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Resenha | Almanaque Tex nº 51 (Editora Mythos)

Esta publicação, que replica conteúdo da italiana Tex Magazine Especial pelos 70 anos do ranger, traz duas histórias que resgatam personagens fundamentais do passado de Tex, em narrativas nostálgicas e comoventes.

Mauro Boselli é o roteirista de ambas, sendo muito bem acompanhado pela arte de Fabio Civitelli na primeira história e por Maurizio Dotti na segunda. “O segredo de Lilyth”, que abre o volume, se encaixa cronologicamente logo após o casamento de nosso herói com a bela filha de Flecha Vermelha. Aqui os encontramos retornando à velha missão chefiada por freiras onde a princesa índia estudara quando moça.

As irmãs são surpreendidas com a chegada do casal, que as põe a par da recente união. Mas o que parece uma inocente visita de cortesia se revela uma missão em que Lilyth busca acertar as contas com seu passado. Afinal, anos antes, lá recebera a visita de frade Pablo, que a fizera guardiã de seu grande segredo: um passado criminoso redimido pela nova vida de fé. No entanto, um último assalto ainda pesa em sua consciência, de forma que a deixa com o mapa que a levaria ao encontro do butim, para que o restituísse aos seus verdadeiros donos.

É este mapa que o casal recupera na cela outrora ocupada pela princesa índia, antes de partir no encalço do tesouro escondido. O que ambos não contavam é com a vigilância dos antigos parceiros de crime de frade Pablo, que pretendem recuperar o fruto do roubo, não medindo esforços para tanto.

Uma aventura de ritmo ágil e sem delongas, explora um lado ativo de Lilyth, a colocando como verdadeira parceira de ação de Tex na luta contra os malfeitores (ainda que seu marido busque preservá-la dos perigos). O traço de Civitelli mantém a competência de sempre, mas sem trazer algum quadro de composição diferenciada ou que faça o leitor se deter com maior atenção.

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Não é este o caso da segunda história, “Dinamite”, focada, como podemos deduzir pelo título, no cavalo que acompanhou fielmente Tex em seus anos de fora-da-lei e no início da carreira como ranger. Ambientada nos “dias correntes”, mostra Dinamite vivendo seu merecido descanso numa espécie de refúgio no interior da reserva navajo.

Entrementes, um grupo de patifes o observa à distância, enquanto planeja capturar e levar embora a égua e potros que integram seu bando. Só não contavam com a bravura do belo animal, que não só se rebela contra o plano maligno como cavalga em busca de seu antigo dono, que prontamente reage à situação e organiza o resgate do bando, sem imaginar que a caçada talvez o leve a uma armadilha mortal.

Dotti capricha nos desenhos, promovendo uma verdadeira aula de anatomia equina nas primeiras páginas, mantendo um traço rebuscado e rico em detalhes, o que casa bem com o roteiro, cheio de lances heroicos e que deixa o leitor com olhos marejados ao final, numa homenagem que honra a lenda.

A edição se encerra com um posfácio também de Boselli que reafirma o propósito editorial, já expresso em Tex Anual nº 19, de explorar o passado de Tex como o grande horizonte narrativo do ranger pelos próximos tempos. Voltar no tempo e preencher as muitas lacunas que Gianluigi Bonelli deixou, correndo em paralelo com as aventuras do Tex maduro que todos conhecemos, pode não agradar a todos, mas inegavelmente traz um frescor necessário às tramas de um personagem com sete décadas de vida nos quadrinhos.

O balanço é, no fim, positivo, tornando esse Almanaque indispensável aos fãs do ranger e extremamente acessível ao leitor que queira conhecer o personagem, pois celebra seu legado ao mesmo tempo que dá uma amostra do grande potencial que Tex ainda guarda para encantar quem queira acompanhá-lo nas pistas empoeiradas do Oeste americano.

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FICHA TÉCNICA:

  • Capa cartão, com 114 páginas;
  • Editora Mythos;
  • Lançamento em fevereiro de 2019;
  • Preço de capa: R$ 12,90.
Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br