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Crítica | A Liga da Justiça de Zack Snyder

Longo, A Liga da Justiça agradou mais do que decepciona.

Liga da Justiça
Reprodução/HBO Max

Zack Snyder finalmente entrega seu corte de A Liga da Justiça e movimenta todo o planeta mesmo que seu filme seja longo. 

Como fã da DC e do Zack, serei imparcial o máximo que conseguir. Não me julguem tanto.

Depois de cinco anos longos de espera, A Liga da Justiça de Zack Snyder, o SnyderCut, finalmente foi lançado. Demorou? Demais. Para quem não conhece sua história: o filme da Warner Bros. foi originalmente dirigido pelo Snyder e seria o penúltimo dele no universo DC que começou lá em 2013 com Man of Steel, porém, o diretor teve uma perda familiar terrível e acabou abandonando o filme na quase pós-produção. Como era um investimento pesado do estúdio, a Warner então contratou Joss Whedon (Os Vingadores) para lidar com as refilmagens e o resto da produção, o que resultou em um estranho híbrido Whedon-Snyder chegando aos cinemas em 2017. Esta versão do filme acabou se transformando em uma completa tragédia de crítica e bilheteria. Saiba mais clicando aqui.

Pois bem, o filme da Liga da Justiça da visão do Zack iria para algum HD externo e todo mundo seguiria sua vida tranquila, porém, os fãs que odiaram a versão do Joss bateram panela nas redes sociais por longos quatros anos querendo assistir essa versão, sendo o Brasil um dos países mais barulhentos do mundo neste quesito.

Uma conversas de bastidores ali, uma liberação de dinheiro acolá e a HBO Max anunciou que o ‘Snyder Cut’ original finalmente seria lançado no serviço de streaming. Não só isso, mas o diretor receberia um orçamento robusto para polir o trabalho de CG inacabado e fazer um pouco mais de filmagens para incluir personagens como o Coringa de Jared Leto e o Caçador de Marte. O filme seria dividido em capítulos, depois resolveram lançar tudo de uma vez e assim, A Liga da Justiça de Zack Snyder foi lançado com quatro incríveis horas de filme.

Liga da Justiça começa com a morte de Superman no final de Batman vs Superman, nos seus momentos finais, ele dá um grito que ecoa por todos os cantos da Terra – ativando as três Caixas Maternas que estavam escondidas no planeta e protegidas pelas Amazonas, Atlantes e humanos. Essas ativações fazem o vilão Steppenwolf (Lobo da Estepe) chegar à Terra com um exército de Parademônios para tentar reuni-las mais uma vez para seu supremo e eterno mestre e trazer novamente o evento catastrófico chamado “a Unidade”.

Como protagonista do filme, Batman se sente culpado desde a morte de Superman e, ao perceber um apocalipse potencial no horizonte, se propõe a reunir uma equipe de super-humanos para detê-lo. Essa é a essência do filme, embora o que acabei de descrever leve quase duas horas para se desenrolar. Uma grande parte do filme que você viu no cinema ficou intocada nessa primeira parte, mas também significa que a história se desenrola aproximadamente da mesma maneira. Como é um filme que já sabíamos o final, não existem grandes plots, além do mais a presença de Darkseid no filme é mínima. 

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Por ser uma versão do diretor, ele gastou o tempo que foi necessário para contar alguma coisa e isso pode ser um pouco lento ou bagunçado para pessoas que não tem paciência. Cenas como Lobo da Estepe lutando contra amazonas para roubar uma caixa materna parece um filme dentro de outro filme, muitos espectadores e fãs reclamaram que se arrastou mais do que deveria. Além, é claro, que os efeitos em CGI estão um pouco feios e datados.

Mas o grande problema do filme foi a utilização da câmera lenta. Se removesse todas as cenas em câmera lenta, Liga da Justiça teria 24 minutos a menos no seu tempo. Porém, a paleta de cores é brilhante, parece monótona (cinzas a morrons demais), mas para o apelo visual do diretor, ficou muito bonito de assistir.

