Resenha crítica com pitadas de spoilers do KDrama Hae Ryung, A Historiadora disponível na Netflix.
Hae Ryung, A Historiadora (Rookie Historian Goo Hae Ryung) é uma fantasia histórica e romântica que se passa na Dinastia Joseon no período de 1800. Goo Hae Ryung, passou em outubro de 2019 e está até hoje no catálogo da Netflix.
O primeiro episódio já tem a protagonista lendo e explicando o livro Os Sofrimentos do Jovem Werther de Goethe, além de dá sua interpretação sensata de como Werther, o personagem do livro, é um modelo negativo de uma pessoa com coração partido, ela explica o quanto isso é prejudicial quando levamos isso para a vida amorosa real. Bem aqui, eu pensei: “Olha, não assistimos um KDrama de época assim todo dia”. E claro, nota-se que o romance dessa novela não será do tipo de vida ou morte existencial de Werther. A cena toda foi só para deixar claro o quanto Goo Hae Ryung era uma mulher incomum numa época histórica coreana dominada pelo machismo.
A série é repleta de personagens femininas fortes e, em termos de gênero, é multifacetado; enquanto há o romance entre os protagonistas Goo Hae-ryung (interpretado pela sempre incrível e divertida de assistir Shin Se Kyung) e o jovem príncipe Dowon (Cha Eun Woo), existem entre eles os momentos mais cômicos da trama, também temos intrigas políticas, muitos mistérios envolvendo herdeiros e grandes momentos de jogo de poder entre a família real. Além disso, você aprende sobre o papel dos historiadores na era Joseon, o que é realmente fascinante e que me cativou em Hae Ryung, A Historiadora. Esses ingredientes se misturam lindamente neste KDrama sobre quatro jovens de uma era Joseon alternativa que lutam pelo direito de também serem historiadoras, um trabalho que até o momento histórico, era de domínio masculino.
Desde o início, o KDrama joga ao telespectador que não será apenas mais uma fantasia histórica romântica. Nos primeiros episódios,os próprios roteiristas fazem piadas sobre esse tema, já que existe um autor famoso e desconhecido no reino escrevendo sobre o amor de uma forma nunca vista antes, algo totalmente irreal para as mulheres e casais da vida real. E quem foi a pessoa que começou a criticar esses romances populares como algo totalmente infundado? Ela mesma: Goo Hae-ryung. Sua atitude contemporânea e racional em relação ao romance, bem como a maneira como ela continua cruzando rígidas fronteiras sociais e seguindo suas próprias convicções, a marcam claramente como um modelo na vida real. E suas ações não convencionais proporcionam muito suspense e comédia na trama principal.
Do outro da história principal, existe o apaixonado, idealista e romântico Príncipe Dowon, que é a personificação do romântico irrealista, coisas que Hae-ryung mais odeia. Acaba que ela se apaixona por ele e assim está formando toda a trama do KDrama. Em seguida, ela também acaba descobrindo que era ele o tal do autor que estava fazendo sucesso vendendo livros românticos! Então, a coisa descamba total, ainda assim, a trama consegue estruturar bem os dois, suas convicções e que ainda vale a pena idealizar o amor de alguma forma.
Além dessas reviravoltas interessantes sobre a narrativa romântica entre os dois protagonistas, Hae Ryung, A Historiadora, se destaca por retratar os ocidentais e a cultura ocidental sob uma luz extraordinariamente positiva. Esse retrato da cultura ocidental como algo positivo é exibido ainda mais no caráter de um cidadão francês em busca de seu irmão, que ensinou técnicas médicas avançadas aos coreanos.
E esse momento é o grande plot de toda a narrativa da história. O Rei anterior ao pai do Príncipe Dowon abriu as portas para a ciência, medicina e educação ocidental ao Reino e isso acabou causando sua queda e a destruição de suas ideias utópicas, onde acreditava que fazendo isso, traria a modernidade para Joseon, principalmente na medicina e ciências. A série usou elementos históricos reais para tratar do tema como a epidemia de varíola e seu tratamento, além de mostrar o quanto Joseon estava atrasado em relação ao resto do mundo para combater doenças e outras epidemias.
Enquanto ficção, Hae Ryung, A Historiadora, segue seus desafios na sociedade patriarcal neoconfucionista, mas tudo de uma forma agradável de assistir. O papel dos historiadores durante a dinastia Joseon é fundamental, já que eles de verdade foram encarregados de escrever os Verdadeiros Registros da Dinastia Joseon. Documentando assuntos de estado, vida cotidiana, artes, economia, clima, religião etc. A independência que os historiadores tiveram é realmente destacada neste KDrama. É lindo assistir eles e elas capturando a vida cotidiana, usando o poder de contar uma história precisa para afirmar sua independência e o valor dado a ter um registro histórico livre de influências externas para que a história que foi escrita fosse crível. Isso foi muito marcante para mim.
Por fim, Hae Ryung, A Historiadora, tem história, tem amor, tem ciência, tem mulheres incríveis e um tem um final muito bonito. Por tudo isso, eu recomendo forte.
Hae Ryung, A Historiadora está disponível na Netflix.
Quando vi a série pesquisei sobre historiadores e seu papel real na história… e a curiosidade de historiadoras mulheres, eu imaginei que talvez fosse ficcional essa parte mas fiquei curiosa pra saber se realmente rolou ago assim… quer dizer de onde veio a inspiração sabe, e enquanto pesquisava eu descobri que realmente é ficcional, não houve historiadoras mulheres como a série mostra, mas o que eu achei MUITO interessante e legal é que talvez quase houve sim… parece que em um dos registos históricos alguém sugeriu ter historiadoras mulheres para relatar as partes cotidianas da vida das mulheres da corte, assim como a série começa com a ideia das mulheres historiadoras, mas parece que essa ideia logo morreu assim que nasceu, o que no post que eu li dizia ser uma pena pois foi perdido esse lado da história que tais mulheres teriam relatado… olha eu lembro que achei isso em um site em meio a minhas pesquisas, e o site não tinha nada associado ao k-drama, falava sobre os historiadores e sobre essa curiosidade… mas não consigo achar esse site agora, então não sei se é verídica a informação… só sei que achei interessante realmente ter tido um “quase” para mulheres historiadoras na história de Joseon… e bem me peguei imaginando se talvez lendo um artigo assim foi que a ideia para Hae Ryung, A Historiadora surgiu… bem não sei, só sei que amei a sérei e amei conhecer mais da história da Coreia, foi meu segundo k-drama de época e me apaixonei mais ainda pelo gênero… abraços…
Poxa, obrigado pela informação e pela leitura! Muito importante essa parte histórica que pouca gente conhece, aliás, sem esse drama, a gente nunca saberia disso, entao a parte de contar uma história e essa historia marcar a nossa vida, esta feita. Obrigado novamente!!
Vale muito a pena assistir, tem romance, história , política, humor, tudo junto e misturado e deu muito certo. Pena não ter uma segunda temporada…