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Resenha | Tex Edição de Ouro nº 97 (Editora Mythos)

Republicando a trama “A dama do Colorado”, esse volume de Tex Ouro se vale da arte soberba e cheia de estilo de Alfonso Font para suprir as deficiências nada negligenciáveis do roteiro assinado por Mauro Boselli.

A história abre com Kit Willer buscando abrigo na cidade fantasma de Yellow Sky, no Colorado, frente à tempestade que se avizinha. O jovem segue o rastro do bando de Deadman Dick, que vem promovendo uma onda de crimes violentos na região.

Embora vasculhe todo o lugar e não encontre ninguém, Kit sente a presença de mais alguém, visível apenas aos leitores, que flagram seus movimentos furtivos de modo a ocultar-se nas sombras: uma bela garota loira. Por algum motivo ela o teme e evita aparecer a qualquer custo.

Paralelamente, nos é apresentado o pastor Morrow, que chega do Leste em busca de sua irmã. Ela enviara uma carta justamente de Yellow Sky, e para lá ele pretende se dirigir atrás de informações ou algum sinal que tenha deixado, ainda que todos o alertem sobre o abandono em que a cidade se encontra.

Caindo ingenuamente na oferta de um desconhecido mal-intencionado que se dispõe a guiá-lo até lá, Morrow quase é morto, sendo salvo por Tex que aparece no último instante. O ranger fica a par de seu drama e promete ajudá-lo, enquanto parte ao encontro de Kit, que segue sua caçada aos facínoras.

Nesse meio tempo, Deadman Dick ataca outra vez, exterminando uma caravana de colonos e fazendo alguns jovens de refém. Tex e seu filho encontram os rastros do bando e acompanham seus movimentos, até adentrar o território dos Utes, indígenas com quem Deadman se alia, onde precisam provar seu valor e resgatar os inocentes, pondo fim às atividades criminosas dos patifes de uma vez por todas.

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O enredo apresenta elementos interessantes mas segue um ritmo um pouco preguiçoso e arrastado. A passagem de nossos heróis pelo território Ute se estende além do razoável, numa sequência de eventos que se concentram no resgate dos reféns e na fuga de Tex da aldeia, enquanto procura alcançar os bandidos.

Os momentos de anticlímax incomodam e as cenas explorando a diferença de modos e percepção da própria vida entre Tex e seu filho, nativos da realidade dura do Oeste, e o pastor Morrow, indivíduo urbano de alma piedosa, cansam um pouco a leitura. O fato do ranger mantém um civil despreparado a tiracolo em plena perseguição a bandidos capazes de tudo torna a história ainda mais forçada.

Os destaques ficam mesmo para relação de pai e filho, explorada de forma terna, com um Kit Willer reafirmando sua vocação para justiça e bastante feliz em disparar sua Winchester pra cima dos malfeitores que insistem em viver; e pros desenhos ricos em detalhes e carregados de nanquim de Font, verdadeiro mestre em expressões faciais e cenários fantasmagóricos, cobertos pela neblina.

Não demora ao leitor adivinhar a conclusão da trama e o mistério que cerca a irmã do pastor Morrow, mas acompanhar o acerto de contas final em Yellow Sky num traço tão fascinante acaba sendo prazeroso. O posfácio assinado por Júlio Schneider faz referências a outras histórias de Tex que abordam elementos sobrenaturais e explica em pormenores a produção da história, enriquecendo a leitura.

FICHA TÉCNICA:

  • Capa cartão, com 228 páginas;
  • Editora Mythos;
  • Lançamento em julho de 2018;
  • Preço de capa: R$ 24,90.
Parnaibano, leitor inveterado, mad fer it, bonelliano, cinéfilo amador. Contato: rafaelmachado@quintacapa.com.br