O quanto nos reconhecemos agora na pessoa que fomos antes? Como amadurecer sem perder a própria essência? É possível resgatar nossa história antes que tudo seja apenas memórias levadas pelo vento? O canadense Jeff Lemire nos faz pensar e sentir certa melancolia conforme avançamos, ligeiros, nas páginas de “Apanhadores de Sapos” (Editora Mino, 112 páginas, R$ 69,90).
No princípio, encontramos um menino, a capturar sapos num córrego. Ele vislumbra algo sob as águas, que aos poucos toma a forma de um homem mais velho, despertando num quarto de hotel. Lá ele encontra o garoto do início, que o esconde do misterioso Rei Sapo. Não há grandes explicações, apenas o risco iminente. Afinal, qual mistério cerca o hotel? Seria o Rei Sapo um perigo real ou só fruto da imagem da criança?
Presente e passado se intercalam nessa trama que não demora a revelar-se ao leitor, com uma mensagem tocante. O traço de Lemire, rabiscado e com poucos retoques, pode causar estranhamento, mas evoca o delírio de um homem que se agarra aos resquícios de uma vida passada a limpo.
“Apanhadores de Sapos” pode não se destacar como um grande trabalho do prolífico autor, mas merece atenção, pedindo uma leitura carinhosa.
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