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RPG|Conhecendo o Cenário: Greyhawk

O cenário de Greyhawk definitivamente merece mais amor no Brasil.

Mas antes precisamos deixar algo claro: Greyhawk não foi o primeiro mundo de RPG como se gosta de dizer. Em realidade, apesar das regras de Dungeons & Dragons ainda não existirem de maneira completa, este título vai para Blackmoor conceito criado por Dave Arneson, co-criador conceitual do D&D.

Eu comecei o texto com uma afirmação polêmica só pra chamar sua atenção. Mas em termos de lançamento “oficial”, o suplemento de Greyhawk foi o primeiro e Blackmoor o segundo.

Apesar disso, certamente Greyhawk foi o mundo que definiu como os próximos cenários de Dungeons & Dragons seriam tratados e criados pelos vários anos posteriores. E por isso, acredito que um texto sobre Oerth é o mínimo que eu poderia fazer nesta coluna sobre Cenários de RPG.

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Origens

O mundo de Greyhawk nada mais é do que o mundo criado por Gary Gygax em seu jogo pessoal enquanto desenvolvia os esboços para regras de Dungeons & Dragons. Primeiramente, o mundo não era um mundo propriamente dito, mas sim um conceito: Abaixo do Castelo Greyhawk, uma masmorra de vários níveis era explorada pelos amigos próximos de Gary.

Muitas regras foram desenvolvidas dentro deste pequeno cenário caseiro, e muitas magias também. Caso você olhe o capítulo de Magias e observe feitiços como Melf’s Acid Arrow; Mordekainen’s Magnificent Mansion; Tenser’s Floating Disk ou Leomund’s Tiny Hut, você estará observando o resultado das várias partidas dos amigos de Gygax. Estes são os nomes dos personagens criados que ajudaram a desenvolver estas magias.

Estes nomes no Livro do Jogador, e citações sobre elementos das masmorras de Greyhawk foram o suficiente para que vários jogadores questionassem sobre este mundo. Pequenos encartes para a primeira versão do jogo foram publicados, da época que o D&D era uma variante de Wargames. Mas eram apenas conjuntos de regras para universos de fantasia falando pouco sobre o universo em si.

Originalmente, Gary não planejava lançar nada oficial sobre este cenário pois acreditava que os Mestres certamente iriam preferir criar seus próprios mundos ao invés de ver os de outras pessoas. Certamente foi uma surpresa quando descobriu que vários jogadores gostariam de explorar este mundo criado em seu porão.

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Com isso, ele expandiu e modificou o pequeno conceito de Greyhawk. Originalmente, o mapa do cenário era exatamente igual o da Terra, só que com nomes diferentes para as cidades. Ele desenvolveu mais do cenário e geografia, ficando tão satisfeito com o resultado final que imediatamente passou a aplicar seu novo cenário na mesa que o criou.

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Mordenkainen, o personagem de Gygax

O que faz de Greyhawk único?

Este é um tópico engraçado. Apesar de Greyhawk ser considerado o universo “padrão” de Dungeons & Dragons até a 4ª edição, existem certos elementos que valem a pena serem mencionados:

Oerth é o nome do planeta em que o cenário existe. “Como se pronuncia isso?” eu prevejo você perguntando. Nas palavras do homem em pessoa: “Fale Oi-th, como se você viesse do Brooklin. É assim que eu chamo. Isso tende a irritar as pessoas que levam um mundo de fantasia muito a sério”. Vários nomes de cidades nasceram com um espírito parecido.

Por exemplo, Perrenland foi batizada por causa de Jeff Perren, um amigo de trabalho de Gygax. Urnst e Sunndy também foram batizadas de maneira homófona ao nome de seus filhos: Ernest e Cindy. Todo o cenário é recheado destes jogos e palavras que nos lembram que esta é uma criação caseira. Que o objetivo disso tudo é a diversão das pessoas.

O clima de Greyhawk de uma forma geral lembra mais os contos de espada e feitiçaria mais clássicos. Tem elementos como a Guerra de Sangue entre os diabos e os demônios como algo mais importante. Reinos tirânicos e isolacionistas também são um grande problema neste mundo. Muito da parte descritiva do Core de D&D é derivado deste cenário, além de ser lar da origem de Vecna.

Vecna é definitivamente uma das melhores coisas que saíram de Greyhawk. Um mago poderoso que se tornou um Lich e ascendeu à divindade, chegando a passar por diversos cenários, inclusive chegando até seu próprio domínio do medo. VECNA IS THE SHIT!

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Algo interessante também é que ele não avança o tempo. Apesar de haver uma série de acontecimentos históricos que levam o cenário a ser um lugar perigoso e que precisa de aventureiros, por definição, todas as campanhas começam mais ou menos “ao mesmo tempo”. Isso acontece porque Gary acreditava que as várias campanhas dos jogadores poderiam levar a lugares e resultados diferentes.

Se você quiser jogar em Greyhawk, a regra é: Se divirta. Crie coisas no cenário com piadas internas do seu grupo de amigos. Faça de Oerth do seu grupo, pois certamente é assim que Gygax gostaria que fosse.

Quando eu criei esta sessão de “O que torna este cenário único?” a minha ideia era explorar as peculiaridades de cada cenário existente, pois quando se olha de cima muitos parecem genéricos ou “iguais” um ao outro. Mas neste caso, Greyhawk é a medida o qual se compara os outros mundos. Existe muito que eu posso dizer sobre o mundo de Oerth, mas nada seria tão completo quanto esse site aqui.

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Considerações finais

Ironicamente, a quinta edição parece tratar Forgotten Realms de Ed Greenwood como seu cenário padrão. Por isso, muito do material originalmente produzido para se passar em Oerth agora sofreu retcon para se passar em Faerun (Como é o destino final de todas as coisas) no livro “Tales from the Yawning Portal” (como a aventura White Plume Mountain) e há também uma adaptação da tumba dos horrores pela campanha “Tomb of Annihilation“. Outras, com temas navais, foram adaptadas no livro “Ghosts of Saltmarsh“.

Mas se você quiser a experiência, o Old Dragon já chegou a adaptar várias das aventuras clássicas para seu sistema mais escolavéia. Recomendo pelo o menos dar uma olhada nisso.

E você? Tem alguma lembrança legal de um mundo criado inteiramente por você?
Ou alguma adição particular que o seu grupo fez ao mundo? Comente! 🙂

Cortador de cana na empresa Quinta Capa