Superman: Para o alto e avante tem a marca registrada de Tom King no roteiro, que é trazer o peso e a responsabilidade do manto do herói, e das responsabilidades que isso traz, ao cerne da narrativa.
Eu estava lendo a matéria do nosso colega editor Pikachu sobre Até quando os roteiristas acharão que o Superman precisa ser mau? e me veio a mente que li recentemente Superman: para o alto e avante.
E esse encadernado, que foi lançado nos EUA dentro de uma revista mix que ia diretamente para a rede varejista Walmart, me fez refletir novamente sobre o Superman.
Quando escrevi uma matéria chamada O SUPERMAN QUE ZACK SNYDER LEU (e não entendeu!), sofri algumas críticas nas redes sociais (o que é do jogo), as quais afirmavam que a visão do Snyder era a uma faceta do herói, portanto, era válida. E isso me fez perceber o quanto a imagem do maior herói dos quadrinhos é tema de um debate acalorado e controverso nos últimos anos.
Eu continuo achando que o Superman que a Zack Snyder levou para os cinemas nos últimos anos não é digno desse título. Ele é mesquinho, parece salvar os outros de favor, não tem nenhuma ligação com a humanidade, só se importando com sua família e Lois Lane, e é brutal sem justificativa, basta ver as atitudes extremas que teve perante Zod e Lobo das Estepes no cinema.
E essa imagem distorcida do cinema só parece mais errada quando vemos o Superman em mídias como os quadrinhos, em especial na fase atual de Brian Michael Bendis, e na série Superman & Lois, da CW.
Desse misto de interpretações, Superman: para o alto e avante esteve em minhas mãos para leitura.
E já é bom esclarecer algo: Tom King está fazendo o que mais sabe nos quadrinhos, que é colocar uma alta carga dramática e reflexões acerca do papel que determinado herói exerce.
Ele fez isso em Batman, ele fez isso em Senhor Milagre, ele fez isso em Visão. E ele faz agora com o Superman. Isso torna os roteiros de King repetitivos? Eu não vejo dessa forma. O autor pega toda a carga dramática do legado do herói e despeja em uma narrativa que mistura responsabilidade, alegria, dor, tristeza e esperança.
É um verdadeiro misto de emoções. E vermos que o Superman irá ao limite do universo para salvar a vida de apenas uma garotinha que foi raptada é gratificante, já que o último filho de Kripton é isso, um herói que faz o impossível para salvar as pessoas.
E nessa odisseia pelo universo, veremos uma grande homenagem à histórias passadas e conceitos que vira e mexem retornam ao universo do Superman.
Temos aqui, viagem no fluxo do tempo (em uma ótima história com o Sargento Rock), o herói sendo tentado por Darkside, Superman sendo separado de Clark Kent, uma polêmica passagem do personagem imaginando o que pode ocorrer com Lois Lane se ele não estiver por perto na terra, o Superman entrando em um torneio de boxe intergaláctico (ótima homenagem à clássica história envolvendo Muhammad Ali). Temos até a clássica corrida/disputa entre Superman e Flash!
Tudo isso na arte de Andy Kubert, que é a escolha ideal para mostrar os momentos épicos da história e faz uma boa caracterização com o rosto dos personagens, demonstrando muito da emoção que estão sentindo.
Por isso, ao ler Superman: para o alto e avante, concordo em gênero, número e grau com a constatação do nosso amigo Pikachu, no texto que abriu essa matéria:
“Nunca haverá um Superman mal. É uma impossibilidade tão ridícula quanto um Capitão América fascista. Há uma razão pela qual os supermen maus vêm e vão, mas o personagem do Homem de Aço está quase totalmente inalterado desde sua estreia em 1938. É a mesma razão pela qual o tom do Batman pode mudar enquanto permanece fiel ao personagem, mas o do Superman não pode – porque seu tom , tão esperançoso e idealista, como sempre foi, é seu caráter.”
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