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Raul – O ínicio, o fim e o meio na Netflix

Fuja do banal “toca Raul” é se aprofunde na biografia do "maluco beleza", permitindo-se descobrir que Raul Seixas foi mais genial do que parece. Assista agora, no Netflix.

Do documentário sobre o Raulzito, chamado de “RAUL – O INÍCIO, O FIM E O MEIO”, eu já tinha ouvido falar. É um filme de 2012 e que deu certo bafafá, primeiro porque era um documentário em longa-metragem sobre um grande nome da música brasileira e que foi distribuído em quase todo as capitais do país. Não lembro se chegou à Teresina, mas o fato é que eu não o tinha visto ainda.

O segundo motivo para o filme ter bombado na mídia, é que foi dirigido por um cineasta experiente e conhecido no cenário nacional: Walter Carvalho, profissional que já tinha grandes trabalhos no currículo, como a direção da elogiada cinebiografia do Cazuza (2004) ou a fotografia de outros bem-sucedidos longas, como Carandiru, Amarelo Manga, Abril Despedaçado, Lavoura Arcaica, Madame Satã, Central do Brasil, entre outros… Quer dizer, um talento inquestionável.

Lembro que na ocasião do lançamento do filme houve várias matérias em jornais apresentando fatos curiosos do longa, como as inúmeras parceiras que o astro teve ao longo da curta vida, os lugares onde compunha junto com amigos e, um dos fatos mais curiosos, a relação entre ele e o escritor Paulo Coelho (que é coautor de sucessos como Gita e Al Capone), lido em dezenas de países, em centenas de línguas, por milhares de fãs, ou seja, um imã importante para atrair atenção do público.

E o mais curioso, que ficou em minha memória sobre as matérias do longa, é a cena em que Paulo Coelho tenta fazer seu depoimento e uma mosca insistente fica o atrapalhando, depois pousa em seu ombro. Paulo Coelho ri, percebendo que era inevitável lembrar do parceiro, como que reencarnado naquela mosca a “zum-zum-zumbizar”.

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Vale muito à pena assistir ao longa de mais de duas horas e ver a transformação de Rauzito em Raul Seixas, que sempre foram o mesmo homem… ou não! Em certa cena do filme, entrevistados dizem que Raul incorporou o personagem “maluco beleza”, que era, em certa medida, teatral, e que ele não se permitia ser, para a maioria das pessoas, o cara carinhoso e comum que podia ter sido.

Ao longo do filme, podemos ver como seu alter ego é destruído pelas drogas que foram oferecidas, sem tardio arrependimento, pelo próprio Paulo Coelho e ficamos tristes ao descobrir que, na verdade, sua carreira fora muito curta (de 1968 a 1989, sendo que em 1968 ele ainda era “Raulzito e seus panteras”, só se transformando em Raul Seixas com o primeiro solo, de 1971) e que em seus últimos anos de vida passou por ostracismos longe de palcos e recusas de gravadores.

Era persona non grata e seu nome era maldito nos corredores da mídia, salvo daquele buraco ingrato pelo fã (ou seria oportunista? Mais uma dúvida para adquirir vendo ao filme) Marcelo Nova, roqueiro com quem gravou o derradeiro disco e fez os 50 últimos shows antes de pegar o trem das sete.

Para não dizer que tudo são flores, os primeiros 10 ou 20 minutos do filme podem chegar a ser até um pouco desconcertantes, onde temos amigos de infância do Raul encenando e lembrando dos primeiros dias do clube de fãs do Elvis, do qual Raulzito fez parte, mas é inegável que depois disso o filme deslancha e você fica surpreso com a quantidade de amores e traumas e recomeços pelos quais passou nosso mais querido carimbador maluco.

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Raul Seixas e sua fase “Raulzito Presley”.

O filme é uma boa oportunidade para fugir do banal “toca Raul” é se aprofundar na biografia desse cara, permitindo-se descobrir que ele foi mais genial do que parece, recebendo elogio de pessoas como Caetano Veloso, Nelson Mota, Tom Zé, entre outros… tá! Ok! Tem elogio até do Pedro Bial, com direito a ele cantando e tudo, mas isso não desmerece o longa.

Veja agora e corrija essa sua lacuna na história do rock brasileiro e depois vá escutar “A Maçã”, “Sessão das 10” e “Canto para minha morte”, grandes hinos do nosso eterno rei.

Documentário aborda conturbada relação entre Raul e Paulo Coelho e mostra a única vez em que estiveram no palco e cantaram juntos.
Sou desenhista, criador do Máscara de Ferro e autor do quadrinhos Foices & Facões. Sou formado em história e gerente da livraria Quinta Capa Quadrinhos