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Game of Thrones | The Long Night, Resenha

Ayra Stark (Maise Williams) na Batalha de Winterfell (HBO)

Game of Thrones nos prometeu algo sem precedentes para o terceiro episódio da 8ª temporada, e foi entregue, mas de uma maneira que nunca poderíamos esperar ou ao menos enxergar.

Essa resenha tem spoiler para todos os lados que você ler.

É impossível não se sentir desapontado, dado o hype para este episódio em todas as esferas sociais, só tivemos sete mortes notáveis (e vamos encarar isso com dignidade que, apesar da nobre morte de Jorah proteger sua Khaleesi até o final, ele, Beric e Edd poderiam ter morridos com mais graciosidade pela importância que cada um desempenhou por todos esses anos). Theon e Melisandre também serviram seus propósitos narrativos de uma maneira que eu não fiquei surpreso (ou particularmente devastado) em vê-los partir, e embora a morte de Lyanna tenha sido muito impactante e tão poderoso – que atriz com futuro promissor, essa Bella Ramsey – era sabido pelos showrunners que ela foi originalmente projetada para ser um personagem de uma cena, então obviamente isso não afeta o desfecho final da série.

Não que eu quisesse perder qualquer personagem querido, é claro – mas o fato de o episódio ter poupado todo o elenco principal prejudicou o impacto emocional da batalha. Houve momentos em que Brienne, Jaime, Sam, Tyrion e Sansa, em particular, estavam completamente cercados e invadidos, e ainda assim a armadura da trama ficou muito grossa para penetrar e alguém sair realmente com feridas mortais. Isso não significa que alguns deles não morrerão nos três episódios finais, é claro, mas para um confronto tão fortemente previsto e muito atrasado quanto a luta final com o Rei da Noite, o episódio teve ecos do episódio “Beyond the Wall” da sétima temporada. Onde os personagens tomavam decisões questionáveis porque o enredo ditava isso, e ainda assim conseguiam sobreviver, apesar das probabilidades.

Se pegarmos o episódio em termos de escala, “The Long Night” ofuscou facilmente a ambição e a tensão de “Battle of the Bastards” e “Hardhome”, que também foram dirigidas por Miguel Sapochnik. Se eu estivesse realmente medindo o episódio apenas com base na dificuldade técnica, seria um 10 fácil.

“The Long Night” é uma conquista tão espetacular para o entretenimento – certamente coloca muitas das batalhas culminantes do universo de filmes da Marvel e DC em vergonha e, graças à sua intensidade, só não pode ser respeitado como algo parecido com o que aconteceu no Abismo de Helm em Senhor dos Anéis: As Duas Torres – mas eu tive que avaliar e escrever a coisa baseada nos pontos da trama. Que por sinal, ficaram dúbias.

Para onde Bran foi depois que ele mandou os corvos espionar o Rei da Noite? Não vemos ele tentando observar o progresso do vilão em todo o episódio, e ainda assim ele ficou com olhos virados durante a maior parte da luta final de Theon. Porque ele não advertiu o irmão sobre que o Rei da Noite estava fazendo ou para o coitado do Theon? Por que Jon e Dany ficaram voando por tanto tempo feito dois cegos antes de entrarem de vez na batalha, quando seus dragões poderiam facilmente defender as ameias quando os zumbis começassem a invadir as muralhas? De quem foi a ideia de fazer os Dothraki uma ponta de lança para atacar um exército de mortos-vivos (especialmente quando não conseguíamos nem vê-los)? Como Arya passou por todos aqueles Morto-Vivos e Caminhantes Brancos e matar o Rei da Noite? E por que estava tão escuro?