Você esperava que uma boa história compensasse tudo isso, mas algumas coisas ainda são problemáticas no quesito narrativa. A primeira hora do Snyder Cut gasta muito mais tempo desenvolvendo cada membro da Liga da Justiça, o que teria sido ótimo se tivesse sido executado bem ou mais direto. Eu adoraria saber mais sobre as aventuras do Flash combatendo o crime em Central City, por exemplo ou uma cena do Batman num beco escuro todo depressivo. Apesar de tudo, o primeiro encontro do  Aquaman com Mera e as origens trágicas de Cyborg são incríveis e profundas.

Snyder teve a difícil tarefa de apresentar um monte de personagens e dar a cada um deles arcos enquanto também construía uma história para o fim do planeta, deem uma folga para ele sobre isso. Poderia ser mais firme? Poderia. Por exemplo, o Aquaman não se sente menos poderoso só porque foi repreendido pelos atlantes várias vezes. O pai do Flash estando atrás das grades trás um drama ao universo do herói, mas isso não é desenvolvido até o final do filme. A Mulher-Maravilha nem mesmo consegue um arco – ela apenas recebe a mensagem das Amazonas de que um apocalipse está próximo e começa a fazer alguma coisa. Mas esses plots atrapalham a narrativa do filme? De modo geral, não.

O único personagem que se beneficia desse tempo de tela extra é o Cyborg, cuja presença é amplamente expandida e sentimental. Apesar de tudo, ela passou a maior do filme do meditando e literalmente dizendo “F**** o mundo”, quando a Mulher Maravilha pede sua ajuda. Snyder tem uma obsessão em dar aos super-heróis mais brilhantes da DC as adaptações mais sombrias e desesperadoras possíveis, mas eu vou passar pano bem aqui, porque eu gostei do Cyborg. Ray Fisher sempre teve razão sobre a importância do seu personagem e como ele foi obliterado da versão do Joss Whedon.Justiça está sendo feita!

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O Batman/Ben Affleck precisou metade do filme para montar a Liga da Justiça, após o qual a história que estava se arrastando para a maioria, ficou menos lenta de assistir. Quando a Liga está pronta, o filme flui muito rápido na verdade. A história se aprofunda, os motivos das caixas maternas estarem na Terra e o papel do Lobo da Estepe, além disso, o vilão é muito mais simpático do que o corte original que foi para o cinema.

Ele é um arauto do conquistador de planetas Darkseid  que foi expulso da corte do seu mestre após uma transgressão passada e tentar reverter esse problema procurando pelos planetas a Equação Anti-Vida para agradar seu mestre na esperança de voltar. As cenas extras do antagonista com rostos familiares como Desaad ajudam a criar uma camada do personagem, mesmo que seja bem rápida e superficial.

Liga da Justiça de Zack Snyder tem 200% a mais de Jeremy Irons como Alfred Pennyworth. Alfred rouba cada cena que aparece – seja microgerenciando a Mulher- Maravilha enquanto ela faz chá ou cumprimentando nervosamente o Super-Homem pela primeira vez. Ele é fantástico, e seria uma pena se esta fosse a última vez que vemos sua interpretação do personagem. Ben Affleck está na extremidade oposta do espectro,ele é o melhor Batman do cinema, mas no quesito interpretação.. é melhor deixar isso para lá. Eu sou um grande fã do Superman, então ver Henry Cavill  voando novamente foi um dos motivos pelo qual esperei este filme por tanto tempo, mesmo que agora ele esteja todo vestido de negro.

A Liga da Justiça de Zack Snyder é uma tarefa árdua de quatro horas, e minha recompensa por assistir era mais ou menos o que eu esperava. Poderia ser menor? Poderia, mas ainda assim, foi um sabor passar quatro horas vendo esses heróis que tanto gosto. O arco final é um presente para fãs e não fãs da DC não reclamarem.

Estou feliz pelo Snyder, que finalmente cumpriu sua visão para um filme que os fãs esperaram por tanto tempo. No entanto, pessoalmente, estou cansado de sua visão sobre esses super-heróis e pronto para que o universo DC siga em uma direção completamente diferente. O futuro desses heróis precisa ser brilhante novamente.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.