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Game of Thrones | Winterfell Review

(HBO)

Eu costumava pensar que você era o homem mais esperto vivo.

Esse texto terá spoilers da oitava temporada de Game of Thrones. Saia daqui se ainda não assistiu ou nunca ouviu falar dessa série.

E lá se foram 20 meses de espera e especulações – a maior espera por uma nova temporada que os fãs tiveram que suportar desde que a série estreou. Talvez você tenha passado esse tempo como eu pesquisando e lendo milhares e milhares de teorias e especulações sobre o que poderia acontecer nos seis episódios finais, ou talvez você tenha se esquivado de tudo isso para chegar na última temporada completamente Imaculado; de qualquer forma, se é como eu, provavelmente está esperando este episódio há muito tempo – o que pode explicar por que desse estreia parecer um pouco abaixo da expectativa.

Dany chegando finalmente em Winterfell (HBO)

O episódio de abertura da 8ª Temporada tem uma série de momentos espetaculares e satisfatórios (alguns que parecem fan-service e outros que são completamente merecidos), eu também senti que parecia um monte de ligações para configurar todos os cinco episódios que faltam. George R.R. Martin vem lutando há décadas com estas amarras e montagens para o final de cada dos personagens que criou. Então foi até que necessário.

Ainda estão usando narrativas que se provou ser um problema na 7ª temporada. David Benioff e Dan Weiss estão tão preocupados em colocar seus personagens de A para B, deixando o que deveria ser uma coisa lógica em algo secundário. Por exemplo, o resgate da Yara. Parece que o Theon fez isso sem suar a camisa ou a desconfiança de Daenerys por Sansa e Arya se parece muito com conflito pelo conflito, quando todos os personagens principais sabem que têm prioridades muito maiores do que se preocupar com quem está dobrando o joelho ou não.

Há certamente a sensação de que o episódio Winterfell é a calmaria antes da tempestade. É inteiramente possível que os próximos episódios sejam uma montanha-russa de morte, destruição e drama que não nos deixam respirar, e, dessa forma, parece algo um pouco parecido com o capítulo de abertura da 6ª temporada, “The Red Woman”. Eu senti que estão arrumando a mesa para um banquete maior que virá, e enquanto há uma porção de pedaços tentadores para degustar, não chega a ser uma refeição completamente satisfatória depois de quase dois anos sem GOT – mas vamos encarar isso como ainda melhor que a maioria das séries de TV que temos hoje. Foi bom, mas podia ser melhor, pois sempre seremos exigentes sobre isso.

Alguém falou em traição?

Sansa não foi muito com a cara da Rainha Dragão (HBO)

Como esperado, grande parte deste episódio se concentra no recém-consolidado status de Jon e Daenerys como o casal 20 de Westeros, e como todos ao seu redor ainda não saberem lidar com isso. Tyrion, Varys e Davos acham que um casamento é o melhor para o que sobrará dos Sete Reinos depois da Grande Guerra, porque geralmente é o plano padrão de todos os “velhos homens solitários” quando se trata de forjar uma aliança duradoura. Enquanto isso, os nortistas parecem não estarem mais confiante sobre terem dado a Jon Snow a Coroa do Norte para Daenerys tão facilmente. E para o povo do Norte mulheres muito bonitas sempre trouxeram mais problemas do que prosperidades para eles.

Os nortistas estão de certa forma com razão em desconfiar de um Targaryen, dado o que o pai de Dany fez ao tio e ao avô de Jon há não muito tempo, mas a série já passou muito tempo colocando Sansa e Jon (e Sansa e Arya) um contra o outro nas últimas duas temporadas apenas para aumentar a tensão. Aqui está a esperança de que os Starks restantes fiquem juntos antes que o Rei da Noite vá até os portões de Winterfelll. Alguém precisa começar a confiar nos instintos de Jon depois de tudo que passou.