Bran Stark fazendo que sabe mais, nada. (HBO)

 

Estas perguntas não são uma quebra de contrato que minam completamente a lógica da série da maneira que “Beyond the Wall” fez, mas para um episódio tão meticulosamente trabalhado, são distrações frustrantes projetadas para aumentar a tensão (ou salvar o orçamento para os efeitos visuais) para o público sem fazer muito sentido dentro da batalha – e isso é especialmente verdadeiro dado pequeno número de corpos entre os nossos protagonistas. No passado, George R.R. Martin não tinha medo de matar seus favoritos, e isso dava valor a Canção de Gelo e Fogo e alguma imprevisibilidade, mas enquanto “The Long Night” flertava com aquela sensação de Perigo várias vezes, simplesmente morreu antes de entregar o golpe mortal que era necessário. Uma decepção.

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Se eu for basear “The Long Night” com a Battle of the Bastards”, o episódio capturou a desorientação frenética de uma zona de guerra melhor do que qualquer outra coisa na televisão, enquanto também mudava o tom e o ímpeto para manter os espectadores na ponta dos pés. Os Caminhantes Brancos podem não ter dado a ação que estávamos esperando, mas o ataque implacável das criaturas foi realmente aterrorizante, ilustrando a escala de sua ameaça de uma maneira que no espisódio “Hardhome” apenas sugeriu. A angustiante tentativa de Arya de passar pela biblioteca infestada de criaturas parecia algo saído de um filme de terror ou temporadas anteriores de The Walking Dead (quando a séria ainda sabia fazer cenas com bastante tensão) – e o silêncio da cena só aumentava o medo, tanto que eu estava prendendo a respiração junto com Arya enquanto ela tentava escapar despercebida. Há algo especialmente pungente na noção de que o lar ancestral dos Starks – os salões sagrados onde Jon, Arya, Sansa, Bran e Theon cresceram – tornou-se um local de terror e destruição; um aceno sutil para a inocência que eles perderam ao longo da série.

E ao utilizar um tempo maior no episódio, criando alguns núcleos, cortes interessantes e pela primeira vez o terror com uma visão panorâmica da luta, Sapochnik, o diretor, mais uma vez nos colocou no nosso devido lugar durante as cenas corpo a corpo que, foram magistralmente retratando a claustrofobia, o caos e a carnificina de uma maneira que não será facilmente esquecida. Eu preciso falar de coisas boas também. E as cenas são incríveis.

Aconteceu cenas engenhosas e indeléveis que permanecerão como algumas das mais icônicas da série quando tudo estiver dito e feito: do feitiço espetacular de Melisandre para acender os arakhs do Dothraki antes da batalha (e a cena assombrosa desses pontos de luz diminuindo no horizonte enquanto eles alcançavam os morto-vivos) até a poética “dança dos dragões” entre Drogon, Rhaegal e Viserion enquanto lutavam brutalmente nos céus acima de Winterfell.

Drogon descendo fogo nos Mortos Vivos (HBO)

Os momentos mais sutis de alguns personagens deram ainda mais peso às cenas de ação brutais: o momento terno de Tyrion e Sansa nas criptas; O ataque de pânico literal do Cão (seguido por sua decisão de proteger Arya independentemente de seu próprio medo); A obstinada determinação de Beric em segurar os zumbis para dar a ambos uma chance de escapar, considerando o quanto o relacionamento entre os três costumava ser contencioso; Jaime e Brienne lutando através de hordas de guerreiros para se defenderem; Daenerys pegando uma espada provavelmente pela primeira vez em sua vida para ajudar Jorah; e Theon condenado a atacar o Rei da Noite só para dar a Bran mais alguns segundos. Estes são personagens que já enfrentaram dificuldades intransponíveis, e de fato, que estiveram em lados opostos da guerra em um passado não muito distante, e ainda assim nós os vimos unidos em uma batalha não apenas pelo destino de Winterfell, mas toda Westeros.

Melisandre já sabia que Arya mataria o Rei da Noite? De acordo com cenas de temporadas anteriores, sim! (HBO)

Eu não consigo pensar em um momento mais épico que agradou a multidão de telespectadores da história da série do que Arya matando o Rei da Noite. Certamente há mortes com mais impacto emocional e enredo, como Joffrey, Ramsay e Walder Frey, mas honestamente, esse episódio só não foi um problema por dar a Arya uma cena perfeita e que nunca devemos esquecer como ela é uma assassina sem defeitos – por um momento parecia que o Rei da Noite quebraria o pescoço dela como um galho, não foi?

