Não deixe de conferir nosso Podcast!

Crítica | Segunda Temporada de O Mandaloriano desperta o Universo de Star Wars

Resenha com Spoiler da Segunda Temporada de O Mandaloriano, disponível no Disney Plus.

Mandaloriano
Pedro Pascal é Din Djarin / O Mandaloriano, Grogu em O Mandaloriano, Segunda Temporada

Resenha crítica com spoiler da segunda temporada de O Mandaloriano. Emocionante e revolucionária para toda a franquia Star Wars.

Sem piscar ou pensar muito sobre isso, existe uma verdade que se você ainda não aceitou, precisa aceitar daqui para frente; O Mandaloriano tirou a franquia Star Wars do coma quando estreou ano passado. Era tudo que “A Ascensão Skywalker” – um dos lançamentos mais esperados da história da franquia – lançado apenas um mês depois da estreia da série , anunciada como o cânone final para a saga Skywalker teve medo de ser. 

 

A primeira temporada de O Mandaloriano nos deu um personagem principal que não era sensível à Força e que nem mesmo mostrou o rosto. Ele não tirou proveito da nossa nostalgia – bem, exceto a parte que se passa em um universo que conhecemos há quarenta anos – já que apresentou uma variedade de personagens coadjuvantes que eram todos rostos desconhecidos em sua grande maioria. Em vez disso, aproveitou nosso amor por todas as coisas fofas e pequenas, ao nos dar o Baby Yoda (que agora sabemos se chamar Grogu). E, naturalmente, ajudou o fato de a pequena criatura verde ser sensível à Força.

Ahsoka Tano
Rosario Dawson é Ahsoka Tano

 

Mas a segunda temporada de O Mandaloriano – que encerrou sua sequência de oito episódios na sexta-feira, 19 – marcou um fim para essa linha de narrativa. Em contraste com o lore-lite* de Star Wars que era a primeira temporada, a segunda temporada de O Mandaloriano se entrelaçou mais com o passado da franquia. Apareceu Bo-Katan Kryze (Katee Sackhoff) no episódio 3, Ahsoka Tano (Rosario Dawson) no episódio 5, Boba Fett (Temuera Morrison) no episódio 6 e o maior de todos, Luke Skywalker (Mark Hamill) no episódio 8. Dave Filoni, que é produtor executivo, escritor e diretor da série, tirou os dois primeiros nomes de sua série de animação Star Wars: The Clone Wars. E os dois últimos vieram da trilogia Star Wars original.

Lore-Lite, pessoal.

Se a primeira temporada foi sobre trazer e criar novos fãs para a galáxia de Star Wars, então parecia que a segunda temporada de O Mandaloriano era sobre recompensar os fãs mais velhos. 

E deu certo? Certo demais.

Tão certo, que a série no episódio 3 da temporada 2 de O Mandaloriano, Bo-Katan comenta que Din Djarin / Mandaloriano (Pedro Pascal) é um “Filho da Guarda”, um culto de fanáticos religiosos que rompeu com a sociedade Mandaloriana com o objetivo de restabelecer “o caminho antigo ”. Mas ao mesmo tempo, a série, nunca menciona que Bo-Katan é uma terrorista do grupo Death Watch, cujos membros resgataram Djarin quando ele era criança e o criaram. Acho que esses fios soltos estão sendo amarrados na próxima temporada.

Ahsoka e Luke são os primeiros Jedis a aparecerem em O Mandaloriano, episódio 5 e 8 da respectivamente, mas o último não fala o nome, ele apenas confirma que é “um Jedi”, enquanto apenas o nome de Ahsoka é falado uma vez. A 2ª temporada  assume que o público sabe quem são essas pessoas, ou que eles estão dispostos a se envolver ainda mais com o universo de Star Wars assim que os pesquisar na Quinta Capa.

LEIA TAMBÉM:  Loki: Da Sombra ao Estrelato no Universo da Marvel

Mas é claro que há um propósito muito maior em tudo isso. Assim como o criador e showrunner de  O Mandaloriano Jon Favreau ajudou a Marvel a lançar seu universo cinematográfico como diretor em Homem-de-Ferro em 2008, ele agora está fazendo o mesmo em Star Wars. Tão forte se tornou, Jon, que a Disney anunciou dois spin-offs de O Mandaloriano no início de dezembro de 2021 e um terceiro na cena pós-créditos final da 2ª temporada. Ahsoka e Fett estão tendo seus próprios programas nominais, o que faz com que sua aparição na 2ª temporada de O Mandaloriano agora pareça episódios pilotos para os dois. Além disso , ainda existe a série Rangers of the New Republic, mas vou deixar para falar depois.

Jon Favreau basicamente remodelou todo o universo Star Wars debaixo dos nossos olhos.

Muitas pessoas (séries e cinema) tentaram emular o universo cinematográfico da Marvel por causa de seu sucesso. E agora, a própria Disney – a dona da Marvel e Star Wars – está entrando nessa briga, e com a ajuda de Favreau e Filoni, na esperança de fazer por Star Wars o que Kevin Feige fez de forma magistral pela Marvel.

