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Dica de leitura | Nathan Never Volume 01 (Editora Graphite)

Editora Graphite lançou edição definitiva de Nathan Never, em um volume que conta com 3 histórias do personagem e é recheado de extras para os fãs do personagem, de cinema e amantes de ficção científica.

Volume 1 de Nathan Never pela editora Graphite
Com mais de 300 páginas de quadrinhos e textos sobre o quadrinho criado na década de 1990 pela Sergio Bonelli Editore, o volume 1 de Nathan Never pode ser considerado uma edição definitiva do personagem.

Quando paro para pensar sobre a publicação de quadrinhos no ano de 2020, me pego pensando o quanto de hqs da Sergio Bonelli Editore foram lançados no Brasil, pelas mais variadas editoras que surgiram nessa onda que mistura resgate de títulos, como é no presente caso de Nathan Never, e novidades que chegaram ao mercado brasileiro, Morgan Lost, por exemplo.

Quando vejo meus textos produzidos em 2020 sobre os quadrinhos Bonelli para o site da Quinta Capa, uma frase se repete à exaustão: esse é um dos melhores momentos para os leitores da casa de Tex e cia.

Levando só em consideração o site de financiamento coletivo Catarse, e fazendo uma rápida pesquisa com o nome Bonelli, temos campanhas envolvendo títulos como UT, Dampyr, Gea, Brad Baron, Mister No, Morgan Lost, Lilith, Lukas e o já citado Nathan Never, de editoras como Red Dragon Publisher, Editora 85 e Graphite.

Isso sem falar, claro, na editora Mythos, casa de Tex, Dylan Dog, Mágico Vento, entre outros, além da recém chegada editora Trem Fantasma, que lançará Mugiko e Sangue & Gelo e na Saicã Editora, com uma campanha anunciada para lançar Adam Wild em 2021.

Ou seja, repetindo à exaustão, esse é um dos melhores momentos para os leitores da casa de Tex e cia no Brasil.

Todos os personagens Bonelli
Os personagens da Sergio Bonelli Editore são publicados por várias editoras no Brasil, fato que se dá, principalmente, pela natureza das histórias fechadas e pela cronologia de seus personagens não interferir no de outro.

Porém, quando paramos para pensar, esse movimento de publicação dos títulos Bonelli poderia passar em branco se não fosse por um fator bem chamativo: a qualidade das publicações que estão chegando ao mercado. E, quando falo em qualidade, não me refiro só a roteiro e desenhos.

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Quem já conhece a casa de Tex, sabe que a editora italiana preza pela qualidade de roteiro e arte de seus quadrinhos. E, isso, o leitor pode comprovar ao ter em mãos as revistas. Porém, a qualidade gráfica e o serviço editorial das publicações Bonelli está chamando atenção no mercado de quadrinhos brasileiro, saturado por edições de super-heróis com capa dura que mal contam com um editorial para a contextualizar a história.

E é essa qualidade elevada que encontramos no volume 1 de Nathan Never, lançado pela editora Graphite em 2020.

Imagem de Nathan Never no espaço
Ficção Científica e tramas policias. Tudo com uma pitada de noir. Isso é Nathan Never.

Nathan Never já passou por 3 editoras anteriormente, sendo lançado os 8 primeiros volumes pela Globo em 1991, uma minissérie em 2 edições pela Ediouro em 2005 e 4 volumes em 2018 pela Mythos, que davam prosseguimento ao que a Globo publicou.

A Graphite optou, acertadamente, em publicar desde a edição 1, ou melhor, o número zero do título, sendo que neste volume inaugural constam 4 histórias do personagem. E aqui vão alguns pontos importantes para levantarmos.

Nathan Never é uma clara influência de Blade Runner, clássico do cinema de Ridley Scott, estrelado por Harrison Ford. E isso é dito a todo momento e bem caracterizado, haja vista acompanharmos um policial/caçador de recompensas em uma realidade futurista, onde a polícia é privatizada e temos a presença de robôs e várias pitadas de ficção científica.

Porém, o título não se prende só ao universo de Blade Runner. Como o leitor poderá perceber através dos vários textos e referências, o universo de Nathan Never é muito influenciado pelo cinema e seus clássicos. Espere referências direta a 2001: uma odisseia no espaço (base da 2 história, o monólito negro) e aos textos de Isaac Asimov, como Eu, robô. Nessa salada de boas referências, até Operação Dragão (filme de Bruce Lee) é homenageado.

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Nathan Never 1
Quadrinhos Bonelli são referência em roteiro e arte. E o começo de Nathan Never não é a exceção.

As tramas vão se passando e vamos conhecendo um pouco mais do passado de Never (não espere uma história de origem logo de cara!) e seus coadjuvantes.

O ponto negativo que podemos apontar é que a última história (Operação Dragão) tem a sua continuação no próximo volume. E não sabemos quando será lançado, haja vista a edição não ter periodicidade!

O volume é bem robusto com editoriais, textos explicando as referências, o material original das edições italianas, como capas e o jornal City News, que abre cada história e ajuda a entendermos mais essa realidade futurista.

Pela qualidade da edição, e pelo tanto de material que consta aqui, esta pode, sim, ser considerada uma edição definitiva de um personagem em quadrinhos, jogando a responsabilidade para que o volume 2 mantenha o padrão. Tudo isso custando R$ 49,90, tirando o frete. O custo benefício da edição a torna muito atrativa.

Não podem me me esquivar do comentário: 1 edição com orelhas, com 4 histórias do personagem, acabamento de primeira, lotado de extras e papel pólen, custa mais barato que 2 edições publicadas em 2018 pela Mythos (valor unitário R$ 26,90, multiplicado por 2 dá R$ 53,80).

Sim, é golpe baixo comparar os preços das editoras, que contam com modelos de produção bem diferentes, haja vista uma assumir inicialmente o risco da publicação (Mythos) e enviar para bancas, enquanto a outra utiliza o Catarse como uma grande pré-venda (Graphite), o que pode dimensionar a sua publicação.

Mas, no raciocínio direto e cruel do leitor (“quanto isso vai doer no meu bolso?”), os R$ 49,90 desta que pode ser considerada a edição definitiva de Nathan Never se mostra bem mais atrativa, levando os fãs a desejarem que as janelas de lançamento sejam mais frequentes, com mais publicações do título.

Capa do volume 1 de Nathan Never

Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.