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Resenha: Eu sou Gotham (Universo DC Renascimento: Batman 1 – 4)

Com quase 01 ano de lançamento nas bancas brasileiras, a empreitada DC Renascimento tem se mostrado bem superior em qualidade ao material que saiu na fase DC YOU, empreitada anterior da DC Comics que transformou o Comissário Gordon em Batman, usando uma armadura, fez com que o Superman perdesse os poderes e tivesse sua identidade revelada, além de outros rumos questionáveis com diversos personagens.
O rumo da fase Renascimento é: a partir do básico vamos construindo as histórias com nossos personagens, agradando leitores antigos e os novos que estejam chegando. Infelizmente, devido a ausência de controle e contagem de vendas de títulos em bancas e livrarias, não podemos saber se o DC Renascimento trouxe novos leitores brasileiros para Batman, Superman e Cia.

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Propriedade DC Comics. Arte de Mikel Janin

Porém, é inegável que os títulos dos personagens foram debatidos em diversos sites especializados, fóruns de dicussão e no dia a dia dos fãs. E um dos títulos mais comentados do Renascimento DC, sem dúvida, é BATMAN, escrito por Tom King, ilustrado por Mikel Janin e David Finch. Dessa forma, se torna quase uma obrigação analisar os arcos que a equipe criativa vem desenvolvendo no título mensal do personagem, em especial, EU SOU GOTHAM, arco inicial e que ditará o rumo das histórias a seguir.
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Propriedade DC Comics. Arte de Mikel Janin

A primeira edição brasileira do novo título BATMAN, lançada em abril de 2017, conta com os títulos Batman: Rebirth 01 (por Snyder, King e Janin) e Batman 01 (por King e Finch), e, definitivamente, é o ponto alto de EU SOU GOTHAM.
Interessante notar que Batman: Rebirth 01 é uma edição de passagem de bastão, já que é escrita por Scott Snyder, autor que passou anos desenvolvendo o Batman, e Tom King. Nela, o homem morcego precisa deter o vilão Calendário, que tem aqui uma nova interpretação sobre seus poderes, bem diferente do que foi feito em obras como O LONGO DIA DAS BRUXAS. Na edição, vemos a chegada de Duke Thomas, um novo aliado do Batman, e sabemos que Bruce Wayne, após ter seu corpo curado de todos os ferimentos que os anos na luta contra o crime causou, adota uma tendência quase suicida para testar sua aptidão física restaurada.
Porém, o ponto de partida da nova abordagem com o Batman é sua edição 01 americana, que é a parte final da edição 01 brasileira do título.
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Propriedade DC Comics. Arte de David Finch.

Nela, vemos o Cavaleiro das Trevas em meio a uma tragédia envolvendo um avião com passageiros. Impossibilitado de chamar outros heróis que facilmente deteriam a queda do avião, Batman, dotado apenas de seu raciocino e da sua equipe de apoio, formada por Duke Thomas e o mordomo Alfred, tem que impedir que a aeronave caia e cause inúmeras mortes.
É uma edição rápida, mas que diz muito sobre a abordagem de King. Temos um Alfred mais cínico, porém, afetuoso com seu pupilo Bruce Wayne, temos o Batman abrindo mão de sua vida para salvar a cidade que jurou defender e temos desenhos extremamente competentes de David Finch. O desenhista faz um trabalho muito superior ao que vinha fazendo desde que mudou da Marvel Comics para a DC Comics.
O fim dessa tocante e eletrizante história dá o ponta pé inicial do arco EU SOU GOTHAM.
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Propriedade da DC Comics. Arte de David Finch.

Cabe comentar um fator muito importante para a forma como o leitor julgará esse arco. Quando do seu lançamento, as notas de avaliações foram estrondosas, causando uma ansiedade enorme aos leitores brasileiros que queriam ler a fase Renascimento do personagem. Essa ansiedade pode gerar um banho de água fria em todos. EU SOU GOTHAM, ou seja, a abordagem de Tom King, não é um trabalho que imediatamente virará um novo CAVALEIRO DAS TREVAS, de Frank Miller. O arco é apenas um bom conto que servirá como base para o trabalho que o escritor pretende com o Homem Morcego.
Afinal, mesmo com alguns acontecimentos de descrença absoluta nas habilidades do Batman (como derrotar um vilão super forte com um golpe de judô, seguido de um pisão no pescoço do mesmo, ou até o carro de Bruce Wayne virar uma batmoto), King vai plantando sementes do que irá trabalho no futuro e com quem fará isso.
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Propriedade DC Comics. Arte de David Finch.

O enredo de EU SOU GOTHAM não se preocupa em ser rápido demais (vide a virada de trama quando a tragédia recai sobre Gotham e Gotham Girl, dois seres superpoderosos que querem proteger a cidade juntos do seu ídolo Batman) e muito menos se torna piegas ao tentar abordar um ritmo mais lento, sendo o maior exemplo a narrativa de quando é contado as motivações de Gotham e Gotham Girl na edição 02 brasileira.
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Propriedade da DC Comics. Arte de David Finch.

O único ponto realmente frustrante são os momentos onde é citada a próxima saga do universo do Homem Morcego, A NOITE DOS HOMENS-MONSTROS. Essa saga, que seria lançada pós EU SOU GOTHAM, tem a qualidade muito abaixo da média de histórias do Batman, e, infelizmente, os seus elementos começam em EU SOU GOTHAM, principalmente, o envolvimento do vilão Hugo Strange.
O epílogo da história ainda conta com arte do brasileiro Ivan Reis, que imprime drama e momentos de ação em seu traço para lidar com o destino dos heróis Gotham e Gotham Girl.
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Propriedade DC Comics. Arte de Ivan Reis.

Mesmo não sendo um clássico instantâneo, como as notas da crítica especializada em quadrinhos faziam parecer, EU SOU GOTHAM é um excelente ponto de partida para leitores que querem acompanhar o que promete ser uma boa fase de histórias do Batman, pois, mesmo não reinventando a roda que faz girar os arcos dos personagens de quadrinhos, Tom King, Mikel Janin e David Finch mostram que são autores gabaritados para fornecer excelentes narrativas com o Cavaleiro das Trevas.

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Thiago de Carvalho Ribeiro. Apaixonado e colecionador de quadrinhos desde 1998. Do mangá, passando pelos comics, indo para o fumetti, se for histórias em quadrinhos boas, tem que serem lidas e debatidas.