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Crítica | O Rei de Porcelana é bom?

Resenha crítica com spoilers do drama “O Rei Porcelana” uma das produções mais assistidas do mundo da Netflix.

O Rei de Porcelana, drama da Netflix (2021)
Netflix

Resenha crítica com spoilers do drama “O Rei Porcelana” uma das produções mais assistidas do mundo da Netflix.

Estou de volta! Precisei de alguns meses para me recuperar de uma depressão que me abalou nos últimos meses, além disso, estava resolvendo outros problemas pessoais e de escrita. Espero que vocês ainda percam seu tempo lendo meus textos. E para comemorar meu retorno, hoje a resenha é dedicada ao incrível e sensível “O Rei de Porcelana”.

 

No dia 21 de novembro, durante a cerimônia de premiação do 50º Emmy Internacional, o drama* “O Rei de Porcelana (The King’s Affection), simplesmente ganhou o prêmio de melhor drama do mundo do ano. Um marco histórico para as produções orientais e provando que as produções romanas dominaram todas as esferas do entretenimento mundial. Antes disso, ainda em 2022, ele  já havia ganhado diversos prêmios (Competição Internacional no 17º Seoul Drama Awards e Korea Broadcasting Awards) de elenco, música, direção, direção de arte e roteiro. 

Segundo a sinopse de “O Rei de Porcelana”, durante o período Joseon, por lei, o direito ao trono só poderia ser concebido se a criança herdeira fosse homem, mas por artifícios do destino, a rainha consorte acabou dando a luz a duas crianças, um menino e uma menina, ela e alguns de seus seguidores mais fiéis, acabam levando a menina escondida, já que, também, segundo as leis políticas da corte real, o nascimento de gêmeos trariam azar para o trono e para seu povo, assim, a menina precisaria ser sacrificada. Passados alguns anos, a filha escondida e gêmea do príncipe herdeiro chamada Da Mi (Park Eun Bin), retorna ao palácio para trabalhar como empregada doméstica. Mas como o destino é cruel, ela acaba sendo descoberta pelo seu irmão e herdeiro do trono Lee Hwi e por sua mãe biológica.

Por diversos motivos e segredos políticos por trás do trono real, o príncipe herdeiro acaba sendo assassinado e Da Mi com ajuda de seguidores de sua mãe, toma o lugar de Lee Hwi, se vestindo e assumindo a posição de seu irmão. Nesse ínterim, ela acaba conhecendo o jovem nobre Jung Ji Woon (Ro Woon) e se apaixona por ele. Mas ele para melhorar seus estudos e esgrima, vai estudar no império chinês. Para quem ainda não leu meus textos anteriores, a dinastia Joseon, mesmo sendo independente politicamente, era vassala do império chines e era comum a nobreza enviar seus filhos homens para estudar medicina, direito, letras e filosofia e serem pajens do imperador.

Passado uma décadas, Jung Ji Woon retorna como um grande erudito e acaba virando tutor do futuro rei da Dinastia Joseon. E assim começa, um dos dramas mais aclamados de 2021/2022 e distribuído mundialmente pela Netflix. “O Rei de Porcelana” é uma adaptação do manhwaYeonmo” (연모) escrito e desenhado por Lee So Young (이소영). Além do romance e interpretações da novela de época, o que chamou atenção e sucesso de crítica e público foi que “O Rei de Porcelana” ocorreu a primeira produção em nível mundial que abordou o tema “Gender Bender” como foco principal de romance entre os protagonistas. GB são quadrinhos, desenhos, filmes e séries que as pessoas invertem o gênero de um personagem. Durante muito tempo, o gênero era considerado transfobia, já que ele invalidou e excluiu pessoas trans e intersexuais.

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E quando o diretor do drama Song Hyun-wook, adaptou “O Rei de Porcelana”, ele recria o conceito desse gênero, dando mais ênfase sobre o amor entre duas pessoas acima de qualquer estereótipos e normas sociais impostas. Muita gente se sentiu ofendido pela forma como foi abordado o tema, contudo, já que a coisa se resumia em uma mulher que se vestia de homem e se apaixonava por seu tutor, mas eu não tenho capacidades intelectuais de me aprofundar sobre o tema.