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Esperei com diversos fãs pelo mundo – pelo menos desde Hardhome – que o confronto final seria entre Jon e o Rei da Noite, mas foi uma deliciosa subversão para Jon fazer um último esforço heroico contra o vilão, apenas para o Rei da Noite virar as costas para ele como um insignificante mosquito que não valeria a pena reconhecer, deixando uma horda reanimada para fazer seu trabalho sujo. Ele foi humilhado e precisamos concordar sobre isso.

Rei da Noite encontrou seu fim numa adaga de Aço Valiriano (HBO)

O fato de que Arya matou o Rei da Noite com um movimento que ela também desferiu contra Brienne em sua cena de treino na 7ª temporada foi um grande plot, junto com o fato de que ela salvou Bran usando o punhal de Aço Valiriano que quase o matou e praticamente começou todo o conflito central de Game of Thrones, quando Mindinho tentou culpar os Lannister na tentativa de assassinato de Bran na 1ª temporada. É um culminar dos anos de treinamento e trauma de Arya – que apesar dela não ter conseguido salvar seu pai de Joffrey, ou sua mãe e irmão dos Freys, ou o filho do açougueiro do Cão de Caça, ela poderia pelo menos proteger Bran quando ele mais precisava. Se você pensar na cena de Ned Stark vendo Arya treinar com o Syrio Forel na primeira temporada, ele talvez tenha previsto esse destino perturbador para sua filha – mas, pelo menos, agora sabemos que havia um propósito para tudo isso, apesar da dor.

Parece meio ridículo e impossível pensar que depois de anos prenunciando a ameaça dos Caminhantes Brancos – desde o primeiro lançamento da série – eles foram praticamente despachados em um episódio, sem que nós aprendêssemos nada sobre as motivações do Rei da Noite ou sobre a mitologia dos Caminhantes Brancos além do que foi revelado pelas Crianças da Floresta há temporadas atrás. Não foi fácil, por qualquer meio, mas também não foi um golpe tão duro como deveria ser, e certamente nos deixa questionando todas as teorias que foram por água abaixo que a série nos fez escrever e debater por anos. Nada é perfeito, infelizmente.

Talvez seja por isso que, por baixo de todos os momentos épicos e efeitos especiais inegavelmente impressionantes, o episódio pareça um pouco anticlímax. (A não ser, é claro, que a série esteja prestes a revelar alguma ameaça sobrenatural maior e mais antiga por trás de tudo – mas isso pareceria uma desculpa de roteirista depois de ver todo o Exército dos Mortos se desintegrar como poeira igual ao final de Guerra Infinita).

De muitas maneiras, é apropriado que a batalha final pelo futuro dos Sete Reinos seja revelada para os humanos e suas escolhas – Jon, Daenerys e Cersei e o quanto estão dispostos a ir por poder. Mas depois da escala épica deste episódio e das muitas batalhas que aconteceram antes, o final de Game of Thrones ainda será capaz de nos chocar com um clímax?

Veredito

Em termos de puro espetáculo, nenhum outro episódio de Game of Thrones rivaliza em escala ou ambição que “The Long Night”, com Miguel Sapochnik habilmente equilibrando os muitos tópicos do enredo de cada personagem enquanto constrói uma sensação tangível de pavor. Ainda assim, para um confronto tão esperado com o Rei da Noite, o episódio 3 pareceu que poderia ser melhor e coisas que nunca será explicado da longa história dos Caminhantes Brancos, especialmente depois que tantos personagens-chave sobreviveram. Estamos aliviados que alguns não tenha morrido, mas mais algumas baixas teriam tornado a vitória ainda mais doce. E ficará no ar uma pergunta, essa briga dos tronos realmente importa agora?

Brienne e Jaime conseguiram sobreviver, mas o que o futuro reserva para os dois?

 

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