Unindo o traço cartunesco que é a marca de sua criadora, Noelle Stevenson, excelentes personagens e uma trama que prende a atenção, Nimona é daqueles quadrinhos que encanta por sua leveza, até mesmo em seus momentos mais sombrios, que são vários, e pelo charme de seus personagens, fazendo com que o leitor devore as 256 páginas do encadernado brasileiro lançado pela Intrínseca.
Quase 4 anos desde que Nimona foi lançado pela Intrínseca no Brasil (setembro de 2016). Vou ser bem sincero ao me condenar por não ter tido contato logo com esse excelente quadrinho. O que torna mais imperdoável é que sou fã de Noelle Stevenson. Para quem quiser ouvir, eu sempre digo que Lumberjanes, escrita por Stevenson e Grace Ellis, com desenhos de Brooke Allen, é o quadrinho que vou colocar minha filha, caso tenha uma, para ler.
A admiração pelo trabalho de Stevenson só cresceu ao ver o excelente trabalho que fez na série She-Ra, da Netflix.
Então, ter ignorado Nimona por quase 4 anos foi um erro que reparei recentemente. E como eu me diverti lendo as aventuras dessa “vilã” desbocada, seu mentor Ballister Coração-Negro e o emplumado herói Ambrosius Ouropelvis.
E aqui já entra o que mais me chamou atenção em Nimona: a relação que vai amadurecendo entre os personagens e como isso vai transitando entre momentos de leveza e tensão durante toda a obra.
Sim, Ballister é um vilão, que, apesar da alcunha de perigoso, segue regras e métodos para evitar mortes. Quando conhecemos Nimona, a personagem surge para chacoalhar o mundo de Ballister, tornando-o mais perigoso, já que o faz não seguir mais tanto seus planos que, sejamos sinceros, nunca dão certo.
E a relação dos dois vai amadurecendo, quando conhecemos suas motivações, as do elenco de apoio e as regras desse universo que une tecnologia e magia, em um período de Idade Média.
E aqui cabe uma constatação em tempos do lançamento de The Last of Us 2. Vi muita familiaridade no relacionamento entre Joel e Ellie em Ballister e Nimona. Assim como vi muito, também, de Logan e X-23 ali. É interessante pensamos nisso, já que Nimona nasceu como uma web comic em 2012, e The Last of us é de 2013, assim como Logan é de 2017.
A conclusão que podemos chegar é que a relação entre pai e filha é cada vez mais levada ao centro das atenções por diversas faces da cultura pop, saindo de cena a figura do órfão que imperou até a pouco no imaginário nerd, como Superman, Batman e Homem-Aranha.
É isso que torna quadrinhos como Nimona tão ricos, essa crescente que é o relacionamento entre seus personagenns.
Há também algum debate sobre a sexualidade de Ballister e Ouropelvis. Que é tratada de forma, ás vezes, direta, mas, em outras, sugerida. Para os que não conhecem, Stevenson é uma defensora da causa LGBTQIA+, sendo casada com a cartunista Molly Ostertag.
Para aqueles que ainda não estão convencidos a ler Nimona, saibam que a obra ganhou um Eisner, o oscar dos quadrinhos, quando do lançamento de seu encadernado nos EUA. E saibam, também, que terão em mãos uma história cativante, divertida, simples, mesmo em seus momentos tensos, e que o fará conhecer o excelente trabalho de Noelle Stevenson.
Chega a dar empolgação saber que Nimona ganhará uma animação!
Nimona é uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão.
Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo.
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