Mas voltando a história, Da Mi / Lee Hwi  acaba se tornando uma pessoa séria e fechada em todos os sentidos para se tornar forte, mas começa a vacilar quando conhece seu primeiro amor de infância e agora seu tutor. Ele acaba não reconhecendo ela, mas passa a ter sentimentos por aquele príncipe herdeiro tão sério. “O Rei de Porcelana”  é uma história sobre o amor, carinho, respeito e  bastante lutas de espadas e flechas no caminhos dos dois pombinhos. Como uma ótima novela de época, envolve muita política palaciana, conspirações por todos os lados e revelações incríveis.

Apesar do elenco incrível, eu vou falar apenas da Park Eun Bin e do Ro Woon, ela dispensa qualquer apresentação, é a grande estrela da atualidade coreana, principalmente depois de seu papel em Uma Advogada Extraordinária. Fora das câmeras é uma mulher dedicada às causas sociais e por incrível que pareça, tem um senso de humor diferente. Quem assiste Park Eun Bin séria nos dramas mal imagina que ela vem de uma escola de interpretação totalmente da comédia, tanto que nos offs que se assiste tanto de “O Rei de Porcelana” quanto “Uma Advogada Extraordinária”, ela está tirando sarro e rindo de todo mundo. Seu papel duplo é incrível, ela aprendeu a andar de cavalo, usar o arco e flecha ao ponto que muitas cenas não precisavam usar dublê. Eu não conhecia os trabalhos do Ro Woon (nome real dele é Kim Seok-woo), que é famoso como cantor da banda de K-Pop SF9, seu trabalho não é tão impactante como Park Eun Bin, mas ele se entrega muito nos momentos emotivos de seu personagem. Depois que assisti “O Rei de Porcelana”, descobri que ele é protagonista no drama de ação “Tomorrow” também disponível na Netflix que fez bastante sucesso ano passado. 

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A história de amor quase infantil de Dam-i e Ji Woon me chamou muito atenção, apesar dos 20 longos episódios que o drama tem, o relacionamento entre os dois deixava tudo mais leve e divertido de assistir. A maneira como eles se conheceram e se tornaram amigos exalava imensas vibrações românticas também e eu nem sou uma pessoa tão romântica assim (Risos). Já que Ji Woon se apaixona por uma mulher que se veste como homem e que seria o futuro rei sem saber sua identidade e nem que os dois já tinham um passado.

Foi em “O Rei de Porcelana” que o ocidente assistiu o quanto os coreanos são apaixonados por literatura e poesia. O drama faz uma homenagem belíssima à cultura, filosofia e os personagens que os decifram. Obviamente que nem todos os dramas de época tem esse elemento, mas particularmente gostei da maneira como os roteiristas aqui usaram e se relacionaram com precisão com a vida e suas situações. Mas como sempre em produções assim, eles arrastam a trama até não sobrar mais nada, eu gosto disso, mas muita gente acha cansativo assistir um capítulo de mais de uma hora de duração que não leva a lugar algum. E sejamos sinceros, tirando a produção muito bem feita, aqui o elenco foi o grande chamariz para a série ganhar milhões de novos fãs mundo afora.

Mas e aí, vale a pena assistir ou é perda de tempo “O Rei de Porcelana”? É deslumbrante, tem uma premissa incrível, um elenco de primeira linha e a performance inacreditável novamente de Park Eun Bin. Mesmo perdendo muito do frescor a partir do episódio 16, ainda vale muito a pena. 

* Eu costumava a tratar novelas coreanas pelo termo KDrama, mas depois de reler alguns textos antigos, percebi que comia demais o termo que eu mesmo criei. Então, a partir de hoje, usarei apenas drama, já que vocês não precisam mais ficar cientes de que país a série que estou resenhando. E obrigado aos leitores e fãs de dramas coreanos. Conquistamos o mundo, hein? =)

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.