Não deixe de conferir nosso Podcast!

Crítica | Sombra e Ossos, a Netflix apostando alto na fantasia

Sombra e Ossos
Netflix

Sombra e Ossos é uma introdução emocionante ao Grishaverse da escritora Leigh Bardugo, e habilmente faz malabarismos com várias histórias em oito episódios cuidadosamente escritos e dirigidos pela Netflix.

Finalmente consegui tempo para escrever sobre a primeira temporada da tão esperada série de fantasia da Netflix, Sombra e Ossos. 

Era uma grande aposta do serviço de streaming mais famoso do mundo. A Netflix investiu muita grana na série, chamou o vencedor do Oscar, Eric Heisserer (A Chegada) para fazer sua adaptação de uma das mais famosas séries de literatura fantástica dos últimos anos.

O propósito de produzir Sombra e Ossos foi como todos os outros serviços de streaming que estão investindo em fantasia, tapar o grande buraco que Game of Throne deixou entre os fãs ou não de fantasia. Sombra e Ossos não é a primeira e nem será a última série produzida do gênero da Netflix, o serviço de streaming já testou The Witcher, que tem uma segunda temporada e um filme animado em produção e o morno Cursed. 

Porém, Sombra e Ossos (Shadow and Bone), baseado nos romances “Grishaverse” da escritora americana Leigh Bardugo (Produtora) foi uma aposta maior, mais executada e muito superior que as obras citadas acima. Sobre o “Grishaverse”, leia o que escrevi sobre isso aqui.

Mas não tem problema explicar mais uma vez para quem já conhece e para os leigos. A primeira temporada de Sombra e Ossos, fala de um mundo onde pessoas especiais são capazes de manipular magia, aqui a autora deu o nome de “pequena ciência”, o enredo adaptado de Eric Heisserer, ele resolveu misturar os acontecimentos do primeiro romance da trilogia original e relacionar os personagens da duologia ‘Six of Crows’. A narrativa se passa em uma terra devastada pela guerra chamada Ravka,  semelhante a Rússia do século 19, que está perpetuamente em conflito com seus reinos vizinhos Shu Han ao sul (semelhante à China) e Fjerda ao norte. Para lutar contra essas guerras sem fim, Ravka utiliza um exército com pessoas especiais, elas conseguem manipular os elementos da natureza e são chamados de Grishas. Esses exército especial (chamado também de Segundo Exército), é liderada por seu enigmático e obstinado General Aleksander Kirrigan / O Darkling (Ben Barnes), que tem a habilidade rara e mortal de convocar as trevas à vontade (se você acha que os sabres de luz são legais, você vai adorar o que Kirrigan faz com sua ‘lâmina das trevas’). No começo da produção, quiseram tirar o nome Darkling por algum motivo ainda não explicado, mas acabou ficando na série. 

LEIA TAMBÉM:  Disney+ chegará na América Latina em 2020, confira todas as novidades

Naquele mundo, e isso conta também com Ravka, as pessoas ‘normais’ não confiam nos Grishas. Principalmente porque existe um mar de trevas e monstros que eles chamam de “A Dobra” dividindo o país em duas partes. É por isso que quando Alina Starkov (Jessie Mei Li) descobre que ela é a profetizada ‘Invocadora do Sol’, uma grisha com a habilidade de invocar luz à vontade (e assim destruir a Dobra para sempre), ela não fica exatamente feliz com a virada da maré de sua vida. Tudo que ela mais queria era ficar com seu melhor amigo de infância, Mal Oretsev (Archie Renaux), um soldado de coração bom durante o dia e pugilista underground à noite. Mas Kirrigan ao descobrir sobre Alina, cria grandes planos para ela e o futuro do seu país.

Fazendo parte do também do núcleo principal da trama, existem Os Corvos, um trio criminoso encarregado de sequestrar Alina e levá-la para fora do palácio de Kirrigan. E alheios aos diversos acontecimentos ao redor do palácio de Os Alta, ainda conhecemos uma grisha chamada Nina (Danielle Galligan) e um caçador de bruxas Fjerdan chamado Matthias (Callahan Skogman) que estão se apaixonando, apesar de serem inimigos jurados….é trama por cima de trama, é plot por cima de plot.

Se tudo isso parece muita coisa para acompanhar, espere chegar até o episódio cinco. Eric Heisserer é um gênio dos plots e Sombra e Ossos foi incrivelmente dirigido. As mudanças frequentes no tom e na narrativa significam que todos esses episódios têm uma qualidade acima da média de qualquer série que você assistirá de fantasia nos últimos anos. Cada um tem sua parcela alocada de pathos, mistério, comédia e, sim, ação, seja mágica ou mais convencionalmente baseada em combate. Essa abordagem lenta, meticulosa e em múltiplas frentes para a construção desse mundo fantástico leva algum tempo para se aquecer, mas quando você chegar no quinto episódio… meu amigo, minha amiga..é coisa de gênio.

LEIA TAMBÉM:  Crítica | Euphoria, da HBO, traz Zendaya no papel mais dramático e polêmico de 2019

A maioria dos personagens apresentados são complexos e fascinantes. Kirrigan ou O Darkling é meu favorito, como o coração moralmente ambíguo da história;  Ben Barnes (Príncipe Caspian em Nárnia e Billy Russo/Retalho em O Justiceiro) tem um desempenho excepcional. O penúltimo episódio, onde vemos sua história de origem, é brilhantemente escrita e soberbamente atuada. Os três Corvos principais, Kaz (Freddy Carter), Inej (Amita Suman) e Jasper (Kit Young) são positivamente encantadores e compartilham uma grande química. Kit Young, que interpreta Jasper, rouba a cena para mim – um atirador jovem, esquisito e arrogante que consegue as melhores frases de efeito, a pior ética de trabalho e a maior diversão que qualquer personagem tem, facilmente.

Se a primeira temporada de Sombra e Ossos tem alguma fraqueza real, é a forma como Alina foi escrita. Ela é tecnicamente a protagonista, embora o tempo de tela tenha sido dividido uniformemente. A atuação sincera de Mei Li é prejudicada pela relutância da série em tirá-la do típico modo de heroína. Ela viu seus pais sendo engolfados pela Dobra, então por que ela não está mais animada com a perspectiva de destruí-la? Ela aprende a compreender a verdadeira extensão de seu poder, a possuí-lo, então por que ela ainda regrediu ao modo de uma colegial sempre que alguma questão séria surge? Essas são lacunas narrativas que a série irá, esperançosamente, resolver na próxima temporada.

Mas por enquanto, vale a pena demais, foram dois anos esperando e o resultado foi satisfatório.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.