Não é surpresa que Jon descobriria a verdade sobre sua linhagem no primeiro episódio, embora sua resposta imediata – que é “traição” sugerir que ele é o herdeiro legítimo em vez de Dany – não é a reação que poderíamos esperar que tivesse quando confrontado com essa informação. Porém, achei justo. A Dany merece o trono, ela passou por tanta coisa até chegar ali, Jon é meio devagar nas questões administrativas a amorosas, mas tem um coração justo e fiel a quem ele ama.

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Jon nunca teve um desejo real de governar. Seus papéis de liderança foram geralmente confiados a ele, quer queira ou não, então não é um choque que ele parece ter pouco interesse no Trono de Ferro. Também não é um choque que esteja mais preocupado sobre como Dany pode reagir às notícias do que sobre quaisquer implicações incestuosas.

Vale a pena notar que a série tem enfatizado a imprevisibilidade de Daenerys e tendências mais extremas já há algum tempo, entre o modo como ela executou Randyll e Dickon Tarly e a maneira como os outros personagens têm percebido suas escolhas ultimamente (particularmente Tyrion, mas também Sam e Sansa). Todos sabem que o pai dela era louco, então comparações existirão.

Apesar de sua questionável tomada de decisão, Daenerys sabe da história de loucura em sua família e do impacto da violência do pai desde aquela conversa com Barristan Selmy na 5ª temporada, então parece muito mais provável que ela seja forçada a reavaliar se o que está fazendo é o melhor para ela ou para seu reino. Mas, dado que toda a premissa da série que é baseada na ideia de que ninguém merece poder apenas por nascer com um nome específico ou nascer primeiro, talvez Jon seja o único a convencê-la de que ela é a melhor candidata ao cargo. – ou melhor ainda, que eles deveriam destruir totalmente a monarquia e instalar uma democracia, da mesma maneira que a Patrulha da Noite escolheu seus líderes por séculos. O fato de que Dany incentiva Jon a montar Rhaegal (poético, considerando que ele recebeu o nome do pai de Jon) antes mesmo de aprender sobre seu sangue Targaryen é prova de que seu vínculo é forte e faz um dos momentos mais bonitos do episódio, mesmo que Jon tenha acabado levando ela para um lugar para darem uma rapidinha.

De qualquer forma, como os roteiristas e o público sabem que nossos heróis logo terão maiores chances de fritar ou congelar do que se amar, parece provável que todas essas possíveis fontes de angústia e disputas internas sejam resolvidas no episódio 2, para que todos possam manter foco durante a Batalha de Winterfell, o que provavelmente virá no episódio 3, já que os Caminhantes Brancos já atingiram e dizimaram Last Hearth quando Tormund, Beric e Edd chegam lá. A cena de Ned Umber voltando a este plano como um zumbi gelado foi uma sacudida deliciosamente assustadora em um episódio bastante calmo por assim dizer.

Onde estão meus elefantes?

Cersei pensou que teria um Elefante (HBO)

Como muitos jogadores foram tirados do tabuleiro, é interessante perceber que a maior parte das cenas de ação do episódio ocorre em apenas dois locais importantes – Portal Real (King’s Landing) e Winterfell, com um rápido desvio para Last Hearth – depois de tantos anos os personagens sendo espalhados por todos os cantos do mapa. A série ilustra isso elegantemente com sua sequência na abertura atualizada, que na verdade nos leva para dentro de Winterfell e da Fortaleza Vermelha pela primeira vez, além de nos mostrar o progresso do Rei da Noite em Westeros, agora que o Exército dos Mortos quebrou a Muralha.

