Editora Graphite lançou edição definitiva de Nathan Never, em um volume que conta com 3 histórias do personagem e é recheado de extras para os fãs do personagem, de cinema e amantes de ficção científica.
Quando paro para pensar sobre a publicação de quadrinhos no ano de 2020, me pego pensando o quanto de hqs da Sergio Bonelli Editore foram lançados no Brasil, pelas mais variadas editoras que surgiram nessa onda que mistura resgate de títulos, como é no presente caso de Nathan Never, e novidades que chegaram ao mercado brasileiro, Morgan Lost, por exemplo.
Quando vejo meus textos produzidos em 2020 sobre os quadrinhos Bonelli para o site da Quinta Capa, uma frase se repete à exaustão: esse é um dos melhores momentos para os leitores da casa de Tex e cia.
Levando só em consideração o site de financiamento coletivo Catarse, e fazendo uma rápida pesquisa com o nome Bonelli, temos campanhas envolvendo títulos como UT, Dampyr, Gea, Brad Baron, Mister No, Morgan Lost, Lilith, Lukas e o já citado Nathan Never, de editoras como Red Dragon Publisher, Editora 85 e Graphite.
Isso sem falar, claro, na editora Mythos, casa de Tex, Dylan Dog, Mágico Vento, entre outros, além da recém chegada editora Trem Fantasma, que lançará Mugiko e Sangue & Gelo e na Saicã Editora, com uma campanha anunciada para lançar Adam Wild em 2021.
Ou seja, repetindo à exaustão, esse é um dos melhores momentos para os leitores da casa de Tex e cia no Brasil.
Porém, quando paramos para pensar, esse movimento de publicação dos títulos Bonelli poderia passar em branco se não fosse por um fator bem chamativo: a qualidade das publicações que estão chegando ao mercado. E, quando falo em qualidade, não me refiro só a roteiro e desenhos.
Quem já conhece a casa de Tex, sabe que a editora italiana preza pela qualidade de roteiro e arte de seus quadrinhos. E, isso, o leitor pode comprovar ao ter em mãos as revistas. Porém, a qualidade gráfica e o serviço editorial das publicações Bonelli está chamando atenção no mercado de quadrinhos brasileiro, saturado por edições de super-heróis com capa dura que mal contam com um editorial para a contextualizar a história.
E é essa qualidade elevada que encontramos no volume 1 de Nathan Never, lançado pela editora Graphite em 2020.
Nathan Never já passou por 3 editoras anteriormente, sendo lançado os 8 primeiros volumes pela Globo em 1991, uma minissérie em 2 edições pela Ediouro em 2005 e 4 volumes em 2018 pela Mythos, que davam prosseguimento ao que a Globo publicou.
A Graphite optou, acertadamente, em publicar desde a edição 1, ou melhor, o número zero do título, sendo que neste volume inaugural constam 4 histórias do personagem. E aqui vão alguns pontos importantes para levantarmos.
Nathan Never é uma clara influência de Blade Runner, clássico do cinema de Ridley Scott, estrelado por Harrison Ford. E isso é dito a todo momento e bem caracterizado, haja vista acompanharmos um policial/caçador de recompensas em uma realidade futurista, onde a polícia é privatizada e temos a presença de robôs e várias pitadas de ficção científica.
Porém, o título não se prende só ao universo de Blade Runner. Como o leitor poderá perceber através dos vários textos e referências, o universo de Nathan Never é muito influenciado pelo cinema e seus clássicos. Espere referências direta a 2001: uma odisseia no espaço (base da 2 história, o monólito negro) e aos textos de Isaac Asimov, como Eu, robô. Nessa salada de boas referências, até Operação Dragão (filme de Bruce Lee) é homenageado.
As tramas vão se passando e vamos conhecendo um pouco mais do passado de Never (não espere uma história de origem logo de cara!) e seus coadjuvantes.
O ponto negativo que podemos apontar é que a última história (Operação Dragão) tem a sua continuação no próximo volume. E não sabemos quando será lançado, haja vista a edição não ter periodicidade!
O volume é bem robusto com editoriais, textos explicando as referências, o material original das edições italianas, como capas e o jornal City News, que abre cada história e ajuda a entendermos mais essa realidade futurista.
Pela qualidade da edição, e pelo tanto de material que consta aqui, esta pode, sim, ser considerada uma edição definitiva de um personagem em quadrinhos, jogando a responsabilidade para que o volume 2 mantenha o padrão. Tudo isso custando R$ 49,90, tirando o frete. O custo benefício da edição a torna muito atrativa.
Não podem me me esquivar do comentário: 1 edição com orelhas, com 4 histórias do personagem, acabamento de primeira, lotado de extras e papel pólen, custa mais barato que 2 edições publicadas em 2018 pela Mythos (valor unitário R$ 26,90, multiplicado por 2 dá R$ 53,80).
Sim, é golpe baixo comparar os preços das editoras, que contam com modelos de produção bem diferentes, haja vista uma assumir inicialmente o risco da publicação (Mythos) e enviar para bancas, enquanto a outra utiliza o Catarse como uma grande pré-venda (Graphite), o que pode dimensionar a sua publicação.
Mas, no raciocínio direto e cruel do leitor (“quanto isso vai doer no meu bolso?”), os R$ 49,90 desta que pode ser considerada a edição definitiva de Nathan Never se mostra bem mais atrativa, levando os fãs a desejarem que as janelas de lançamento sejam mais frequentes, com mais publicações do título.
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