Naturalmente, isso fará com que alguns se preocupem com o excesso de Star Wars. Afinal, existem vários outros programas, para não esquecer os filmes da franquia, a caminho. Mas se todos eles puderem andar ou fazerem referência na segunda temporada de O Mandaloriano sem estragar todo o universo, podemos ficar tranquilos. Acho que a Disney e sua equipe criativa nunca estiveram tão certo em seu projeto para a franquia como agora. Uma virada da maré total.

Uma coisa muito interessante que não vi muita gente comentando foi a revelação do episódio 3 que Djarin é um Child of the Watch, porque isso nos mostra  que o protagonista que temos seguido e torcido é doutrinado e, sem saber, propaga crenças extremistas. O “Este é o caminho.” Ele acredita que há apenas uma maneira aceitável de ser um Mandaloriano. E cara, ele está errado.

Sua interação com Bo-Katan é como plantar uma semente, e embora o Mandaloriano rejeite seus fatos na hora, está claro que ele está começando a questionar tudo o que já conheceu e foi criado. Esse é um caminho difícil de percorrer. Imagine ouvir que a vida que você levou e os valores com os quais você cresceu são mentiras. Star Wars sempre foi sobre conflito interno, o empurra e puxa entre o lado da luz e o lado negro. 

Djarin agora está passando pelo mesmo embate interno. Bo-Katan, com mais legado Mandaloriano em seu sangue e anos do que Djarin, não tem escrúpulos em tirar seu capacete. Mesmo o grupo extremista dela e quem criou o protagonista, acreditem no contrário. Há paralelos a serem traçados aqui sobre esse código de conduta que lembra a burca, que afirma ser sobre proteção, mas na verdade tende a ser sobre negar a personalidade.

Após a conversa no episódio 7 da 2ª temporada de O Mandaloriano com o ex-mercenário Migs Mayfeld (Bill Burr) que questiona os princípios do caminho dos Mandalore, é natural supor que a decisão de Djarin de tirar o capacete e mostrar o rosto para cumprir uma missão significa que ele está começando a rejeitar esses valores extremistas. E embora isso provavelmente tenha desempenhado um papel, tinha muito mais a ver com outra coisa: Grogu.

LEIA TAMBÉM:  O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder - Principais eventos e teoria da história

 Djarin realmente gostou dele, e é por causa de seu imenso carinho e amor por Grogu que ele estava disposto a cruzar todos os tipos de linhas na segunda temporada. Assim como Mayfeld observou no início daquele episódio, as regras de Mando “começam a mudar quando você fica desesperado. ” Nesse sentido, O Mandaloriano continua sendo ainda um conto sobre paternidade.

Mas esse ângulo parental será removido quase completamente com a terceira temporada, agora que Grogu está sob os cuidados de Luke. E com isso fora do caminho – espero que não para sempre – O Mandaloriano pode lidar com o peso narrativo de seu título.

Em conversas e diálogos ao longo das duas temporadas, a série nos contou sobre os sofrimentos dos Mandalorianos. Mas não adentrou realmente nesse passado sombrio. Tudo isso poderia vir à tona na 3ª temporada, já que fica claro que Mando não apenas concordou em reconsiderar ajudar Bo-Katan em sua causa para retomar seu planeta natal, Mandalore, mas agora ele está em uma posição privilegiada para liderar os dispersos Mandalorianos, tendo conquistado o Sabre Negro em combate com Moff Gideon.

Moff Gideon
Giancarlo Esposito é Moff Gideon

Mando não mostrou interesse em liderar ou ser um governante, e ele está mais do que feliz em abrir mão desse papel e do Sabre Negro para Bo-Katan, como vemos no episódio 8 da 2ª temporada de The Mandalorian. Mas numa sociedade de cultura guerreira como a dos Mandalorianos, eles não aceitariam ela como sua líder se descobrirem que não é a portadora legítima da arma lendária. Como Moff Gideon (Giancarlo Esposito) observou no final da 2ª temporada, não é a arma, mas a história por trás do Sabre Negro que carrega o poder real.

Bo-Katan não venceu em combate, sim Mando. E isso configura um problema difícil de não ser abordado na temporada 3 de O Mandaloriano. O fato de Bo-Katan ser a única que não teve seu próprio spin-off também sugere que ela terá uma participação maior no futuro da série.

Infelizmente, Disney já anunciou o derivado O Livro de Boba Fett em dezembro de 2021, é possível que não vejamos a terceira temporada de O Mandaloriano até 2022. Provavelmente será uma séria muito diferente quando retornar, e embora possa ter sido mais parecido com Star Wars nesta segunda temporada, ainda mostrou que Star Wars pode ser muito mais.

* Lore-Lite: É uma palavra bastante comum para jogadores de Magic: The Gathering, mas significa mais ou menos como todos os textos, pontos e passagens de todas as histórias que criam o universo viessem da mesma fonte,vocês também costumam falar sobre Cânone.

 

O Mandaloriano está disponível oficialmente no Disney Plus.

Crítica | Star Wars : O Mandaloriano – 1ª Temporada

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.