desse mundo. Não fiz isso antes, porque Golarion é um planeta, com inúmeras civilizações que contam a história de sua própria forma.
Mas a história de Aroden é uma que vale a pena ser contada. Muito porque tange boa parte da mitologia e história de Pathfinder.
Azlant foi a primeira grande civilização humana a alcançar glória (análoga de Atlantis). Avanços na área das artes, arquitetura e magia eram sem precedentes. Pra que você tenha uma ideia como os Azlanti eram fodas: Se um desses fosse entrar como raça jogável, eles teriam +2 em TODOS os seis atributos. Tudo isso aconteceu durante a Era das Lendas, enquanto os outros humanos estavam sendo devorados por Pessoas-Cobra Yuan-Ti.
Mas sabem aquela piada velha de RPG de… “Pedras caem e todo mundo morre”? Foi bem isso que causou o fim da civilização Azlanti. Em um evento de chuva de meteoros conhecido como “A Queda da Terra” (Tradução da Devir para “Earthfall”). Existem muitas histórias sobre o que causou esta chuva de meteoros, e cada cultura compreendeu isso de uma forma diferente.
Os anões, por exemplo: Quando os Meteoros chegaram e a terra tremeu, eles nunca tinham ido à superfície ou tido contato com outras raças. Eles associaram o tremor da terra a uma profecia que seu Deus criador, Torag, eventualmente tocaria um sinal que todos os anões sentiriam, simbolizando que era hora de ir para a superfície. Os que não atenderam ao chamado de Torag se tornaram os Duergar. Existe também uma conspiração envolvendo os Aboleths, mas é melhor vocês descobrirem sozinho, se não o texto fica muito extenso.
O fato é: A Queda da Terra dizimou Azlant, e um dos poucos sobreviventes foi Aroden, um excelente ferreiro/soldado. Ele guiou alguns sobreviventes para Avistan, continente análogo da Europa, e lá entrou em contato com as outras raças. Seu plano era estudar e recuperar os avanços perdidos da civilização Azlanti em todos os campos.
Mas de alguma forma, ele se tornou imortal. Seu tempo de vida em muito superou o de seus companheiros sobreviventes, e assim Aroden adquiriu o título de “O Último dos Primeiros Homens”. Aproveitando a oportunidade que havia ganho, estudou as doutrinas arcanas e eventualmente transferiu sua mente para o Grande-Além do Multiverso. Estudou diversas doutrinas e filosofias alienígenas que expandiram sua visão e perspectiva. Quando retornou, tinha um objetivo em mente: A construção de um novo destino para a humanidade como um todo.
Aroden neste ponto já era o cara mais foda na existência, provavelmente um PJ a atingir os níveis épicos. Ele é conhecido também por LITERALMENTE LEVANTAR UMA ILHA DO FUNDO DO MAR. Esta ilha é conhecida como Absalom, e continuaria a existir muito depois de Golarion ter acabado (Em Starfinder, o planeta Golarion não existe, mas a estação espacial Absalom sim). Foi este ato que o fez ascender definitivamente à divindade.
Como Deus da Humanidade, Aroden trabalhou em proteger e ajudar seu desenvolvimento. Guiou as mentes mais brilhantes para a ilha de Absalom para desenvolvê-la como um bastião da ingenuidade humana. Por várias vezes, ele fazia interferências diretas ao destruir os inimigos da humanidade.
Mas, isso não seria uma boa história se tudo desse certo. A doutrina de Aroden se expandiu, mas suas intervenções se tornaram cada vez mais distantes e esparsas. Até que eventualmente… Todos os clérigos de Aroden perderam sua conexão com o Deus e seus poderes divinos. Isso só podia significar uma coisa: Aroden estava morto.
E é aqui onde Pathfinder existe. O Deus que guiava a humanidade está morto, fazendo Golarion adentrar forçosamente na Era das Profecias Perdidas e dos Juramentos Quebrados. Não há mais quem guie a Humanidade para um destino de grandiosidade, e tudo que resta é que ela seja sábia o suficiente para criar seu próprio destino.
Existem muitas outras peculiaridades neste cenário, como os Halflings extremamente corajosos (ao contrário dos Bon Vivants de outros cenários) que livram seus iguais da escravidão em Cheliax; elfos que se adaptam fisicamente ao ambiente em que vivem (daí tantas variações de elfos), mas tudo isso é demais pra um texto só.
Considerações finais
Apesar de ter um sistema próprio, o cenário de Pathfinder pode facilmente ser jogado no seu sistema favorito, pois o Guia de Campanhas atual é escrito não como um compêndio de regras com curiosidades sobre o lugar, mas LITERALMENTE como um livro de geografia, com direito a mapas de regiões mais específicas, histórico do lugar e relações internacionais.
É massa. Ah, e goblins. Os goblins do cenário são… uma peça. Recomendo ler os módulos Nóis é Goblin e o recém-lançado Nóis é Herói?(que você pode baixar grátis aqui).
Não perca os outros artigos da série onde visitamos vários cenários.
Poxa, senti falta de mais detalhes do cenário em si!
Deu pra sacar bem os bastidores do cenário (quando/como foi criado, como ele evolui, etc), mas não ofereceu muito da história do mundo em si (como são os deuses? como é a magia? quais são as principais regiões? etc, etc).
Dá margem prum segundo artigo no tema, não dá? ^^