Mas as cenas do Desembarque em Portal Real não podem deixar de parecer uma distração quando há tanta coisa acontecendo em Winterfell – sim, a chegada de Harry Strickland e da Companhia Dourada sem dúvida desempenhará um papel importante no conflito que está por vir, e sim é divertido ver o quanto Cersei investiu na ideia de ter elefantes à sua disposição, mas o show de Euron é menos atraente do que os escritores obviamente acham que é. Lena Headey devora cada cena, como de costume – você pode sentir sua resignação e cansaço mais uma vez sendo encurralada na cama por um homem que ela despreza só porque não tem melhores aliados ou opções no momento – mas quanto menos falarmos sobre a maneira conveniente como os outros Greyjoys são tratados neste episódio, melhor.

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E alguém acha que Bronn realmente consideraria matar Tyrion e Jaime apenas por um pouco mais de ouro? Tudo parece um recurso útil para juntar os três para a batalha final (a qual não me oponho).

Os Sobreviventes

Os Olhos que ferem (HBO)

Além do muito aguardado passeio de dragão de Jon, a maioria dos outros pontos altos do episódio vem de suas muitas reuniões atrasadas. Enquanto o momento de Jon com Bran é apropriadamente quebrado (tocado com um humor seco, mas também um pouco doloroso se você pensar nisso por muito tempo) ainda é emocionante perceber que Jon cumprimenta seu “irmãozinho” exatamente da mesma forma que ele se despede no episódio 2 da 1 ª temporada, com um beijo doce na testa. Se prestarem atenção, esse episódio tá cheio de referências aos episódios do passado. Prestem atenção, eu sei que a maioria aqui vai assistir essa temporada mais de uma vez.

Mas o melhor reencontro é, sem dúvida, a de Jon e Arya. É agridoce, já que é óbvio que Jon ainda tinha uma imagem de Arya como sua irmãzinha e não uma assassina endurecida que teve motivos para usar Agulha uma ou duas vezes, mas depois de tanto tempo distante e com Jon literalmente morrendo, é um momento de catarse que se sente e que felizmente valeu a pena esperar. Eu particularmente chorei.

Os encontros de Arya com Gendry e O Cão também são perfeitas, e enquanto Arya definitivamente parece muito selvagem e desinteressada em qualquer relacionamento, ainda é adorável ver a brincadeira entre ela e Gendry. Mesmo que ela não queira ser uma dama de verdade e se casar, ela está, inegavelmente, ansiando por um bando para chamar de seu depois de anos separados de sua família, e, pelo menos, ela e Gendry têm um respeito mútuo um pelo outro. Tenhos teorias sobre a arma que Arya pede que Gendry faça para ela, mas não vou estragar os próximos capítulos.

Sansa e Tyrion também tiveram um momento para se reconectarem pela primeira vez desde o casamento de Joffrey, com Sansa agora muito mais confiante e equilibrada do que seu antigo marido. Ela claramente mostrou para Tyrion que ficou mais esperta que ele, o homem mais esperto do mundo.

É um pouco estranho ver como Tyrion se tornou um homem sem força – tanto estrategicamente quanto em termos das piadas – desde que ele uniu forças com Dany, relegado a obcecado pela vida amorosa de sua rainha em vez de ser um participante ativo na ação. Mas mesmo ele hoje parecendo mais reflexivo do que nunca, existem muitas coisas que assistiremos sobre ele nos próximos episódios. Felizmente, a única coisa que você pode ter sobre a dupla de irmãos da Cersei é apenas isso e o momento que Jaime chega em Winterfell, segundos finais do episódio, e sua conversa muito interessante com Bran.

Veredito

O tão esperado retorno de Game of Thrones tem que fazer um trabalho pesado para preparar o palco para a temporada final, o que às vezes faz o episódio parecer como se ele estivesse movendo peças de xadrez em vez de contar uma história coesa. Ainda há uma corrente bem-vinda de humor ao longo do episódio, e graças à inclusão de vários reencontros; o capítulo apresenta alguns dos momentos de personagem mais forte e satisfatórios da história da série. Ainda há alguns atalhos narrativos que solapam o impacto do drama, mas parece que as coisas vão acelerar quando todos os jogadores estiverem no lugar.

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Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.