Não deixe de conferir nosso Podcast!

Cinema nacional ajuda na construção da história do país, mas vivemos seu pior momento

Apesar de ser o maior veículo de representatividade, combate à discriminação e fomento a cultura, o cinema nacional vem sofrendo seu pior momento da década

Cinema Nacional
Ator Edmilson Filho em cena de Cine Holliúdy 2 - A Chibata Cideral - Divulgação

Apesar de ser o maior veículo de representatividade, combate à discriminação e fomento a cultura, o cinema nacional vem sofrendo seu pior momento da década

 

Hoje, 19 de junho, é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. A data faz referência às primeiras imagens feitas no país por Alfonso Segreto (1875-1919) quando chegou ao Rio de Janeiro: “Uma vista da Baia de Guanabara” em 19 de junho de 1898.

O cinema é uma das mais importantes vertentes da cultura do país. Seu papel vai além do entretenimento e hoje é usado como ferramenta na luta por representatividade e no combate à discriminação. Além disso, é fundamental para a construção da história do país, por ensinar, evidenciar e mostrar o cotidiano do brasileiro nas telas. No cinema, toda cultura, gênero, etnia, orientação sexual, religião e outras vertentes humanas devem ter espaço e ser representadas com respeito.

“A arte é o mais significativo representante de um pais e de seu povo. Traduzo representatividade como a produção de conteúdo por todas as pessoas, independente de origem, cor, religião, classe social”, revela Douglas Machado, curador do Cinemas Teresina e diretor de cinema.

Os Cinemas Teresina, ao longo de anos, têm contribuído significativamente para divulgação e valorização do cinema nacional ao dar espaço para produções independentes de várias partes do Brasil. Filmes que abordam temas variados e bastante representativos do nosso país, têm espaço garantido no cinema.

“Isso se tornou nossa identidade, que é dar espaço para o cinema nacional das mais variadas produções e temas. Nós exibimos grandes blockbuster, mas também exibimos “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, “Temporada”, “Bacurau” e muitos outros. Nossa contribuição é abrir espaço e manter esse espaço para todas as produções dos mais variados temas e tipos de direcionamentos ao público”, explica Douglas.

LEIA TAMBÉM:  Crítica | Os Incríveis 2, Divertido, mas não excepcional

Para que essa valorização seja ainda mais eficiente, o curador ressalta que o público precisa contribuir frequentando o cinema e assistindo as produções nacionais, pois eles têm um papel importantíssimo e primordial nesse processo de dar mais espaço para os olhares de todo o país.

“O papel do público é frequentar o cinema e sobretudo assistir essas produções das mais diferentes regiões e representações. O público sempre pode creditar a força da cultura e representatividade quando ele frequenta e consome essas produções. A medida que ele vai para as Sessões com Debate, para Mostras e para ver esses filmes autorais, assinados com uma premissa cultural, ele sempre está participando e promovendo essa representatividade. Daí nossa preocupação de trazer filmes nacionais com temática da área política, cultural, questão de gênero, de raça e religião, para que o público possa estar presente e se sentir representado. E dentro disso não podemos esquecer da participação das produções do nosso estado, para o piauiense também se ver na tela”, finaliza.

O incentivo ao cinema nacional vive pior fase na década

O cinema brasileiro vive a sua pior fase de incentivos públicos federais na última década. Dados da Secretaria Especial de Cultura, que compila informações sobre a Lei Rouanet, apontam que, nos três primeiros meses de 2019, estatais federais repassaram um total de R$ 1,029 milhão em incentivos para projetos audiovisuais, por meio de mecanismos de renúncia fiscal.

Os incentivos da Lei Rouanet sempre foram um dos principais alvos de críticas de Bolsonaro, sob alegação de que favorecem apenas grandes artistas e eventos e de que não ajudaria a fomentar a arte no País.

Dez anos atrás, em 2009, os repasses totais da Lei Rouanet naquele ano chegaram a R$ 267,6 milhões, com uma fatia de R$ 34,2 milhões aplicados no setor audiovisual. De lá para cá, os incentivos só despencaram, chegando ao total de R$ 88 milhões no ano passado, com uma parcela de R$ 9,7 milhões ao audiovisual, conforme dados oficiais.

LEIA TAMBÉM:  Opinião | Fox faz parte da Disney agora, isso é bom ou ruim?

Incentivos ao audiovisual (em R$)
2009 – 34.249.220,13
2010 – 37.087.603,78
2011 – 35.756.624,43
2012 – 29.759.519,75
2013 – 35.574.808,65
2014 – 16.927.549,94
2015 – 18.551.955,11
2016 – 15.412.132,15
2017 – 13.174.795,22
2018 – 9.764.289,90
2019* – 1.029.697,77

Fonte: Secretaria da Cultura, Lei Rouanet, *1 de janeiro a 26 de março

A jornalista  Ivana Machado assina a primeira parte dessa postagem.

Saiba mais sobre cinema clicando aqui.

Editor de Contéudo deste site. Eu não sei muita coisa, mas gosto de tentar aprender para fazer o melhor.